E aí! Como estão vocês? Acordei nessa sexta-feira pensando que eu precisava escrever uma postagem mas andava sem ideias essa semana. Aí parei pra pensar porque eu estava sem ideias, e foi aí que eu percebi que era porque minha mente estava tomada pelo Valentine’s Day. Normalmente esse dia passaria em branco pra mim, não fossem as lojas e mercados abarrotados de chocolates e o fato de… eu estar namorando. Sim! (depois de tantos anos) Finalmente eu estou oficialmente namorando no dia dos namorados! Então, apesar de saber que é um tema já batido, resolvi trazer um pouquinho sobre o dia dos namorados, que muita gente já está cansado de ver em animês, mas quero comentar um pouquinho sobre como é na vida real.
Quem assiste/lê shoujo deve estar bastante familiarizado com o Valentine’s Day. Comemorado no dia 14 de fevereiro em vários países do mundo (exceto no Brasil, que provavelmente devido ao carnaval resolveu incubir o Dia dos Namorados a outro santo, comemorando a data apenas em junho), o Valentine’s Day no Japão é marcado por um costume bastante peculiar. Para entender melhor, é necessário voltar uns 50 dias no tempo, para o Natal. No Japão, o Natal é uma data especialmente curtida por casais. Diferente do Brasil, onde geralmente passamos o Natal com a família, aqui namorados fazem um programa romântico, trocam presentes, vão para restaurantes, comem bolo e depois… motel (ou casa, pra quem pode). Qual o sentido então de se comemorar dia dos namorados menos de dois meses depois? Ainda mais o Japão, considerado por muitos como um país “frio” e de pouca intensidade nos relacionamentos.
É claro que todas essas datas são majoritariamente comerciais, e vembem a calhar num país de consumismo desenfreado como este. Mas de um ponto de vista totalmente despretensioso, eu me arriscaria a dizer que o Natal é para casais “adultos” (ou ainda para casais já formados), e o dia dos namorados é para se declarar para a pessoa amada. Ou ainda, de uma forma mais interpretativa: o Natal é o feriado do amor, e o Valentine’s é da paixão.
Como muitos devem saber, o costume aqui no Japão é de que no Valentine’s Day as garotas presenteiam suas pessoas queridas (principalmente do sexo masculino) com chocolate, e geralmente aproveitam essa oportunidade para presentear o rapaz por quem tem sentimentos como forma de se declarar. Uma das principais características do Valentine’s é o fato de as meninas colocarem a mão na massa. Claro que há uma infinidade de chocolates deliciosos e extremamente lindos nas prateleiras, mas fazer o seu próprio chocolate, além de divertido, demonstra um carinho maior. Além disso, é muitas vezes esperado que mulheres deem um chocolate mais impessoal para seus colegas. Pela experiência que tive aqui em ambiente universitário, nos laboratórios de pesquisa é comum que alguma(s) das moças traga(m) para compartilhar com os demais.
Ainda no quesito chocolate, em Fukuoka foi realizado durante as duas primeiras semanas de fevereiro a Salon du Chocolat Fair, uma pequena exposição ‘gourmet’ de diversas marcas e chefs renomados. Tivemos a oportunidade de dar uma olhada e apesar dos preços em sua maioria exorbitantes, com esforço era possível encontrar coisas não tão caras. E realmente, em questão de sabor é incomparável. Shoppings e supermercados também utilizaram seu espaço aberto para promover feiras de chocolates e utensílios para preparar o seu presente.
Sobre o Dia dos Namorados em si, infelizmente eu não posso dizer muito porque passei o dia em casa. Amanhã é a prova de mestrado do meu amor, então aproveitamos a noite anterior e deixei o dia de hoje livre, porque afinal a prova é importantíssima. Mas pelo que ouvi de amigos, os cafés estão lotados, então imagino que seja um programa típico tanto para casais como para amigos. Nada diferente do esperado.
Como curiosidade, para os que acharam injusto que só as mulheres presenteiem os rapazes, 1 mês após o Valentine’s Day, é realizado o White Day. Neste dia os rapazes devem retribuir às garotas de quem recebeu chocolate com um presente. Este é um exemplo bem típico da cultura asiática da retribuição, em que um presente sempre deve ser devidamente agradecido e retribuído, criando um ciclo de agrados.
PS. Preciso compartilhar uma imagem que me surpreendeu essa semana. Enquanto passeava por lojas procurando por um presente, na Village Vanguard, loja que já mencionei diversas vezes aqui, me deparei com esta organização.
Na foto vemos conjuntos de canecas de casais da Disney, um par formado por Ariel e príncipe Eric, e outro por Brance de Neve e o Príncipe Florian. Porém a atendente da loja resolveu nos brindar com um gesto de “aceitação”, e trocou os pares, colocando Branca de Neve para beijar Ariel e os Príncipes se beijando entre si. Pois bem, conhecendo a cultura dos mangás Yaoi e Yuri, muitos podem ter a falsa ideia de que o Japão é um país bastante aberto à homossexualidade. Mas na vida real não é bem assim. Se casais héteros mal podem dar um selinho em público, casais gays andar de mãos dadas é algo extremamente raro. Pelas minhas conversas com homossexuais japoneses, as gerações mais velhas podem aceitar muito bem um amigo homossexual de seu filho (o que em algumas pessoas mais velhas no Brasil é algo bastante complicado), mas o próprio filho se assumir homossexual ainda é um grande problema. E por isso, não apenas japoneses, mas também chineses e coreanos dificilmente sequer consideram um dia se assumir para os pais. Não é uma questão de “se”, ou “quando”, não é nem mesmo uma questão, para eles provavelmente os pais morrerão sem saber. Não posso deixar de pensar que é algo bastante triste. Tão triste quanto a situações de diversos gays mundo à fora que passam por uma pressão forte da família, sendo até mesmo expulsos de casa em algumas situações. Em conversas , soube também que na Coreia a situação ainda é tão complicada que uma pessoa pode ser demitida se for descoberta gay. Outra questão é que no Japão, garotos são tão vaidosos, fashion e delicados, que é bastante difícil tentar deduzir que alguém é gay apenas pela aparência e atitude. Na verdade, a maioria dos gays que conheci se comportam de forma mais “máscula” que muitos héteros, justamente pelo medo de “dar pinta”. Ainda assim, tenho a impressão que dos três países que mencionei, o Japão ainda esteja um pouco mais adiantado, e espero que avance ainda mais no quesito aceitação no próximos anos.
PS2. Minha obsessão desta semana não poderia ser outra senão meu mais recente namoro e meu presente de dia dos namorados, que entre outras coisas, contou com este Pikachu mais lindo do mundo. Da minha parte, eu resolvi preparar alguns brigadeiros (que na verdade foram feitos pela Mari, e enrolados por nós dois), e dei junto com esta linda toalha do Kakashi *-*