Até onde deve ir uma relação entre aluno e professor?
Falar de Majo no Jouken é também falar de todo um período que muitas mulheres viveram no século passado. No Japão e como muitas partes do mundo, muitas vezes as mulheres não têm o livre arbítrio sobre sua própria vida, tendo que abrir mão de sua carreira em troca de um casamento “feliz”.
Será que nós devemos guiar pela razão ou pela emoção? Viver um grande sonho de liberdade ou continua a vida sem sal que você conquistou? É assim que conhecemos a jovem professora Michi Hirose, que se encontra numa difícil decisão de sua vida, o casamento. Masaru Kitai propôs a Michi, pois namoravam o tempo suficiente para se casar, no entanto fica óbvio a primeiro momento que esse relacionamento para Michi foi construído apenas como uma forma de proteção para não ficar sozinha, sendo totalmente desvirtuado por Masaru que anseia ver amor nos olhos dela.
Interpretada pela Nanako Matsushima (de GTO e Hana Yori Dango), Michi é uma professora de álgebra totalmente sofrida na situação que se encontra. Ela abraçou sua profissão por pressão de seu pai, como também conseguiu esse emprego por indicação dele, mas ela não é nem um pouco respeitada por sua sala de aula ou pelos outros professores da escola em que trabalha. Será que o casamento com Masaru seria uma válvula de escape dessa realidade que ela tanto renega? Michi sabe que não, por viver esse exemplo em casa, aonde sua mãe, Motoko Hirose, é totalmente submissa ao seu próprio pai, Kenichi Hirose.
O estranho grito de liberdade de Michi acontece de forma totalmente inesperada. Atropelada por um estranho adolescente e sua moto, ela derruba o anel de noivado o perdendo. O garoto o encontra e Michi ao olhar pra ele, ela sente uma estranha atração pela liberdade daquele jovem e o inveja, ignorando um sentimento muito mais importante que ela despertou ali.
Sendo destino ou não, no dia seguinte, a professora Michi descobre que tem um novo aluno na sala. Ela acaba se surpreendendo ao ver que era o mesmo garoto do dia anterior, descobrindo que seu nome é Hikaru Kurosawa. Seu pré julgamento sobre ser um garoto problema se confirma, ao perceber que ele muda de escolas por arranjar confusão, além disso não precisa passar na escola, por sua mãe fazer altas doações na instituição que o aceitar.
Por um lado, Michi está em dúvida sobre seus reais sentimentos deste jovem aluno, por outro lado Hikaru nunca esteve em dúvida do que sente por sua professora. Alias, chega a ser uma ironia ele a chamar de “sensei”, sendo que desde sempre Hikaru a veja como uma mulher. Não perdendo a oportunidade, ele a convida a ir numa praia próxima, num dia que tudo deu errado para Michi, assim conquistando aos poucos sua amizade, ao mostrar como é boa a sensação de liberdade.
Agora, uma pergunta é que fica logo quando se começa a assistir a série é se eles vão revelar seus reais sentimentos um para outro? A resposta é obvia que será um sim, além de que não irá ficar apenas em leves beijos. Michi encontra em Hikaru, toda a coragem que gostaria de ter, mas também descobre que o garoto foge de sua vida, por ser controlada por sua mãe. Ambos sofrem por não poder viver o que realmente desejam e encontram na praia que Hikaru a leva sempre, uma forma de viver por pouco tempo o sentido da liberdade.
É uma questão bem delicada por parte do telespectador, já que é obvio que no momento que se desenvolve um seriado com esse teor polêmico, a série teria que que dar uma romanceada para cair nas graças do público. O roteiro de Majo no Jouken ficou a cargo de Kazuhiro Yukawa, o mesmo da série Great Teacher Onizuka, que conseguiu criar uma atmosfera bastante dramática.
Um dos momentos auge da história, simplesmente é quando Michi e Hikaru tomam chuva e decidem se secar na escola de madrugada. No silêncio da escola, no meio de prateleiras cheio de livros, ambos tem sua noite de amor.
O caso dos dois acaba sendo descoberto por sua sala, graças a sinais de gentileza um com o outro e principalmente por Michi ter ido trabalhar com a mesma roupa do dia anterior. O escândalo para não se tornar maior, faz com que ela seja convidada a se retirar da escola, por motivos de “casamento”.
O escândalo também acaba atingindo em cheio a sua própria casa, aonde sua mãe entende porque ela busca isso e vê em sua filha, algo que ela não conseguiu lutar no passado. Já o pai de Michi, quer explicações por sua infantilidade e escreve uma carta de demissão da filha como também a entrega para a escola.
Michi depois desse dia, tem uma posição séria sobre seu relacionamento com Masaru, assim devolvendo o anel de noivado. Além disso, Hikaru compra dois anéis de namorado, para os dois serem “invisíveis” para o resto da sociedade.
