O Jantar
Encontramos uma amiga do Renato que fez intercâmbio na Usp, aprendendo português no Brasil. Infelizmente não posso falar o nome dela, porque dias depois desse jantar, ela mandou uma mensagem ao Renato comentando que ela estava sendo seguida por um Stalker, assim não postasse foto dela, como não escrevesse o nome dela no meu blog.
Engraçado que os japoneses marcam um compromisso e chegam antes do horário. Quando você chega em ponto, na realidade você já esta atrasado e foi bem isso que aconteceu, quando chegamos em ponto na estação principal, na frente de uma fonte que ela estava.
Prestem atenção que tem um restaurante com o nome “Bom Dia” na foto das promoções dos restaurantes.
Fomos num bar perto dali, e foi engraçado, porque conversamos, rimos, e fizemos coisas de brasileiros, sendo que isso chamava atenção no local. Pedimos muitos pratos que nem sabia o que era, mas ia que ia. Tudo bem que no final, a conta deu perto de uns 8 mil ienes, sendo 2.350 ienes pra cada um. (uma facada)
Foi uma noite muito legal, que gostaria de repetir quando voltar ao Japão.
Detalhe importante que saindo do bar, eu e o Renato fomos para um konbini comprar lanche da madrugada. Eu comprei um onigiri gigante junto de uma fanta melon, já que o bar tem porções pequenas que mesmo sendo caras, não alimenta ninguém.
Perdendo o passaporte
Essa história é bem embaraçosa pra contar, mas me falaram que era fundamental comentar ela aqui no J-Wave, então ela vai se tornar parte oficial da viagem ao Japão.
Primeiro, voltaremos no tempo, no dia que eu vim de Nagasaki para Hiroshima, pois bem, chegando ao hotel de Hiroshima, a funcionária pediu o passaporte de ambos, diferente de Nagasaki. Quando abri a mala, só achei meu passaporte com visto americano, o meu com visto japonês havia sumido. Eu ficou branco, roxo e outras cores possíveis, sempre com o Renato tentando me acalmar, que deveríamos continuar a viagem.
Saímos pra jantar, e eu estava com cara de choro, e o Renato falando pra eu esquecer isso. Só que eu só pensava numa coisa “Como eu provo que sou eu?”. Os policiais sempre pedem pra ver o passaporte de estrangeiros no Japão, se eu fosse parado, estava perdido.
Fomos num posto policial, e o Renato me ajudou a explicar sobre a perda do passaporte a três policiais ali presentes. Todos tiraram uma da minha cara, primeiro pq meu nome tem 3 sobrenomes e segundo porque eu moro em São Paulo, cidade do time de mesmo nome. Alias, eles e o Renato só conversavam de futebol e eu lá nervoso escrevendo meu nome no documento comprovando a perda do passaporte. Fomos embora apenas com um número no bolso, e fiquei preocupado.
Naquela noite, fomos jantar quase meia noite, lembro que comi udon com kare, e na hora meu telefone tocou, era meus pais no Brasil. Ironicamente, eles estavam almoçando no restaurante Viena em São Paulo e queriam saber como estava a viagem no Japão. Eu fui com a cara e a coragem e contei a besteira que fiz e só ouvi do outro lado, minha mãe falando “ele está arrasado” pro meu pai. Expliquei pro meu pai o procedimento que havia feito e falei pra ficar relaxado (coisa que eu não estava). Meu pai disse que todos meus documentos iam ser escaniados e enviados por e-mail naquele dia ainda pro meu e-mail.
Voltando pro Toyoko Inn, a recepcionista deve ter visto minha cara de choro e veio toda preocupada. O Renato explicou pra ela, e ela ficou com pena de mim, desejando sorte pra que eu achasse.
Fomos pros computadores de uso aos hospedes do hotel e comecei a ligar pra embaixada brasileira em Tóquio, consulado em Nagoya e o consulado do Japão no Brasil. Bom, os dois primeiros caíram na secretária eletrônica, mesmo alegando que eram pra ser usado em casos extremos. No caso do consulado do Japão no Brasil, uma mulher me atendeu meio equivocada, até com certo desdém, chegando questionar se eu não tava fazendo nada errado no Japão, como trabalho e por isso “perdi” o passaporte. Foi uma conversa de uns 15 minutos, onde ela foi falar com o cônsul, sendo que no fim, eles não podiam me ajudar, apenas se um parente no Brasil emitisse o passaporte e passasse por eles, pra me mandar no Japão. Ela também explicou que nesses casos posso ter uma carta especial emitida pelo governo japonês que seria usada como passaporte pra eu voltar pro Brasil.
