sexta-feira, novembro 15, 2024
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Vivendo no Japão #06: Festival Escolar

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Yo! Depois de passar as últimas três semanas “fora da faculdade” nos temas das postagens, hoje eu voltei para os terras universitárias, mas ainda em clima de diversão para contar um pouquinho sobre os tão conhecidos “Festivais Escolares”, e mais especificamente sobre minha experiência no festival escolar da Universidade de Kyushu (ou Kyudai, como apelidamos carinhosamente) como membro do clube de acapella, HarmoQ.

Primeiramente, os festivais das Universidades, pelo que percebi, ocorrem geralmente no mês de novembro. Nos meus tempos de Kyoto, por exemplo, as três grandes universidades da cidade realizavam seus festivais uma em cada final de semana do mês. Aqui em Kyushu, não foi diferente, mês de novembro vem com folhas de outono, um frio de lascar e o tão esperado festival escolar. Quem já assistiu ao menos um animê escolar sabe do que eu estou falando. Os festivais são eventos anuais onde (no caso das universidades), o clubes de atividades extra-curriculares montam barracas de comida ou salas de entretenimento, além de fazer apresentações nos palcos e salas fechadas (no caso dos clubes de artes e música).

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Em questão de comidas, o festival é um perigo, uma variedade enorme de comidas, desde yakisoba, takoyaki (bolinho de polvo), curry, dango e lámen, até churrascos, churros, pratos coreanos e de diversos outros países (de comitês de alunos estrangeiros). Além da variedade, os preços são bem convidativos, o que faz com que você não se iniba e tente experimentar de tudo, o que pode lhe render um enorme prejuízo (e uma dor de barriga se exagerar na mistureba). Quanto às atrações, eu pude ver, além do clube de acapella, performances do clube de música acústica, jazz, show de mágica, bandas de rock, além de maid-café, sala de massagem, clubes de desenho, mangá, videogame, ficção científica, e até uma sala especializada em pokémon, que contou inclusive com a participação do Pokémon Center de Fukuoka, que promoveu batalhas de cards e distribuiu um card promocional do Latios.

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É incrível ver como o festival atrai um público variado, além dos estudantes, você se depara com moradores da região, pais com crianças e diversos colegiais acompanhados de seus pais, que estão certamente estudando para prestar o vestibular para a Kyudai. Estes, parecem estar conhecendo os clubes com antecedência para decidir em qual se filiar quando ingressarem (haja auto-confiança).

Como mencionei, desde maio eu tenho participado do HarmoQ, o clube de acapella da Kyudai. O clube tinha uma sala, toda forrada com panos pretos, para parecer uma casa de shows, onde as inúmeras bandas dos membros se apresentavam durante todo o dia. Além disso, tínhamos uma pequena área perto das barracas de comida onde eram realizados “street lives”, que tinham como objetivo chamar atenção dos transeuntes e divulgar nossa sala, além dos horários que o clube iria se apresentar no palco principal, e também divulgar o Winter Live (que será realizado em breve). Os membros que entraram em 2014 e 2015 eram os principais responsáveis pelas tarefas durante o festival. Para quem tem interesse no funcionamento de um clube, a seguir relatarei um pouquinho de como foi minha participação.

Durante o último mês, todas as bandas deveria submeter sua inscrição caso quisessem se apresentar no festival. Além disso, nas últimas semanas houveram reuniões gerais onde foram distribuídas as funções de cada um, divididos em grupos (que se comunicavam por meio de uma sala de chat do Line – como um grupo de whatsapp), e também ocorreram os ensaios da apresentação de uma música com todos os membros (que por falta de tempo não pude participar). Apesar de ser considerado um clube bastante divertido e leve, as bandas todas levam muito à sério, e eu, desacostumado, sofri bastante para conciliar o ritmo dos ensaios com os estudos e vida social.

