A estilista Cynthia Hayashi, vencedora do reality show Projeto Fashion, exibido entre setembro e dezembro do ano passado pela Band, falou com exclusividade ao JWave.
Como vencedora do programa, a jovem estilista, de 24 anos, ganhou um automóvel 0km, um curso de especialização de design de moda em Milão e o direito de desenvolver uma coleção exclusiva para uma grande rede de lojas de vestuário. Além disso, teve, neste mês, seu trabalho divulgado na capa da Elle, tradicional revista internacional de moda, publicada no Brasil pela Editora Abril.
Mas a carreira de Cynthia não se resume ao Projeto Fashion – ela também já foi modelo (em 2004, foi vencedora do Faces, concurso de beleza nikkei promovido pela JBC) e chegou inclusive a morar no Japão.
De volta ao Brasil, estudou design de moda na Faculdade Santa Marcelina, montou sua própria grife e, pouco a pouco, foi ganhando espaço no mercado brasileiro, participando, inclusive, da Casa de Criadores.
Aqui, a estilista nos conta um pouco sobre todas estas fases de sua carreira, além de sua participação no Projeto Fashion. E fala, também, sobre moda japonesa e cosplay, revelando, ainda, que foi jurada em uma das edições brasileiras do WCS (World Cosplay Summit).
Confira, a seguir, a entrevista concedida por Cynthia Hayashi, ao nosso colaborador Daniel Ramos “Sheider”:
JWave: Qual foi seu primeiro contato com o mundo da moda? Como você conheceu o universo fashion?
Cynthia: Não lembro ao certo qual foi o primeiro contato. Mas me lembro que gostava muito de ver minha mãe se arrumar. Adorava brincar no guarda roupa dela! E acredito que tenha nascido aí a minha vontade de trabalhar com moda, quando me encantei pela primeira vez com o universo do vestuário feminino.
Por que você se tornou estilista? O que te levou a tomar esta decisão?
Gostava muito de moda e de artes, mas minha paixão por moda sempre falou mais alto. Não tinha muito como ser outra coisa! Foi necessário um pouco de coragem para a decisão, pois minha família está acostumada com carreiras mais tradicionais, mas sempre tive todo o apoio que precisei.
Tem algum estilista favorito, que te serviu/sirva de inspiração ou mesmo de referência?
Alexander McQueen
O que mais te atrai no universo da moda?
A possibilidade de transformação. A idéia de poder se camuflar e passear por diversos universos me encanta.
Sonha, ou já sonhou, em ver uma top model (como Gisele Bundchen, Kate Moss, entre outras) desfilando uma peça/coleção criada por você?
Não. Já fui modelo e já quis sim ser uma grande modelo. Mas hoje como estilista não penso na hipótese de desfilar minhas criações. São profissões paralelas mas completamente diferentes.
Qual foi a maior dificuldade que você encontrou no começo da carreira?
Todo começo de carreira é difícil. Mas difícil mesmo é iniciar a própria marca, porque você precisa ser tudo! Precisa ser o criativo, o financeiro, o administrativo, o motorista, o entregador, o contador… tudo! E não tem como uma única pessoa ser boa e conseguir exercer com excelência todas essas profissões ao mesmo tempo! E é por isso que muitos dos negócios não dão certo.
Qual foi seu primeiro trabalho como estilista? E como foi desenvolvê-lo?
Meu primeiro trabalho foi como estagiária em uma confecção de tricô no Bom Retiro. Por eu parecer bastante séria, sempre me deram muitas responsabilidades, e lá não foi diferente. Foi muito bom para o aprendizado.
Você já possui uma grife própria há cerca de dois anos. Nos fale um pouco a respeito.
Desde 2009, quando me formei e ganhei o Projeto Ponto Zero, iniciei a minha própria marca. Desde então iniciei parceria com algumas lojas, fazendo vendas consignadas, e participava duas vezes ao ano da Casa de Criadores, onde exibia desfile com tendências para a estação.
Antes de se tornar estilista, você foi modelo, sendo inclusive vencedora do Faces 2004. Como foi essa experiência pra você?
Foi inusitada! Não fui eu que me inscrevi no Faces, foi uma amiga minha. Cai de paraquedas no concurso e acabei ganhando. Na época achei engraçado até!
Cheguei sem saber de nada, sem o dinheiro da inscrição (um dos organizadores que pagou pra mim) e ainda lembro que estava doente. E no final ganhei e fui conhecer um dos lugares que mais desejava no mundo, o Japão.
Foi surreal.
Por que você optou por não seguir a carreira de modelo? Por qual razão você preferiu ficar nos bastidores ao invés de encarar os holofotes das passarelas?
Meu corpo nunca foi o corpo necessário para ter uma carreira de sucesso como modelo. Meus trabalhos mais interessantes eram os voltados para beleza.
Voltei do Japão, pois minha mãe não estava bem, e comecei a estudar. E logo quando iniciei a faculdade, já soube que era isso que me fazia feliz.
Você morou um tempo no Japão. Pra você, como foi viver por lá?
Foi incrível! Um sonho realizado.
Espero no futuro ter negócios no Japão e poder visitar muitas e muitas vezes o lugar que mais me encanta no mundo.
Como surgiu a oportunidade de participar do Projeto Fashion?
Recebi um e-mail comunicando a abertura das inscrições, mas naquele momento, achei que não era o momento certo. Eu adorava a versão americana (Project Runway), mas achei que talvez não fosse pra mim. Conversando melhor com a minha família, mudei de opinião e resolvi encarar o desafio.
