quarta-feira, dezembro 25, 2024
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Japão: Museu e Memorial da Paz de Hiroshima


Chegando a Hiroshima, nos hospedamos no Toyoko Inn próximo a estação principal da cidade. No dia seguinte, deixamos as malas no Coin locker da estação e pegamos um Higaren Streetcar para o Memorial da Paz de Hiroshima.


Era um dia ensolarado, e Hiroshima por estar mais próximo de Tokyo, já tinha condições climáticas bem diferentes das de Beppu e Nagasaki.

Descendo no Memorial da Paz de Hiroshima, vimos diversos monumentos construídos em memória da bomba atômica. Um dos que me chamou mais atenção foi construído para garota Sadako Sasaki que lutou contra a doença causada pela bomba, fazendo mil tsurus (origami) para que realizasse o seu pedido.


A Cúpula de Genbaku, ou propriamente o Memorial da Paz de Hiroshima é algo que impressiona. Sempre visto em livros, a sensação de ver ao vivo é como assistir a história sendo escrita na sua frente. Este é o único imóvel de pé próximo ao hipocentro, e foi deixado exatamente como ficou depois da bomba. Vale mencionar uma pequena curiosidade, que talvez vá estragar quem deseja ir lá um dia. A Cúpula é sustentada por varias vigas de metal dentro da estrutura original, sendo visíveis mesmo do lado externo do muro que separa o lugar da praça, assim sendo a explicação lógica para o lugar nunca ter desabado depois de tantos anos.

Saindo da Cúpula, fomos pra praça, aonde encontramos duas universitárias que tentaram conversar em inglês comigo e o Renato. Elas queriam que preenchêssemos um questionário em inglês, sobre o que achamos da cidade e o que nós estrangeiros, temos interesse ao visitar a cidade. Elas foram muito simpáticas e queriam fazer uma saudação em português, porém não imaginavam que eu e o Renato sabíamos conversar em japonês, e ficaram surpresas quando explicamos em japonês o que elas queriam falar em português. Rimos, posamos em algumas fotos, e foi uma recepção bem calorosa da cidade para a gente.


De lá, fomos para o Museu do Memorial da Paz de Hiroshima. O museu fica em dois prédios construídos interligados por uma ponte que reproduz a cidade exatamente como ela ficou após a bomba ter atingido a cidade.


Na entrada do museu, temos a opção de alugar um portátil com fones de ouvido com suporte a diversos idiomas, inclusive o Português do Brasil. É uma grande honra, ver que o museu oferece não só suporte com fones de ouvido, como todos os computadores por todo museu também oferecem suporte ao nosso idioma. Assim,visitar o museu de Hiroshima é ainda mais emocionante.


Diferente do museu de Nagasaki, aqui é permitido tirar fotos do interior do museu. Eles não só querem que sintam o que aconteceu com a cidade, como também devemos levar essa mensagem para outras pessoas. E é justamente isso que eu, como muitos, fazem ao visitar o museu.


O museu segue uma estrutura mais tradicional, tendo enormes murais com fotos da devastação da cidade, além de pessoas doentes pela bomba. Conhecemos a história de diversas pessoas que morreram nesse dia fatídico.


Somos apresentados a duas maquetes da cidade, uma antes de ser atingida pela bomba e outra logo depois de ter sido atingida. Surpreende o poder de destruição ao analisar e comparar as duas maquetes.



O que impressiona foi um triciclo enferrujado e sua história. A história de um garoto morto pela bomba, o triciclo era a única paixão do garoto, e está foi enterrada no jardim da casa da família, a fim de ser a ultima lembrança viva dele. Uns bons anos depois, o brinquedo foi desenterrado, e doado ao museu, sendo uma história que deveria ser passada pra outras pessoas, de amor de um pai por seu filho e como ele tentou superar a dor, tentando o esquecer ao enterrar aquele brinquedo em sua casa.


Acreditem, muitas histórias tristes são contadas aqui. Algumas chegam arrepiar, como pais que guardavam cabelo de seus filhos, encontrados em cadáveres, ou pior, os fios de cabelo caiam de filhos atingidos pela bomba. Estes tinham efeitos colaterais, como manchas, e perda de cabelo, morrendo de forma inesperada e gradativa.


