A Fuji Televisão é uma emissora de vanguarda no Japão que tem a mesma abordagem que a Rede Globo em trazer tabus da nossa sociedade e abordar em suas produções. Se no Brasil a rejeição vem por uma onda de conservadora, se engana que os japoneses estejam recusando a obra por isso, mas exatamente ao contrário, chamando a emissora de ultrapassada, por já ter abordado personagens homossexuais sem restrição alguma no passado.
E qual é a novela?
Chamada de “Transit Girls”, a produção estreará em 07 de novembro e contará a história de duas adolescentes (entre 18 e 21), que se tornam irmãs quando seus pais se casam novamente. Interpretadas pelas atrizes Sairi Ito e Yui Sakuma, as personagens irão se apaixonar durante a trama.
A polêmica
O grande problema da novela é a foto promocional que coloca as duas atrizes deitadas na cama juntas, aparentemente nuas, olhando nos olhos uma da outra e sorrindo.
As manifestações contrárias a novela começaram pela sexualização que a imagem de divulgação e que a emissora esteja criando uma imagem errada. Maki Muraki, líder da organização sem fins lucrativos Nijiiro Diversidade, que promove a igualdade no local de trabalho para as pessoas LGBT no Japão, acredita que a produção esteja equivocada.
“As coisas que fazemos não são sobre sexo. Enfrentamos muitas dificuldades em nossa vida, por exemplo, no local de trabalho. Para ser informado de que a imagem de nós é uma de sexo não me faz feliz ” – Maki Muraki
A Fuji Televisão divulga e ressalta que a produção é uma história de amor comovente e simples, em que traz duas personagens principais do sexo feminino.
Maki acredita que Japão esteja “atrasado ao retratar questões LGBT” e que as produções locais deveriam aprender com séries americanas, como Modern Family (atualmente na sexta temporada) que apresenta de forma mais natural um casal homossexual e sua filha. Vale lembrar que Modern Family também gerou criticas nos EUA, pela forma que o casal se tratava na primeira temporada.
Vitória do LGBT no Japão
O Japão é um país que casamentos do mesmo sexo anda em passos largos por lá, porém o país vem ganhando grandes vitórias desde 2012 com a chegada de Patrick Joseph Linehan, cônsul-geral dos Estados Unidos em Osaka-Kobe, casado com brasileiro Emerson Kanegusuke.
Por mais que o casamento do mesmo sexo não seja legal em todo Japão, desde março, os casamentos LGBT começaram a ser reconhecidos no bairro de Shibuya,em Tóquio.O Bairro de Setagaya, também em Tóquio, começará a reconhecer em novembro a união civil de mesmo sexo.
No âmbito da política, o novo Ministro da Educação, Cultura, Esportes, Ciência e Tecnologia Hiroshi Hase também disse em outubro que pretende promover o apoio para estudantes de minorias sexual nas escolas em todo Japão.
Vale a curiosidade que antes mesmo do reconhecimento de casamentos do mesmo sexo no Japão, alguns lugares já realizavam cerimônias do mesmo sexo, como parques da Disney e aonde se encontra a estátua em tamanho real do robô da série Gundam.
2015 é um ano que a comunidade LGBT comemora suas vitórias por lá e é devido a isso as críticas de uma sexualização desnecessária em que condiciona a acreditar que suas vidas se resumem a apenas sexo.
Fonte: Japan Times
Atualizado e com informações corrigidas. Agradecimentos a Renata Shimura pelas informações corrigidas.