Yo! Aqui é o Rafael escrevendo direto de Fukuoka mais uma vez. Na semana passada eu contei um pouquinho de como foi minha trajetória pra chegar aqui, e essa semana eu resolvi apresentar um pouquinho sobre como é uma universidade japonesa, de acordo com a minha curta experiência. Portanto fiquem cientes que isso não passa de um relato subjetivo, majoritariamente sobre a Universidade de Kyushu, e pontualmente pode ser que eu faça alguns paralelos com a experiência que tive um ano estudando em Kyoto na Universidade Ritsumeikan.
Vamos por partes, Kyushu é o nome dado àquele arquipélago formado por uma grande ilha e outras menores que a cercam, situado no sudoeste do Japão. A ilha de Kyushu é ligada à ilha principal (chamada de Honshu – onde ficam cidades como Osaka, Kyoto, Tokyo, Nagoya, Hiroshima, etc), apenas por uma rodovia e pela linha do trem bala que atravessam o estreito entre as duas ilhas. A ‘capital’ regional é a cidade de Fukuoka, uma cidade costeira, com tudo que uma metrópole pode oferecer, mas também com diversas regiões rurais. É na ilha de Kyushu também que fica a cidade de Nagasaki, famosa mundialmente devido ao ataque nuclear no fim da Segunda Guerra. A Universidade de Kyushu é uma das grandes imperiais, muito bem conceituada. Ela é composta de quatro campi, localizados na cidade de Fukuoka: Hakozaki, Maidashi, Ohashi e Ito (espero não ter esquecido nenhum), sendo este último recém construído (na realidade ainda com diversos prédios ainda em construção).
Localizado no meio das montanhas, e há cerca de 3 quilômetros do mar, o campus de Ito é consideravelmente afastado da região metropolitana, sendo necessário tomar ônibus ou trem por cerca de 30 à 40 minutos (e desembolsar uma grana considerável) para ter acesso a partir do centro. Porém, próximo ao campus há regiões de concentração de urbana, ao longo da linha de trem, onde é possível encontrar shoppings, super mercados, grandes redes de lojas de roupas, serviços (como hospitais), além de lazer (KARAOKÊ *-*). Porém, uma distância de mais de cinco quilômetros separa o campus dessas áreas mais urbanas, fazendo com que seja necessário desembolsar uma quantia com transporte ou pedalar sua bike por uns 15 minutos para fazer compras no super mercado por exemplo. No entanto, sejamos justos, é possível encontrar lojas de conveniência 24 horas há 5 minutos de caminhada do campus, e muitos devem saber que em lojas de conveniência no Japão você encontra de tudo um pouco, de chocolate, sorvete e salgadinho, a marmitas de todos os tipos, comida congelada, revistas, roupas, utensílios eletrônicos, artigos de papelaria e muito mais. O crescente fluxo de alunos (com a inauguração de novos prédios do campus), também tem incentivado o crescimento do comércio local, e já é possível optar entre mais de dois restaurantes para almoçar sem se distanciar da universidade. Além disso, dentro do próprio campus estão instaladas diversas lojas de conveniência, restaurantes universitários, e redes de fast food e café, tudo para facilitar a vida dos estudantes que costumam passar o dia todo no campus, quer assistindo aulas, ou participando dos clubes de atividades extracurriculares.
Eu estou instalado em um dos quatro alojamentos do campus (por isso todo o mimimi sobre a distância da área urbana), e aqui é possível ver um grande número de estrangeiros, grande parte deles de outros países do leste asiático, é verdade, mas também um número considerável de ocidentais. Há um sistema de suporte a intercambistas, em que a universidade providencia um tutor para ajudar os novatos em processos burocráticos, como abrir conta em banco, registros na prefeitura e afins. Na universidade Ritsumeikan há um sistema muito bem organizado, que promove uma interação bastante intensa entre os tutores japoneses e os intercambistas. Aqui em Kyushu é mais um sistema simples de auxílio inicial. Ainda sobre a vida de intercambistas, se por um lado encontramos diversos serviços traduzidos em inglês e funcionários devidamente treinados para dar suporte a não falantes de japonês, por outro, ainda há situações que estudantes sem qualquer conhecimento da Língua Japonesa podem encontrar dificuldade. Na faculdade há algumas opções de cursos de japonês para os interessados em aprimorar a língua, além de um grupo de voluntários que se reúne semanalmente para ensinar alunos e parentes de alunos que não podem se matricular nas aulas ‘oficiais’.
Não vou entrar em detalhes sobre os cursos oferecidos na Universidade, para isso vocês podem acessar o site, mas sendo uma Universidade pública imperial, pode-se esperar que tenha uma vasta oferta. Eu estou matriculado na Faculdade Ciências Integradas para a Sociedade Global, que oferece cursos de pós-graduação em ciências sociais com uma pluralidade de direcionamentos, possibilitando ao aluno trilhar caminhos inovadores para realizar pesquisas que levem em consideração o enfoque global da sociedade e dos aspectos culturais. A página principal dessa faculdade apresenta em uma de suas abas um texto convidando interessados em estudos de mangá (e outros elementos da cultura pop), pois é uma faculdade que realmente abre espaço para pesquisas inovadoras. E foi assim que eu consegui a bolsa de estudos para realizar minha pesquisa que envolve mangá, literatura e light novel. Apesar do meu curso ser predominantemente em língua japonesa (por ser a área de literatura comparada), esta faculdade oferece programas de aulas inteiramente em língua inglesa.
Por enquanto vou encerrar este relato, que já está ficando longo e chato, mas já deixo um spoiler que nas próximas semanas eu vou fazer um relato bem bacana sobre minha experiência participando de clubes de atividades extracurriculares. Na Universidade Ritsumeikan eu frequentei o clube de mangá por poucas semanas, e depois passei a frequentar o Clube de Artes Midiáticas (pra quem conhece o animê/mangá Genshiken, é parecido com aquilo, só que com mais de 30 membros), e agora em Kyushu estou frequentando o acapela, HarmoQ. Se tiverem interesse também falarei alguns outros clubes que conheci de vista nos festivais culturais e afim. Por enquanto, fica aí o cheirinho de sushi e shoyu. Até a próxima semana!
PS. Assim como na semana passada, vou falar sobre minha “weekly obsession”. Na verdade, já deve fazer uma semana que eu estou me controlando pra não jogar, mas eu estive realmente muito obcecado pelo jogo Agario um tempo atrás, após umas poucas experiências eu peguei o jeito e cheguei…. bem…. vejam vocês mesmos na foto abaixo. Porém, como o dever fala mais alto, eu dei uma parada na jogatina pra estudar, porque é o que realmente importa.