Uma dessas histórias é a da garota de mil tsurus, a Sadako Sasaki que inspira pessoas até hoje, a ter pedidos impossíveis. Recentemente, uma novela japonesa fez uma referência de grande importância nessa história. O filipino Bito, interpretado por Matsumoto Jun, na produção Smile, estava preso após assassinar um antigo amigo que voltou para atazanar sua vida. Nos capítulos finais, o personagem é condenado a morte, e a série pula 6 anos, onde Bito aceita sua morte, e ao mesmo tempo faz mil tsurus para mandar para sua amada. Sorte do destino ou não, no milésimo tsuru, Bito às vésperas do corredor da morte é salvo, com novas provas e um novo julgamento mais justo. Hoje, o mundo inteiro manda tsurus pra Hiroshima, em homenagem a Sadako, mas também, para conseguir a realização de pedidos impossíveis.


A Estátua das Crianças da Bomba Atômica não foi só uma homenagem a Sadako, mas todas as crianças que morreram por causa daquele crime. Quando Sadako faleceu, ela ainda não tinha concluído os mil tsurus, mas seus amigos decidiram lutar com ela e terminaram os mil tsurus para seu enterro. Além disso, todos eles se juntaram e pediram ajuda de outras escolas da região, para juntar dinheiro e construírem esse monumento. O resultado é a Estátua das Crianças da Bomba Atômica, sendo um monumento lindíssimo, aonde são deixados tsurus do mundo inteiro. Conhecemos a história de Sadako não só no museu, mas no próprio monumento construído perto do Hipocentro, sendo uma lição de moral e um exemplo a ser seguido.


Voltando ao museu, a ponte entre os dois prédios, nos surpreende, com um cenário de caos e diversos bonecos deformados, como se estivessem pegando fogo, simbolizando as pessoas daquele dia. Reconhecemos pedaços da cidade, reproduzidas no museu em chamas, dando certa agonia passar por ali.


Uma das coisas que mais impressiona é uma parede com cartas importantes protestando o uso da bomba atômica. Para se ter uma noção, tem uma carta do Albert Einstein protestando o uso da bomba, mesmo que ele tenha sido um dos criadores indiretamente com o projeto Manhattan.

Somos apresentados a bomba Little Boy, lançada em Hiroshima. Lembrando que a bomba lançada em Nagasaki se chama Fat Man. Nessa época, na segunda guerra mundial, Kyoto chegou a ser considerada uma das cidades alvos das bombas desenvolvidas pelos americanos. Para se ter uma idéia, o plano era 4 cidades, sendo 8 cidades sondadas pra ser alvo delas. Tóquio era uma das cidades que inicialmente seria bombardeada com a bomba atômica, porém no fim restaram apenas Kyoto, Hiroshima e Nagasaki.

Devemos agradecer que Kyoto não foi atingido pela bomba, já que seria um dano irreversível para a história do Japão. Antiga capital do império, Kyoto tem mais de 3 mil anos pra contar, com seus templos e arquitetura.

No fim, temos acesso a itens utilizados na época, como dinheiro, garrafas, bentos entre outros itens pessoais. Temos acesso uma série de mini documentários legendados em inglês sobre os efeitos da bomba.

Na saída, tem algumas lojinhas para comprar itens que nos lembre da cidade.
De lá, voltamos para o parque memorial da paz, aonde fomos à Chama da Paz, que ficara acessa até o dia que não existir mais bombas atômicas no planeta.
Também próximo do museu, encontramos o Sino da Paz, aonde é comemorando todos os anos, pelo prefeito da cidade, a homenagem há esse dia fatídico.

Ali também tem as Portas da Paz, que são cinco portas escritas a palavra paz em diversos idiomas.

É um passeio obrigatório para quem visita o Japão pela primeira vez, sendo belíssimo e esclarecedor, sobre fatos de uma guerra que não é lá bem aprofundada pelos livros de história.

Próximo post é sobre perder o passaporte no Japão e também indo sair pra jantar com uma jovem japonesa que aprendeu português e já fez intercâmbio no Brasil. Até lá.

Giuliano Peccilli
Giuliano Peccillihttp://www.jwave.com.br
Editor do JWave, Podcaster e Gamer nas horas vagas. Também trabalhou na Anime Do, Anime Pró, Neo Tokyo e Nintendo World.

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