Dizem que uma imagem vale mais do que mil palavras. Este clichê torna-se uma verdade incontestável ao se falar de “Pétalas”, um lançamento da Jupati Books/Tambor Quadrinhos, de autoria de Gustavo Borges (vencedor do HQmix 2015 de melhor produção independente) e cores de Cris Peter (responsável também pelo colorido estonteante das Graphics MSP Astronauta – Magnetar e Astronauta – Singularidade, ambas de autoria de Danilo Beyruth).
A história começa num inverno particularmente rigoroso, no qual um simpático pássaro de cartola anda no meio da neve, aparentemente à procura de abrigo. Ele se depara com um filhote macho de raposa, que procura lenha, porém sem muito sucesso.
O Pássaro oferece lenha vinda de sua cartola ao pequenino Raposo, que aceita de bom grado. Imensamente agradecido, o convida para ir à sua casa, não antes sem pedir autorização ao seu pai. Ao entrar no lar acolhedor, o Pássaro nota que o pai do Raposinho está doente e que o filhote está se esforçando para ser um bom anfitrião, ao mesmo tempo em que se preocupa com o conforto de seu pai. Para retribuir a acolhida, o Pássaro então examina o papai Raposo e, tirando duas pétalas da flor de sua lapela, habilmente prepara uma infusão que faz com que este sinta-se melhor.
O Raposinho, então, percebe que seu convidado misterioso pode ajudar outras pessoas, ao mesmo tempo que o Pássaro não se nega a dividir suas poucas pétalas restantes para fazer com que outros recebam o mesmo alívio que o pai de seu anfitrião. Em um determinado momento, o destino acaba batendo seu martelo de forma inexorável, ao mesmo tempo em que faz com que novas possibilidades desabrochem.
“Pétalas” é uma história encantadora. Além de dar seu recado sem nenhuma palavra, ensina lições muito preciosas. Os personagens são muito carismáticos e empáticos, além de serem representados com um traço fofo, porém ao mesmo tempo, sofisticado e expressivo. É tocante ver como o Raposinho, ainda tão novo, assume responsabilidades dentro de seu lar enquanto seu pai não melhora. O Pássaro, por sua vez, é um exemplo de altruísmo, pois deixa de lado suas próprias necessidades para fazer outros felizes.
Esta história é uma grata surpresa em meio a tantos lançamentos épicos. Ver uma capa tão delicada e convidativa enfeitando as bancas de jornal, nos dá a esperança de que o caminho está se abrindo cada vez mais para os jovens talentos nacionais. Não deixem de conferir… e de se emocionar.