Se os fãs de histórias de terror e suspense estavam chateados por não ter algo mais clássico nas bancas no estilo mangá estavam chateados, podem ficar sossegados, pois a JBC também não os esqueceu. No meio da avalanche de lançamentos de 2015, a editora que vem falindo nossos bolsos trouxe um mangá inusitado, baseado em contos de um dos mestres do terror, H. P. Lovecraft. O Cão de Caça e Outras Histórias é a nossa análise da vez, mas só leia se não tiver medo do escuro…
Os contos e seu desenhista
O mangá é dividido em três contos, que serão descritos de forma bem breve para evitar spoilers. Todos eles são muito bem desenhados por Gou Tanabe, considerado especialista neste tipo de história.
Quem quiser saber mais sobre ele, dê uma olhada nos títulos Kayane, completo em 2 volumes e em Mr. Nobody, completo em 3 volumes. Dei uma olhada por cima e já fiquei apavorada.
O Templo
Neste conto, somos transportados ao fundo do mar, onde o submarino alemão U-29, sob comando do capitão Karl Heinrich, afundou o cargueiro britânico Victory.
Ao se livrarem do corpo de um dos tripulantes do cargueiro, o tenente Klenze pega como souvenir uma pequena cabeça de estátua de mármore. As consequências desse ato de profanação do cadáver de seu inimigo os perseguirão até as últimas consequências.
O Cão de Caça
Dois amigos, entediados com a vida que levam, arranjam um passatempo inusitado: a profanação de túmulos.
Em uma dessas expedições são levados à Holanda, onde encontram num túmulo abandonado há mais de 100 anos uma estranha estátua, uma mistura de leão com cachorro.
Ao levar a estátua para seu mórbido museu, os amigos terão que lidar com as forças que despertaram um guardião indesejável, que não descansará até reaver o que lhe foi subtraído.
A Cidade sem Nome
Um explorador encontra nas Arábias as ruínas de uma cidade há muito esquecida e que ninguém ousa citar o nome, pois a mínima menção a ela apavora o homem mais corajoso.
Ao desconfiar de um vento que não combina com a atmosfera do lugar, o explorador faz uma descoberta ao mesmo tempo impressionante e assustadora, e agora deverá se esforçar para não sucumbir enquanto tenta fugir do que lhe foi mostrado.
Aquele que inspirou o mangá
H. P. Lovecraft (1890-1937) é considerado um dos autores de terror mais influentes do século XX. Criador do mito do Cthulhu e do fantasioso grimório Necronomicon (presente em quase todas as suas histórias), só obteve reconhecimento póstumo.
Suas criações influenciaram quadrinhos como Conan, o Bárbaro (cujo autor era seu amigo pessoal), Martin Mystère (clássico da Bonelli) e obras mais recentes como o anime Kishin Houkou Demonbane, o Neonomicon de Alan Moore e, de passagem, o mangá Soul Eater.
Parte da sétima temporada do seriado Supernatural também sofreu influência de Lovecraft; o autor aparece no capítulo onde os irmãos Winchester descobrem que as portas do purgatório já foram abertas uma vez. Além disso, Lovecraft inspirou jogos de videogame, inúmeras bandas de metal e até mesmo o atual mestre do terror Stephen King.
Opinião
O mangá é bem ilustrado, dando aos contos a atmosfera lúgubre dos livros. Tanabe consegue dar expressões perturbadoras às criaturas bizarras da mente de Lovecraft com louvor, não deixando nada a desejar aos mangás de outros expoentes do terror japonês.
Para quem quer ler algo diferente, este mangá é uma ótima pedida, pois ele é de nos deixar arrepiados só de folhear.
Agradecemos à editora JBC, que nos encaminhou o exemplar para análise.