Um mago é abandonado em uma ilha deserta… Mas no final tudo é perdoado e todos terminam felizes. Não, não é uma resenha sobre “A Tempestade” de William Shakespeare; vamos falar sobre o incrível Zetsuen no Tempest, mangá lançado pela JBC no começo deste ano e concluído de forma épica. Que a magia tenha início!
A história
Hakaze Kusaribe é a princesa herdeira do clã Kusaribe, uma família cujos membros não necessariamente têm laços sanguíneos, mas são unidos pela magia: eles recebem a proteção da Árvore do Gênese, uma espécie de entidade que compartilha com o clã suas dádivas mágicas, desde que estes, por sua vez, ofereçam frutos da civilização como uma espécie de oferenda.
Por motivos alheios à sua vontade, Hakaze foi abandonada sozinha dentro de um barril em uma ilha deserta, sem frutos da civilização que a permitissem retornar para enfrentar o clã e reaver sua posição de poder. Como princesa do clã, Hakaze conta com uma “sorte dos diabos”, já que é a pessoa mais abençoada pelas dádivas da Árvore do Gênese. Sendo assim, ela lança uma mensagem na garrafa e aguarda pela resposta.
Ao mesmo tempo, o colegial Yoshino Takigawa está visitando o túmulo da família Fuwa. Nele dormem os pais e a irmã mais nova de seu melhor amigo Mahiro Fuwa, os três assassinados brutalmente num crime que, até o momento, estava longe de ser solucionado. O que Yoshino não poderia imaginar é que seria envolvido por Mahiro em uma complicada batalha para salvar a humanidade da destruição.
Os amigos se unem para ajudar Hakaze a sair da ilha, graças à astúcia de Yoshino e à frieza de Mahiro. O único porém é que Mahiro havia pedido à Hakaze que encontrasse o assassino de sua irmã em troca de sua ajuda, mas mesmo com todo o empenho do clã, nada foi encontrado. Isso significa que o assassino seria ninguém menos do que o mago do Apocalipse, o único que não poderia ser detectado pela magia do clã Kusaribe.
Diante disso, os garotos resolvem ajudar o clã a derrotar a Árvore do Apocalipse; Mahiro por querer vingar a morte da irmã e Yoshino apenas para entender, já que Aika Fuwa era sua namorada. Hakaze passa a nutrir sentimentos por Yoshino e, ao analisar friamente tudo o que se passou desde seu isolamento na ilha, passa a questionar se as ações da Árvore do Apocalipse realmente trarão a destruição.
O que parece um enredo simples torna-se uma trama intrincada, com personagens incríveis que possuem motivações bem humanas. A cada volume que passa, fica mais evidente a identidade do assassino de Aika e que tudo não passa de um sofisticado quebra-cabeça para resolver uma charada: a morte de Aika foi necessária para que a humanidade passasse por uma espécie de teste ou tudo não passou apenas de uma coincidência infeliz?
As respostas para esses questionamentos vêm da forma mais épica possível, com direito a viagem ao passado e tudo o mais. A conclusão da saga acontece no volume 9, mas o décimo volume pode ser considerado como o “Grand Finale”, pois fecha tudo de forma plausível e satisfaz perfeitamente os fãs, pois não deixa pontas soltas.
Opinião
Não acho que Zetsuen no Tempest foi tão baseado assim na Tempestade de Shakespeare; tenho a impressão de que o autor fez apenas um esboço “de leve” na obra e desenvolveu a mesma do jeito que sentiu que deveria. A obra está recheada de citações que combinam perfeitamente com o clima da trama e, em vários momentos, dá a impressão de que tudo vai terminar em tragédia.
Longe disso. Kyo Shirodaira faz com que os personagens dancem de forma magistral no palco que lhes concedeu e vai além: cria soluções para os mistérios impostos durante a história que, apesar de desconfiarmos da verdade através de algumas dicas escondidas de forma engenhosa, nos fazem pensar que jamais teríamos pensado que seria daquela forma.
O traço de Ren Saizaki não fica atrás, dando aos personagens o visual que corresponde exatamente às suas personalidades. As páginas transbordam magia e, em mais de uma cena, você consegue ler tudo o que passa pela mente dos personagens só de olhar sua expressão.
Zetsuen no Tempest foi uma grata supresa no meio dessa avalanche de lancamentos da JBC em 2015. A obra tem tudo o que a gente curte ver numa história e é daquelas que sempre dá vontades de reler. Gostaria que mais obras desse naipe pintassem por aqui, seria muito bom.