Um grande evento foi realizado neste último final de semana (26 e 27/06), como parte das comemorações dos 102 anos da Imigração Japonesa no Brasil. Trata-se do 45º Gueinosai – Festival de Música e Dança Folclórica Japonesa – que teve como palco o grande auditório do Bunkyo, no bairro da Liberdade, em São Paulo. Neste evento, foram apresentadas várias facetas da cultura e do folclore japonês, que o público teve oportunidade de conferir em dois dias.
O evento contou com a presença de vários grupos de música, dança, teatro, taiko, cantores e outros diversos artistas da comunidade nipo-brasileira, que se encarregaram de apresentar as mais diversas manifestações culturais japonesas, fazendo um espetáculo de encher os olhos do público. Alguns políticos também estiveram presentes, como o vereador Jooji Hato (PMDB-SP), que fez um discurso na abertura do evento no sábado, onde disse que “toda a arte apresentada representa o sofrimento dos primeiros imigrantes, quando da chegada deles ao Brasil, e através do qual eles nos ensinam que, com trabalho, esforço e honestidade, é possível superar as dificuldades e prosperar.”
O vereador Jooji Hato (à esq) discursando ao lado do presidente
da comissão organizadora do evento, André Korosue
Nos dois dias do evento, muitos dançarinos se alternaram no palco, exibindo as mais diversas formas do buyo – a dança tradicional japonesa – encantando o público com belíssimas performances.
O dançarino Yusuke Iwamoto foi o primeiro a se apresentar
no palco do Gueinosai, com a coreografia “Takasago”
União Cultural Guinken Shibu do Brasil
Kasa odori – a “dança dos guarda-chuvas”,
típica da província de Tottori
Júlia Otani, da Associação Cultural Esportiva de Pompéia,
com a coreografia “Ame”
Setsuko Tangue, apresentando “Kanagawa Suikoden”
A pequena Mei Iguti, do Hanayagui-ryu Nadeshikokai,
fez uma apresentação de gente grandeBunomai: um estilo de Okinawa que mistura a dança com
técnicas de lutaSaito Satoru Ryubu Dojo: um dos grupos que representou o
Ryukyu Buyo (odori de Okinawa)
A dançarina Mayumi Aguena, do Saito Satoru Ryubu Dojo
Além disso, grupos de taiko como o Mika Youtien, composto apenas por crianças, o Tangue Setsuko Taiko Dojo, que fez uma apresentação empolgante, enchendo os olhos da platéia, e o Ryukyu Koku Matsuri Daiko, que trouxe para o evento a alegria dos tambores de Okinawa, também impressionaram o público.
O grupo Mika Youtien: crianças que não deixam nada a dever
para os adultos no taikoAlguns momentos do Tangue Setsuko Taiko Dojo: grupo
mostrou muita energia e vibração no palco
Ryukyu Koku Matsuri Daiko
O Yosakoi Soran também foi bem representado, sendo apresentado pelos grupos Ishin (sábado) e Shinsei ACAL (domingo).
Grupo Shinsei – ACAL
Além deles, os cantores também marcaram presença. Vários nomes consagrados dos taikais passaram pelo palco do Bunkyo nos dois dias do evento, além de atrações trazidas direto do Japão, como Mariko Nakahira. Um dos grandes destaques neste segmento foi Jane Ashihara, irmã de Joe Hirata, que se apresentou no domingo juntamente com a filha Pâmela.
Da esq. p/a dir: as cantoras Kamilla Tamura, Jane Ashihara e
Pâmela AshiharaJane e Pâmela Ashihara: mãe e filha dividiram o palco
Kamilla Tamura encantou com sua bela voz
Edson Saito também marcou presença no festival
Mariko Nakahira foi a atração internacional do evento
E os destaques no karaokê não param por aí. No sábado, o festival contou com a presença de um convidado muito especial: Roberto Casanova, o grande vencedor do NHK Nodojiman, o mais concorrido concurso do gênero no Japão. Acompanhado de sua esposa, Mika da Silva, ele fez uma performance que emocionou o público presente no dia.
Mika da Silva e Roberto Casanova encantaram
o público presente no sábado
Nosso colunista Daniel “Sheider” ao lado de Roberto,
Mika e a pequena Rina, filha do casal
No domingo, um dos pontos altos do evento foi a apresentação de kagura, um estilo que se originou no xintoísmo e mistura teatro, música e dança para contar lendas do folclore japonês. Contando a história do monstro Yamatano Orochi, o Grupo Kagura do Brasil simplesmente encantou o público.
Os músicos também deixaram sua marca no Gueinosai. Destaque para os shamisens do Nihon Minyo Kyokai, que esteve presente nos dois dias, e o Nihon Ongaku Kyokai, que mostrou ao público o belíssimo som do koto.
Dois momentos do Nihon Minyo Kyokai
Nihon Ongaku Kyokai e sua apresentação de koto
O grupo Hanayagui-ryu Kinryukai tratou de fechar o evento com chave de ouro, fazendo, além de belas e engraçadas performances, uma homenagem especial a seus mestres.
O gran finale do Hanayagui-ryu Kinryukai
Seja na batida forte do taiko, nos passos marcados da dança, na música do shamisen e do koto… o que se viu neste final de semana foi um espetáculo sem igual, e que, através das diversas formas de manifestação cultural trazidas do Japão pelos imigrantes e cultivadas por seus descendentes, mexeu com os olhos e o coração do público que compareceu nos dois dias do festival. Para o presidente da comissão organizadora do evento, o sr. André Korosue, o saldo dos dois dias do Gueinosai foi bastante positivo: “Não apenas aqueles que se apresentaram no palco saíram satisfeitos… o público também saiu, por presenciar um grande espetáculo.”
Korosue ainda destaca a importância do festival: “É a divulgação da nossa cultura, em especial da arte de palco japonesa. ‘Gueino’ significa ‘arte de palco’, e aqui apresentamos as mais diversas modalidades desta arte, ajudando a divulgar a cultura japonesa para todos, descendentes ou não. Vivemos em um país multicultural, e é importante que todos aprendam um pouco sobre cada cultura. Nosso papel aqui, com este evento, é divulgar a cultura japonesa para os brasileiros.”
Missão muito bem cumprida, por sinal. Foram dois dias inesquecíveis, com belíssimas apresentações e performances de encher os olhos.