Como foi, pra você, ter a oportunidade de conviver com outros estilistas que buscam as mesmas chances que você?
Sempre procurei me manter muito distante do prêmio final. Acho que quanto mais você foca e olha gananciosamente para uma coisa, mais você pode tropeçar em algo que está logo a sua frente.
Vi a convivência de uma forma bem tranquila, e vivia a cada momento sem pensar em como seria o amanhã. Aproveitei o máximo que pude de toda a experiência e não olhava para meus companheiros com rivalidade, eram todos colegas de profissão e alguns até viraram amigos de verdade.
Durante o programa, o mentor de vocês foi Alexandre Herchcovitch, um estilista bastante consagrado. Pra você, como foi ter a oportunidade de conhecê-lo e de poder conviver com ele ao longo do programa?
Foi uma honra. Sempre admirei o trabalho, a carreira e o profissional que o Alexandre é. Foi uma escola poder passar esse tempo ao lado dele e poder escutar seus conselhos.
Qual foi a maior dificuldade que você encontrou no decorrer do programa?
Estar confinada e numa jornada de trabalho tão longa e sem intervalos foi muito desgastante.
Em certos momentos do programa, alguns dos jurados não pouparam críticas, não apenas a você, como também aos demais participantes do programa. Como você lidava com estas situações?
Crítica é um mal necessário. Procuro escutar tudo muito atentamente, digerir e aproveitar somente o que for construtivo.
Se colocarmos o ego de lado e soubermos receber as críticas de uma forma construtiva, o processo é muito mais positivo.
Houve algum momento durante o programa no qual você achou que não conseguiu fazer um bom trabalho, ou seria eliminada?
Houveram alguns momentos que fiquei insatisfeita com o meu trabalho.
Na prova do biquíni e na prova das Divas do Cinema, achei ruim meu resultado.
Qual foi a sensação que você teve quando foi anunciada como vencedora do programa?
Ainda não sei explicar! Foi uma coisa sensacional, um misto de alívio com nervoso, com choro… sei lá! Mas foi muito bom. Tremia dos pés a cabeça.
Como você resume a sua vida antes e depois do Projeto Fashion? E qual foi a maior lição que você tirou da sua participação do programa?
Eu continuo a mesma de sempre, antes e depois do Projeto Fashion. Acredito que eu tenha aprendido muito, que possa ter melhorado e evoluído meu trabalho como profissional e pretendo aproveitar de forma muito sábia este momento.
A maior lição que aprendi no programa foi a ser humilde sempre.
Como você foi a vencedora do programa, você agora vai desenvolver uma coleção exclusiva para uma grande rede de lojas de vestuário. Já tem alguma idéia de como vai desenvolvê-la?
As informações serão passadas pela equipe de desenvolvimento da rede, e tudo será em sigilo e confidencial até o lançamento.
Alguma vez você já assistiu ou teve oportunidade de assistir um concurso ou apresentação de cosplay?
Já. Se não me engano, em 2010 fui jurada da final brasileira do WCS , no Festival do Japão.
Qual a sua opinião sobre o cosplay e seus adeptos?
Acho interessante e saudável. É sempre bom exercitar a imaginação.
Já pensou em fazer cosplay alguma vez? Tem algum personagem que você gostaria de fazer cosplay?
Nunca pensei. É um universo bastante distante do meu, mas admiro e respeito os praticantes.
Você faria um trabalho para um cosplayer? Ou seja, se um cosplayer chegasse pra você e te encomendasse um trabalho, você desenvolveria uma peça para ele?
Acredito que não, pois pelo que conheço, é necessário ser fiel ao personagem, portanto teria que replicar a peça já criada e esse não é muito o meu trabalho. O meu trabalho é criar e imaginar o que ainda não foi feito.
Você usaria as criações dos cosplayers como referência para desenvolver uma peça, ou mesmo uma coleção? Por quê?
Nunca pensei nisso… mas de repente é uma possibilidade. Tudo pode servir de inspiração para o desenvolvimento de uma coleção.
Sobre a moda do Japão e os estilos usados pelos jovens de Harajuku – qual a sua opinião a respeito?
Acho que os japoneses são muito modernos. Eles possuem uma liberdade muito grande com o visual e se sentem muito a vontade assim.
São mais sensatos e com menos preconceito. No Brasil as pessoas são julgadas pelo o que vestem e pela forma que vestem. Não sinto o mesmo no Japão.
Dentre esses estilos, há algum em especial que chame a sua atenção? Qual e por quê?
Gosto de todos, cada um tem sua particularidade encantadora!
Você criaria uma peça ou coleção inspirada nesses estilos de moda urbana? Por quê?
Na verdade o estilo urbano japonês sempre me acompanhou, pois no período em que morei lá foi o que mais me influenciou.
Por fim, quais são seus planos e perspectivas para o futuro?
Estou estudando planos, projetos e propostas para o futuro. Espero escolher muito bem meus próximos passos, mas acredito que agora seja bastante cedo para divulgar.
Mas espero poder continuar exercendo um bom trabalho, melhorando e crescendo cada dia mais, trazendo orgulho para as pessoas que acompanham e admiram meu trabalho.
Olha só!
Adoro o Project Runway, pois, ao meu ver, é um reality onde o foco é mostrar desafios ao talento e à criatividade dos participantes. Infelizmente, perdi a chance de ver a versão brasileira.
Agora, cá entre nós: a modelo, da capa da ELLE, realmente não tem bumbum, ou é outro caso de "tosqueira photoshopeira"?
XD