Depois de termos sido bombardeados com inúmeras histórias onde jovens lutam pelas próprias vidas nos mais variados tipos de arena, as editoras brasileiras resolveram investir em uma história que, se não nos ganha por originalidade de trama, pelo menos nos prende a atenção aliando-a à ilustrações perturbadoras.
Estou falando do livro “O Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares”, cujo primeiro de uma possível trilogia chegou ao Brasil pela editora Leya e me deixou desesperada para ler os próximos. Curiosos? Então vamos lá!
A história
Jacob Portman é um adolescente rico, herdeiro por parte de mãe de uma rede de farmácias, na qual precisa trabalhar pelo menos por algum período devido a uma tradição de família. Mesmo fazendo os mais variados desaforos para sua gerente e agindo com a típica arrogância da adolescência, não consegue ser demitido devido à sua condição deveras injusta aos olhos dos outros funcionários, que precisam estar ali para pagar suas contas.
Seu avô, o simpático senhor Abraham Portman, é sobrevivente da Segunda Guerra Mundial, na qual lutou para se vingar daqueles que oprimiram seu povo, os judeus, além de tirar suas famílias e dignidade. Vovô Portman, desde sempre, contava a Jacob não só histórias de guerra, mas também histórias sobre o orfanato que vivia junto com outras crianças, que descrevia como peculiares.
Como se a imaginação já não fosse combustível suficiente para uma mente infantil, vovô Portman tinha fotos para provar e que poderiam encantar e perturbar crianças no mesmo grau: um garoto levantando uma pedra enorme com apenas uma mão, uma menininha loira de cara emburrada usando uma coroa e levitando a poucos centímetros do chão, entre outras coisas bizarras em maior ou menor escala.
Conforme foi crescendo, Jacob passou a aceitar aquilo como contos de fada e interpretou que as fotos não passavam de montagens. O que o garoto nunca imaginou era que, muito em breve, conheceria não só os astros dos supostos embustes das fotos, mas se juntaria a eles como um peculiar.
A revelação
Durante mais um de seus dias entediantes, Jacob recebe uma ligação meio esquisita do seu avô, que ele julgou ser apenas um surto pós-guerra. Quando chegou com seu único amigo (e motorista nas horas vagas) até o condomínio onde vovô Portman morava, percebeu que algo não estava certo e tinha razão; encontrou a casa toda revirada e, o mais perturbador, o responsável não só pela bagunça, mas também pelo possível cadáver de vovô Portman caído no jardim. O problema era que seu amigo não viu absolutamente nada e que, para piorar, a criatura fugiu sem deixar vestígios, deixando pra trás um Jacob intrigado, perturbado e desesperado, uma vez que tudo o que seu avô ainda conseguiu articular foram instruções meio desconexas, talvez em código, antes de morrer em seus braços.
Agora, Jacob terá que lidar com o fato de que todos acham que enlouqueceu por conta do ocorrido e que talvez as histórias de seu avô não fossem apenas para impressionar o neto criança. Ele precisa encontrar o Orfanato da Srta. Peregrine e, com sorte, algum de seus moradores, para que ele consiga viver em paz com a morte de seu avô e tenha sua sanidade reconhecida uma vez mais.
Filme
A versão cinematográfica da obra está prevista para estrear em setembro deste ano lá fora, mas a data aqui no Brasil ainda está um pouquinho longe. Algumas fontes dizem que virá em dezembro, mas outras afirmam que será em janeiro de 2017. O fato é que o trailer já está circulando há algum tempo e parece ter ficado bem fiel à obra, exceto por algumas liberdades de adaptação que tomaram com relação ao par romântico de Jake, Emma. Acredito que eles tenham usado a peculiaridade de duas personagens distintas para construir esta personagem, mas o fato é que só vou conseguir sacar mesmo o que fizeram quando assistir o filme, uma vez que o pôster traz alguém que TAMBÉM pode ser a Emma.
A direção do filme ficou por conta do queridinho de Hollywood Tim Burtom. Jacob (Jake) ganhou vida através do queridinho Asa Butterfield (A Invenção de Hugo Cabret) e a senhorita Peregrine ficou muito bem na pele de Eva Green (007 – Cassino Royale). Outros atores queridinhos de todo mundo estão presentes também na adaptação como a divérrima Judi Dench e o genial Samuel L. Jackson, este último no papel do vilão. A caracterização dos personagens e a ambientação dos cenários ficou muito boa, bem próximo do que imaginei lendo o livro.
Opinião
Como falei no comecinho da resenha, “O Orfanato da Srta. Peregrine” não prima por uma história original, mas sim por unir a trama (que pode ser comparada aos X-Men a grosso modo) a uma série de fotografias que, pasmem, são todas reais e emprestadas por alguns colecionadores, devidamente creditados no final do livro.
O grau de bizarrice dessas fotos é épico e vai desde o extremamente tosco ao profundamente perturbador. O autor soube usar direitinho a aura dessas fotografias para criar o clima que uma história desse naipe merece.
Acredito que a vinda do filme fará com que a terceira edição chegue logo ao Brasil. Espero que eu esteja certa, e que a história mantenha o mesmo nível que no primeiro volume. Já encomendei o segundo e estou contando os dias para voltar às aventuras das crianças peculiares.