O festival começou no sábado, mas sexta-feira a maioria das aulas foi cancelada, e começaram os preparativos. Nós do HarmoQ tínhamos de chegar às 8 para começar a preparar a sala e aprender como deveríamos exercer nossas funções no dia, além de fazer o último ensaio com equipamento. Nos dias do festival também chegávamos às 8, fazer últimos toques e arrumações, pois às 9:10 em ponto começavam os shows na sala. Eu fiquei trabalhando como “porteiro” durante praticamente todo o sábado, então pude notar que no período da manhã o fluxo de pessoas é muito pequeno, e na hora do almoço começa um fluxo mais intenso, que vai diminuindo no final da tarde. Minhas bandas se apresentaram no sábado ao meio dia, e domingo às 10, ou seja, além dos membros do clube, tinha alguns poucos amigos e alguns adultos que pareciam realmente interessados, quiçá especialistas em acapella.

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Após trabalhar até às 6 no sábado e em seguida passar mais algumas horas ensaiando com minha banda para a performance de domingo, no segundo dia, depois de cantar, tive a tarde toda livre e consegui aproveitar o festival. Visitei a sala de maids (que era engraçada, mas pra quem já visitou um maid café, um pouco decepcionante, já que as meninas parecem muito tímidas para entrar no personagem), comi em diversas barracas, assisti performances incríveis das bandas dos meus veteranos do HarmoQ no palco principal, e ainda fui, logicamente, na sala do pokémon garantir meu card promocional e matar a saudade de jogar TCG. Passei ainda para ver um dos meus colegas de acapella se apresentar com o vilão no clube de música acústica (que tinha um serviço ótimo onde você pagava 100 yen por um copo de bebida e podia pedir refil quantas vezes quisesse), e um amigo que participou do clube de jazz.

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No domingo o festival foi até por volta de 7 horas, e após isso os clubes se reuniram para deixar tudo organizado, para que, na manhã seguinte, novamente às 8 fizessem a verdadeira arrumação, levando os esquipamentos de volta para o almoxarifado, etc. Para quem está acostumado a acordar cedo, talvez seja tranquilo, mas para universitários, acostumados a uma rotina corrida e dormir tarde, ter de estar em pé e pronto pra trabalhar às 8 da manhã por 4 dias seguidos é um ritmo puxado (eu mesmo no primeiro dia voltei para casa – alojamento dentro do campus – para tirar um cochilo no período da tarde, quando já havia feito o básico do meu serviço, e também acabei não indo na segunda de manhã, pois tinha passado a noite no karaokê com meus amigos). Vale mencionar que esta segunda-feira era um feriado, por isso, não haviam aulas.

Caso tenham mais interesse no funcionamento dos clubes, deixem comentários e perguntas, pois estou pensando em, em breve, fazer uma postagem contando sobre minha experiência com clubes (já que nos tempos que estive na Ritsumeikan eu frequentei o clube de Mangá, por um tempo, e depois frequentei o Clube de Artes Midiáticas – sabe Genshiken? então, tipo isso).

Agora com o fim do festival, o desafio é voltar ao ritmo de estudos.

PS.   Tem muitas coisas que estou obcecado essa semana. O novo filme do Digimon, o último filme da série Jogos Vorazes. Mas eu escolhi dar destaque para a música Senbonzakura (mais famosa na voz de Hatsune Miku). A banda de um dos meus senpais fez uma performance de aplaudir de pé dela e agora simplesmente não consigo tirar da cabeça. É uma excelente faixa pop-rock temperada com instrumentos tradicionais japoneses, que dão um sabor especial. Dêem uma olhada na original:

E confiram também a performance acapella incrível dos meus senpais, o vídeo todo é sensacional, especialmente se você entende japonês, mas caso queira apenas ver a música mencionada, ela começa em 11:30

 

Rafael Vinícius Martins
Rafael Vinícius Martinshttps://daisukeinkyoto.wordpress.com/
Jovem otaku/geek/nerd, mestrando em Literatura Comparada na Universidade de Kyushu, tendo como foco culturas de massa (animê, mangá, light novel). Membro do clube de acapella HarmoQ, e viciado em livrarias e lojas de produtos de animê. Facebook: https://www.facebook.com/daisuke.h0j0 Instagram: @daisuke_h0j0

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