Não é bacana receber rótulos, ser hostilizado ou julgado por suas atitudes. A intolerância, infelizmente, ainda está muito presente na sociedade como um todo, mas aqui vamos falar de uma versão dela, a implicância. Vitamin traz uma história densa, que mostra o que a implicância pode fazer à vida de alguém.
A história
Sawako Yarimizu é uma ginasial como tantas outras: notas na média, namorado relativamente popular, amigas até que boazinhas e… sem vontade própria. Ela quer passar no melhor colégio possível para agradar a mãe, que tem a filha mais velha como modelo; não consegue recusar os pedidos do namorado para fazer sexo em locais não muito recomendados, não tendo voz nem para se recusar a fazer coisas que a machuquem e também é incapaz de ser sincera consigo mesma.
Sua situação muda drasticamente quando é surpreendida por um colega de sala em meio a um ato sexual dentro da classe. No dia seguinte, a história se espalhou como rastilho de pólvora e Saeako passa a ser alvo de bullying. É aí que o inferno começa.
Seu namorado se isenta da responsabilidade mútua, o que faz com que a garota seja ainda mais hostilizada, sofrendo não apenas agressões verbais como também agressões físicas pesadas. O professor responsável pela classe acha que tudo não passa de exagero e sua mãe não pensa em nada que não seja o risco de Sawako não conseguir se formar. Diante de tal situação insustentável, o pior só não acontece porque ela se lembra de algo que abandonou ainda pequena, mas que não é tarde para retomar. Isso se torna a sua vitamina para reagir e novamente poder andar de cabeça erguida.
Opinião
O modo como Sawako vai e volta do inferno várias vezes é desesperador. Quando você acha que não é possível acontecer mais nada com ela, Keiko Suenobu (mesma autora de Limit, também lançado pela JBC e cujo último volume está previsto para dezembro \O/) mostra que os bullies sempre podem ir mais longe enquanto têm certeza da impunidade.
As atitudes da família de Sawako também nos deixam divididos; enquanto o pai é compreensivo, a mãe demora um pouco para perceber a verdadeira dimensão do problema da filha. As cenas finais das duas são extremamente emocionantes, bem como a formatura de Sawako.
Para quem está esperando desenhos como os de Limit, pode esquecer. Vitamin é de 2001, enquanto Limit foi lançado quase dez anos depois, tempo suficiente para a autora amadurecer seu traço e sua narrativa de forma esplêndida. Ainda assim, longe de estar datada, a história de Vitamin ilustra o que muitas pessoas sofrem por aí. Pode ser em maior ou menor escala, mas ainda assim representa de forma sublime. Além disso, a JBC caprichou nesse one-shot, publicando a edição brasileira em papel off-set.
Para todos aqueles que gostam de emoções fortes, leiam Vitamin. Repassem a história adiante e, quando bater aquela vontade idiota de fazer aquela “brincadeira” com seu colega de trabalho, escola ou com quem quer que seja, pense nesta história e reflita: nem toda brincadeira tem graça e nem todo final é feliz.