No dia seguinte, fomos à estação central de Hiroshima, explicar a perda de passaporte e foi impressionante, como as funcionárias da JR nos trataram bem. Ligaram pra Nagasaki, pra Beppu, inclusive pra Onsen que fomos em Beppu, tudo em busca do meu passaporte. Elas passaram um número da embaixada brasileira, conversei com uma moça que disse que não poderia me ajudar, apenas indo pro consulado. Agradecemos a gentileza das funcionárias do JR que pararam tudo que estavam fazendo pra olhar em paginas amarelas e telefones na internet, pra nos ajudar.
Depois disso, fomos aos achados e perdidos de Hiroshima, em busca do passaporte. Naquela hora, tinha um garoto colegial explicando que tinha perdido a carteira e a mesma estava lá. Expliquei e 2 senhores, pararam tudo que estavam fazendo pra nos ajudar.
Muitos falaram que era melhor cancelar o passaporte e pedir outro no consulado brasileiro, porém estava com medo que não desse tempo e teria que mudar meu vôo para conseguir obter.
Decidimos ir à delegacia central de Hiroshima, por sugestão do senhor dos Achados e Perdidos. Assim andamos por Hiroshima, e chegamos a pedir ajuda pra uma senhora num Konbini que deixou o lugar vazio pra nos indicar aonde era.
Estou explicando tudo isso, para entender como é a generosidade japonesa, e que os japoneses nessa hora se provaram ser mais solícitos do que os brasileiros. Todos eles sem exceção falavam que os japoneses não fariam mal com meu passaporte e caso fosse encontrado, a polícia encaminharia pra mim. Por lado, sentia me mal incomodar eles, e ter perdido passaporte, mas na verdade eu também fiquei feliz ao ver que o povo que eu mais admiro no mundo, estavam fazendo tudo que era possível pra me ajudar.
Chegando à delegacia central, o cenário parecia Police Story do Jackie Chan, sendo antigo, mas ao mesmo tempo organizado. Renato me ajudou, a traduzir pra japonês, meu depoimento de perda de passaporte e retirei o boletim de ocorrência do meu passaporte, como também passamos dados para nos encontrarem.
Fomos numa loja de departamento aonde compramos uma pasta pra não acontecer nada com o boletim de ocorrência, já que este seria usado para emitir um passaporte ou o visto especial pra perda de passaporte.
Acabamos perdendo o trem bala pra ir a Osaka, assim dormimos mais uma noite em Toyoko Inn. No dia seguinte, já na estação central, rumo a Osaka, o celular do Renato toca, falando que acharam meu passaporte no Coin Locker em Beppu. Pegamos dois trens direto pra lá e pegamos o passaporte. Almoçamos e voltamos pro trem bala rumo a Osaka/Kyoto.
Foi inacreditável, mas eu achei meu passaporte, graças a ajuda do Renato e do pessoal da JR, como também da policia japonesa. Agradeço profundamente e sei que isso nunca aconteceria no Brasil, por sermos muito diferentes.
Lembro do rosto do policial em Beppu ao entregar o passaporte, até meio animado, parece que foi uma história e tanto para eles.
Assim acabou o problema que durou três dias, e continuamos nossa viagem rumo a Kyoto.
Infelizmente por causa do passaporte, tivemos que riscar da nossa rota, a cidade de Osaka, vendo apenas do terminal a própria.
Essa história é algo embaraçoso, mas que ao mesmo tempo, mostrou pra mim e para o Renato, como é a generosidade japonesa. Infelizmente, algo que mesmo existindo no Brasil, depende muito do caráter da pessoa.
Fazia um tempo que não passava por aqui. Gostei muito dessa sua história. Tinha ouvido falar que os japoneses eram atenciosos e generosos, mas nunca pensei que fosse chegar a esse ponto. Mesmo sendo japonês, sempre tive a imagem de que eles não ligavam muito para os problemas dos outros. Acabou sendo uma grande surpresa ler o que você escreveu. Considerando meu próprio comportamento, acho que estou bem abrasileirado. XD
perdeu o passaporte – baaaaaaaaaaaka xDmto boa a história… pena q perdeu Osaka…
eu fico surpreso com essa prontidão que eles tem pra encontrar essas coisas. bem, é outro mundo. eu não tenho dúvida que vc encontraria, mas não tão TAO rapido.