Um mangá de tokusatsu nas bancas brasileiras? Ta aí uma coisa que eu pensei nunca ver, mas a Editora JBC surpreendeu ao trazer o mangá baseado no popular personagem da Tsubaraya, o Ultraman.
Criado em 1966, Ultraman fez sucesso no Brasil para diferentes gerações, mas no meu caso, eu peguei a última reprise na Rede Manchete que tinha uma dublagem bem “inspirada” o que dava um ar engraçado a uma série que estava sendo exibida no final dos anos 90 pelo canal de Cavaleiros do Zodíaco.
Mas o que isso tem a ver com o mangá? O título é uma continuação direta do primeiro Ultraman e começou a ser publicado no Japão em 2011, pela Shogakukan na revista Monthly Hero´s. Só que como dica ao leitor, o mangá resume o que você precisa saber de Ultraman em poucas páginas iniciais e você não precisa assistir a série pra entender o que está sendo abordado na obra.
Esquece a família Ultra
Se você é fã de Ultraman, provavelmente sabe que Ultraman ganhou uma série de “irmãos”, inclusive universos alternativos (como Ultraman Tiga exibida pela Rede Record), mas fica o aviso que o mangá ignora os fatos e segue um outro caminho.
Mas não tem nada? O autor, Eiichi Shimizu, optou simplificar e criar um universo alternativo e com isso a série é focada no Hayata e na Patrulha Cientifica, considerando apenas a primeira série do Ultraman.
A História
Se passou duas décadas desde que Ultraman foi embora. Shin Hayata se tornou Ministro da Defesa enquanto sua antiga base, Patrulha Cientifica, se tornou um museu em homenagem ao Ultraman.
O engraçado dessa história toda é que Hayata não se lembra de nada referente a Ultraman. Isso acaba numa conversa com antigo amigo da Patrulha Cientifica e percebe que por mais o lugar tenha virado um museu, na verdade tudo está ativo exatamente porque todos desconfiavam que Hayata fosse o Ultraman. Sem contar que além disso, também porquê a qualquer momento poderia ter uma invasão alienígena.
A história acaba pulando mais 12 anos, quando conhecemos Shinjiro Hayata, filho adolescente do hospedeiro do Ultraman (O Shin Hayata) e que acabou não se tornando um jovem normal, devido o “Fator Ultra”. Não sabemos como funciona o “Fator Ultra”, mas sabemos que dá super força ao Shinjiro e ele precisa bancar de “Clark Kent” para controlar seus poderes. Também sabemos que esse “Fator Ultra” é provavelmente derivado aos poderes do Ultraman original que seu pai havia sido hospedeiro há 3 décadas anteriores.
A partir daí que veremos as diferenças de Shin e Shinjiro, não só por um ser experiente e o outro não, mas também em explorar os poderes que o “Fator Ultra” dá a eles e o uso que cada um utiliza.
O ponto alto do autor é explorar o universo do Ultraman de uma forma “adulta”, focando e transformando cada peça desse universo de uma forma totalmente diferente da que conhecemos e aceitando esse lado “dark” inserido na obra.
Ultraman aqui não é mais aquele ser gigante que lutou contra os monstros, mas uma armadura tecnológica que protege aquele que tem o “Fator Ultra”. É nesse instante, que temos Shin e Shinjiro como possíveis candidatos a utilizar essa armadura e derrotar qualquer horda de alienígenas que possa aparecer.
Versão brasileira
A editora caprichou na edição que chega com nada menos que 16 páginas coloridas e totalmente em offset. Sem contar rascunhos originais, carta do autor e preview do próximo volume que engradecem ainda mais a obra. Talvez tenha faltado um material extra que servisse de link pro público que conheceu a série original na televisão brasileira, mas é uma opinião sem saber como funcionou o licenciamento e se pode ou não inserir conteúdo adicional no título.
Tendo uma publicação bimestral, a revista chega ao preço de 14,90, sendo bem convidativo para quem não está acostumado a comprar mangás no mês. Numa opinião pessoal, Ultraman pelo formato escolhido, poderia até ganhar um destaque em livrarias, como Zero Eterno, Therma Romae, porém a Editora JBC optou lançar nas bancas, sendo facilmente encontrado nas bancas da cidade de São Paulo. Não vale a desculpa que não encontrou, exatamente pela grande quantidade de volumes nas bancas.
Vale uma curiosidade que Ultraman irá intercalar nas bancas com o mangá Gangsta que será lançado mês que vem. O título é a moda da temporada de animês e também é um “seinen”, tendo quase a mesma quantidade de volumes e sendo pensado para o mesmo público no Japão.
Para os fãs de tokusatsu, o que podemos esperar é que Ultraman seja o mangá bem vendido no Brasil, para trazer outros títulos do gênero para cá (Alguém disse Kamen Rider Black?).