Dizem que a terceira vez é a que vale, então vamos comemorar! Depois de duas editoras terem tentado publicar esta obra e falhado por motivos distintos, a Panini assume este legado de cabeça erguida e traz uma edição de encher os olhos. Estou falando de Vagabond, obra genial de Takehiko Inoue (Slam Dunk, Real), baseada no best-seller “Musashi”, obra máxima de Eiji Yoshikawa. Vamos conferir?
A história
A batalha de Sekigahara terminou. Dois jovens que saíram de sua vila em busca de honra, glória e da cabeça de um general para serem respeitados estavam do lado derrotado e, agora, precisam fugir dos caçadores de recompensa. Eles são o indolente Honi’den Matahachi e o selvagem Shinmen Takezo; amigos de infância e companheiros de fuga.
Ajudados por duas mulheres moradoras das imediações, ambos derrotam alguns bandoleiros e acabam se separando no processo: Matahachi esquece completamente que deixou mãe e noiva na vila e resolve ir embora com as duas mulheres; Takezo, por sua vez, volta para a vila para avisar à velha mãe de Matahachi, a amarga Obaba, e à noiva abandonada, Otsu, que o amigo está vivo mas impossibilitado de voltar tão já.
Sua fama de selvagem o persegue e desperta interesse do lado vencedor da batalha, uma vez que, enquanto fugia dos dissidentes do bando do azarado bandoleiro, Takezo deixou uma trilha de sangue às suas costas. Antes de seguir seu caminho e tornar-se o guerreiro valoroso de quem o mundo fala até os dias de hoje, Shinmen Takezo deverá enfrentar primeiro a ira de Obaba e a mágoa de Otsu, que nem consegue se lembrar do rosto do noivo. Para saber se Takezo conseguirá seguir seu caminho e acompanhar sua trajetória de lutas até se tornar Miyamoto Musashi, basta marcar um encontro mensal nas bancas, periodicidade deste título.
A edição
Eu diria que a edição da Panini é algo entre a primeira e a segunda versão da Conrad; ela vem com as capas da versão standard mas com um acabamento semelhante ao de Planetes, com orelhas e papel off-set, o que remete um pouco à edição “definitiva” da Conrad, que encontrou seu fim prematuro no volume 14.
Apesar de ser uma edição diferenciada, ela saiu por R$ 17,90, ou seja; cabe no bolso da maioria. Com um papel de alta durabilidade, todo mundo pode ficar sossegado porque daqui a alguns anos ninguém vai abrir o mangá e dar de cara com uma pinta amarela no rosto do Takezo.
Se for pra citar algo que deixou o pessoal triste (me included) seria o fato de que, como os contratos são diferentes, as páginas coloridas que existiam no formato standard da Conrad são p&b na versão da Panini (apenas as primeiras páginas do primeiro capítulo estão coloridas). Claro que isso não prejudica a leitura de ninguém e todo mundo vai sobreviver a isso, mas mesmo assim achei que deveria citar.
Como nas versões anteriores, a tradução ficou por conta da veterana Dirce Miyamura. As orelhas trazem ilustrações aquareladas de Inoue, bem como poemas relacionados ao que aconteceu na edição. O acabamento ficou lindo e mal posso esperar para ver os próximos.
Opinião
Não é todo dia que saem mangás como Vagabond nas bancas. Já tinha passado da hora de termos esse título em nossas estantes de forma contínua. Nunca me esqueço da decepção que tive quando abri o número 44 da edição standard da Conrad há alguns séculos e me deparei com um flyer dizendo que ela seria suspensa a partir dali, mas que a edição definitiva não nos desapontaria.
Naquele ano, voltei carregada do Fest Comix (universitária pobre é uma desgraça) com todas as edições definitivas lançadas até então e lembro que, a princípio, me empolguei por causa da sobrecapa, mas… vi que tinham mudado algumas coisinhas na tradução, “tirado” algumas páginas coloridas (nessa época eu era praticamente uma pirralha, nem sonhava que existiam contratos diferentes para licenciamento de um mesmo título) e, pra piorar, tinham uns quadrados brancos que ficavam fora do balão e me deram muita dor de cabeça só de olhá-los. Anos depois, minha esperança reacendeu-se com a publicação pela Nova Sampa mas o preço me derrubou, afinal, eu não estava no meu melhor momento financeiro (digamos que eu ainda esteja bem oscilante nesse ponto),
mas… a edição da Panini coube no meu bolso calejado.
Espero do fundo do coração que ela vingue, que venda bem e que abra portas para mais publicações nesse formato, bem como para Real, um mangá que, na minha humilde opinião, já deveria ter vindo há muito tempo.
Agradecemos à editora Panini que, gentilmente, cedeu o exemplar para análise.