quinta-feira, novembro 7, 2024
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Produtoras japonesas tinham base em São Paulo

Segunda parte da matéria especial da Folha de São Paulo resgatando o cinema japonês no Brasil, agora falando das produtoras japonesas no país.

Essa segunda parte mostra o quanto no passado, o Japão viu o país como um público em potencial, principalmente por ser a maior colônia japonesa do mundo. Ela mirou certo, tendo auge de 166 filmes por ano, nos cinemas brasileiros.

Infelizmente, a crise no país e a mudança de leis, exigindo a exibição de filmes nacionais, chegou a níveis alarmantes, com a pornochanchada. O que fez de uma a uma, as produtoras fecharem seus escritórios no país.

Logicamente, os cinemas sobreviveram mais um pouco, mas perderam a guerra contra o VHS.

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Texto da Folha de São Paulo

Produtoras tinham base em São Paulo

ROBERTO HIRAO
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO ADJUNTO DO “AGORA”

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Os anos 60 foram uma festa para os cinéfilos de São Paulo, que dispunham de quatro cinemas exclusivamente de filmes japoneses. Na época, o Japão era o maior produtor de filmes do mundo. Dos seus estúdios saíram obras de todos os estilos, até westerns com todos os clichês do gênero (duelos ao sol, brigas intermináveis e ataques de índios).

Todas as grandes produtoras japonesas, com exceção da Daiei, nomearam representantes no Brasil. A Toho, dona da maioria dos filmes de Akira Kurosawa, foi mais longe: abriu um escritório na Liberdade e mandou um executivo a São Paulo para controlar a exibição de suas produções. O cinema escolhido foi o pequeno Joia.
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O auditório da rua São Joaquim abrigou o Cine Tóquio, que mudaria posteriormente de nome para Cine Nikkatsu. Na praça Carlos Gomes, perto da praça João Mendes, quando o filme era de Kurosawa ia direto para uma sala da Cinelândia, na av. São João. A Shochiku, estúdio de prestígio, instalou-se num local difícil, a pequena e tranquila rua Santa Luzia.

Aos poucos o público brasileiro foi se acostumando com o cinema japonês, e aconteceram sucessos como “Corvo Amarelo” e “O Homem do Riquixá”. Mas o cinema do Japão não era mais o mesmo. O público também mudou.

Numa das sessões de um filme do diretor Tomu Uchida, um crítico entusiasmado com a sequência de filmes se levantou e, aos berros, disse: “Isto é cinema!”. O público japonês, não acostumado a esse tipo de manifestação, retirou-se da sala certo de que havia um louco lá dentro.

Giuliano Peccilli
Giuliano Peccillihttp://www.jwave.com.br
Editor do JWave, Podcaster e Gamer nas horas vagas. Também trabalhou na Anime Do, Anime Pró, Neo Tokyo e Nintendo World.

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