Esse ano faleceu um dos grandes nomes da ficção científica, o autor americano Ray Bradbury. Mais conhecido por obras como Algo Sinistro vem por Aí (Something Wicked Comes That Way) e a distopia futurista Fahrenheit 451.
Bradbury iniciou sua carreira nas famigeradas revistas pulp, publicações periódicas de papel barato que traziam contos de diversos gêneros. Porém, até então, eram focadas principalmente em histórias de terror e fantasia. Ele fez parte de uma tendência literária entre o final dos anostrinta e cinquenta, quando novos autores como Arthur C. Clarke, Isaac Asimov e Robert A. Heinlein começaram a fazer uma ficção mais especulativa, pautando-se em descobertas da ciência e avanços da tecnologia, inaugurando a assim apelidada “Era de Ouro da Ficção Científica”.
As Crônicas Marcianas é uma antologia de contos desse subgênero de ficção que acaba, no entanto, podendo ser lida como um romance. São diversas histórias separadas que contam como a humanidade, viajando em enormes foguetes, coloniza o planeta vermelho, habitado por suas próprias civilizações extraterrestres.
As histórias representam pequenos ou grandes avanços de uma cronologia que se estende do ano de 1999 até 2057 (lembrando que a maioria delas foi escrita na década de quarenta!) . Os personagens não se repetem, mas se os contos forem lidos na ordem que aparecem, ao invés de isoladamente, à medida que o tempo passa é possível acompanhar as evoluções e declínios das sociedades no planeta. De certa maneira, Marte é o verdadeiro “protagonista”.
Os contos possuem enredos bastante variados. Desde a simples descrição de um verão que chega adiantado na Terra, devido ao número de foguetes que a tem deixado para lançar-se à exploração do espaço, passando pelos apuros que as primeiras expedições sofreram em mãos aos nativos de Marte até conseguirem se estabelecer no local. São histórias ácidas, mas, ao mesmo tempo, bem humoradas.
Muitas delas não deixam de ser um paralelo interessante que Bradbury faz com a colonização do continente americano, uma reflexão sobre o contato entre duas civilizações diferentes e as consequências que vieram disso. O livro ainda traz várias referências à própria época que foi escrito. É fácil identificar nele o pavor que as pessoas sentiam durante a Guerra Fria pela ameaça nuclear que poderia em um piscar de olhos (ainda pode?) aniquilar a raça humana.
Para quem procura histórias de ficção de científica, gostaria de conhecer a obra do autor e quer uma leitura mais descompromissada e rápida que o formato do conto possibilita, As Crônicas Marcianas é uma boa pedida.
Ao leitor aleatório que passar por esse 1o post. : Vou alternar resenhas de livro "clássicos" e livros recentes por aqui, pra quem quer uma dica do que ler. Não vou me prender em um gênero só.
Começando com um clássico, achei que valia a pena falar dessa obra do Tio Brad! 🙂
Interessante, de Ray Bradbury só conhecia o Fahrenheit 451 mesmo, parece uma ótima scifi clássica para se ler quando der aquela vontade
Eu acho sempre interessante as leituras que a galera do passado fazia do futuro, pelo menos nas obras de ficção. É divertido fazer comparações entre o que "previu"o filme e o que realmente aconteceu. Isso me lembra do filme "Demolidor" (com Sylvester Stallone), no qual Arnolzd Schwarzenegger tinha virado presidente.
Parece ser uma boa leitura, vou anotar aqui na minha lista. =)
My recent post [Conto Improvável] Petit Gateau