Pensa num tema. Conversa com professor. Escreve projeto. Corrige projeto. Submete inscrição. Passa por provas e entrevista. Aguarda aprovação. Aguarda outra aprovação. Mais uma aprovação. Prepara as malas e vai. Chega aqui. Conversa com professor. Pensa em outro tema. Escreve outro projeto. Corrige o outro projeto. Submete a inscrição. Passa por provas e entrevista. Aguarda aprovação. Tudo isso enquanto estuda, estuda, estuda e desenvolve pesquisa. E finalmente, após quase dois anos desde que comecei os preparativos, aqui estou, concluindo minha segunda semana no mestrado na Universidade de Kyushu, uma das grandes imperiais do Japão.
Pra quem quer saber mais detalhes sobre as etapas e todo o processo, recomendo que leia as primeiras postagens que fiz aqui para o JWave, e caso tenha mais alguma curiosidade, é só perguntar que ficarei feliz de responder. Hoje eu quero contar um pouco como é essa experiência de estar efetivamente no mestrado. Você deve estar acostumado a ver animês ou mangás que mostram aquelas cerimônias grandiosas e formais de início das aulas, seja de escola ou faculdade, bem, aqui não é diferente. Porém a grande cerimônia no salão é voltada para os estudantes de graduação. Nós, da Pós-graduação, temos cerimônias isoladas para cada departamento. Portanto, a minha foi num salão menor, com cerca de 50 alunos de Mestrado e Doutorado da Escola de Pós-Graduação em Ciências Integradas para a Sociedade Global. Todos vestidos em roupas sociais após enfrentar um temporal, tivemos uma apresentação de coral para nos recepcionar, e após um almoço uma longa tarde de explicação sobre os procedimentos burocráticos para o início do semestre.
Foi nesse momento que eu fiquei sabendo que além das aulas de literatura moderna e comparada que eu já estava cursando, eu teria alguns cursos obrigatórios de introdução ao sistema de conhecimento da faculdade, além de escolher um sub-curso, fora da área de comunicação. Destrinchando o material, acabei me deparando, na área de estudos sociológicos com cursos de Teoria do Gênero, e resolvi dar uma olhada (até por ser um dos poucos cursos em inglês que eu poderia escolher). Ao chegar na primeira aula de Teoria de Gênero, a professora apresenta o plano do curso para esse semestre, em que ela decidiu fazer algo “diferente”: analisar uma obra de animação sob diversas perspectivas de teorias de gênero, e a obra é Wolf Children – Ame and Yuki, do meu diretor predileto Hosoda Mamoru. Podem imaginar a alegria incontida no meu rosto quando vi o programa né. Desde então tenho lido diversos textos teóricos introdutórios sobre feminismo e questões de identidade e gênero e estou achando fascinante. Principalmente por ter notado que minha mente foi condicionada durante a minha formação na USP a fazer análises de teor estruturalista e semiótico, e perceber que há outras formas de se enxergar a obra de arte, me abre para inúmeras possibilidades de pesquisa.
Devido à nova rotina, tentarei manter os textos aqui mais curtos e objetivos. De modo que sejam escritos e lidos em pouco tempo. Vejo vocês novamente em breve.
PS. Minha obsessão esta semana (na verdade há umas duas semanas já) é o novo single da Koda Kumi, intitulado Shhh!. Eu fui no show dela aqui em Fukuoka, e como sempre fiquei boquiaberto com a energia e o talento da Rainha dos Lives. No local do show estão sendo vendidas versões exclusivas do single e eu não podia perder a chance de adquirir o meu. A faixa, que também é a abertura do show é um pop dançante, com um ar de Christina Aguilera misturado à sensualidade e qualidade única da voz da Kuu-chan.