A escola decide fazer um pronunciamento sem que Michi saiba sobre o desligamento dela da escola. Ao saber como todos, Michi precisa subir ao palco para se dispensar do cargo de professora, no entanto ela toma uma decisão para lá de ousada em revelar a todos ali presentes a verdade. Em alto e bom som, ela fala que nunca quis deixar o cargo de professora, mas que não entende como as pessoas almejam que ela tome essa posição, por amar Hikaru Kurosawa, um aluno da escola. Tirada a força do palanque, Michi ainda grita que ama o Hikaru, tornando público o boato que já rondava a escola.
A baixa de Michi na escola também tem influência da mãe de Hikaru, Kyoko Kurasawa. Mãe super protetora e não desejando que seu filho desvie do caminho de se formar um médico, para assim assumir o hospital da família.
Porém, contudo, entretanto, não se enganem que a história seja apenas o relacionamento polêmico entre uma professora e um aluno. O desenvolvimento da série abre diversos plots de personagens secundários que também tem problemas na sociedade atual. Temos um pai bêbado que desconta na filha o seu fracasso como empregado e até segredos entre os pais de Michi que em suas brigas constantes, acabamos descobrindo e formando uma história à parte. Até, Kyoko tem uma história de amor sofrido, assim justificando a sua personagem numa vilã da série.
Sem dar mais delongas, Michi sempre confiou em sua melhor amiga, a Kiriko Uda. Ela quem apresentou Masaru a Michi, como também preferiu guardar pra si a atração que sentia por Masaru, seu companheiro de empresa. Kiriko também se torna uma pedra no sapato de Michi, por fazer de bobo aquele que ela amou. Muitas vezes, Kiriko ira deixar na mão a amiga, como também revelara suas verdadeiras intenções a Masaru.
Michi e Hikaru se esbarram na escola, quando ela visita para ver papeladas sobre seu desligamente da instituição. Ambos decidem tomar uma situação drástica em fugir da sociedade que os condena. Os dois de mãos dadas correm pelos corredores da escola e caem pelo mundo, sendo vistos pela Kyoko que também estava na escola.
A fuga dos dois por uma liberdade é difícil não comparar a mesma sensação de assistir filme Thelma e Louise. Será que eles conseguirão ser felizes juntos fora dali? É uma coisa que sé vendo o dorama mesmo.
A professora Michi Hirose, foi interpretada pela divina Nanako Matsushima. Considerada como uma das atrizes mais bem pagas do mercado publicitário japonês, tendo um cachê por volta de 80 milhões de ienes, a atriz nunca entrou num fracasso desde a série GTO, em 1998. O papel dessa série foi recusado por diversas atrizes e ela aceitou de forma arriscada interpretar a polêmica professora Michi. Ela é casada com o Takashi Sorimachi, o Onizuka de GTO, com quem têm uma filha. Nanako é assessorada pela agência Seventh Avenue. No Brasil a conhecemos pelo filme RINGU – O chamado (a versão original de O Chamado).
O papel do aluno ficou nas mãos de Hideaki Takizawa, que alguns anos depois entraria no mercado de jpop com o nome Tackey, da dupla “Tackey & Tsubasa”. Entre as curiosidades que tem sobre o Tackey, é que ele começou sendo dançarino de palco do grupo Kinki Kids. Ele é assessorado pela agência Johnny & Associates, que tem bastante reputação com boy bands, tendo entre destaques: Arashi, V6, Kat-tun, NewS e Smap.
Entre os papeis secundários, devemos citar a Shirakawa Yumi, que fez a Motoko Hirose, mãe da Michi. Ela também fez GTO, sendo a diretora Sakurai Akira, além de outros doramas bastante populares.
First Love – a música tema
Utada Hikaru teve um verdadeiro boom no final dos anos 90, sendo chamada de “britney spears japonesa”. Muitas pessoas no mundo inteiro tiveram contato com a cantora por causa dessa música que chegou a tocar nas rádios brasileiras.
First Love é uma canção perfeita para a série Majo no Jouken, não apenas por se tratar de um primeiro amor adolescente, mas ir muito mais além, revelando sentimentos que se tornam únicos no seu primeiro amor. O álbum tornou-se o mais vendido, ganhando diversos prêmios no Japão, além disso, entrando para música tema do polêmico seriado. Quando se fala de Utada Hikaru, fala-se do inicio de carreira dela com a “era First Love”.
Como foi comentado, First Love chegou nas rádios brasileiras, pela rádio “Antena 1”. Tendo um perfil de músicas dos anos 70 e 80, para agradar um público na faixa de 30 a 50 anos, a rádio surpreendeu todo mundo quando tocou uma música japonesa em sua programação.