Pegue Soul Eater e Yu Yu Hakusho, jogue no liquidificador, bata bem e reserve. Acrescente pitadas generosas de Nura e Kekkaishi, lasquinhas de Inu-Yasha e de Natsume Yuujinchou e algumas colheres de essência de shonen com traço bonito. Misture tudo até obter uma massa homogênea e arremate com um protagonista folgado, mas que não desaponta na hora do vamos ver, não deixando de acrescentar uma mocinha carismática que consiga colocar o protagonista na linha.
O resultado dessa receita maluca é um dos mangás mais legais dentre os lançados pela Panini em julho; Noragami. Ele foi um dos destaques do Anime Friends e chega às bancas para os fãs de aventura sobrenatural e é a estrela desse JMangá.
A história
Em um dia normal de aula, uma garota alvo de bullying da pesada chora sozinha no banheiro. Em meio à sua tristeza, repara em um número de telefone, cujo dono promete resolver seus problemas. Como ela acredita não ter nada a perder, resolve ligar e, em sua frente, aparece um garoto da sua idade que se apresenta como Yato, o Delivery God (?!).
Yato e sua parceira Tomone (que aparece na sequência) explicam que ele é um Kami, uma entidade que vive no “Limiar”. Como a garota consegue ver alguns nuances desta outra dimensão, ela foi capaz de enxergar o telefone e, assim, pedir ajuda.
Após pagar pelo serviço com uma oferenda de cinco ienes, Yato ajuda a garota, mas não sem fazer com que Tomone, sua parceira, finalmente perca a paciência e desfaça o contrato de servidão com ele.
Enquanto Yato se lamenta por ter perdido sua Shinki e adiado seu plano de conseguir um templo com milhões de adoradores (enquanto ainda procura o gatinho perdido do seu cliente seguinte), a doce Hiyori está dando um passeio com as amigas após a aula. Enquanto sonha acordada com seu ídolo, a estudante se dá conta não apenas da presença de Yato, mas do fato de que ele está prestes a ser atropelado por tentar salvar o gato.
Sem pensar duas vezes, Hiyori se joga na frente do caminhão para tentar salvá-lo e enquanto dá bronca em Yato, este chama sua atenção para o fato de que seu espírito está separado do corpo, no melhor estilo Yu Yu Hakusho.
Apesar de não ter morrido, Hiyori terá que conviver com esta estranha habilidade enquanto aprende a lidar com o ego de Yato, que parece maior do que o mundo. Aos poucos, ela perceberá que ser uma habitante do limiar não é tão ruim assim, pelo contrário; ficará feliz em ajudar Yato enquanto busca uma solução para seu probleminha espiritual.
Outras mídias
Noragami já conta com 17 volumes no Japão e é publicado em capítulos na Monthly Shonen Magazine. Além do mangá, a trama ganhou um anime de 12 episódios pelo estúdio Bones em 2014 seguido de 2 OVA’s.
Uma segunda temporada do anime intitulada “Noragami Aragoto” saiu em 2015 e foi finalizada com 13 episódios.
A edição brasileira
A versão nacional de Noragami vem com páginas no papel jornal; apesar de não vir com nenhuma página colorida, traz de brinde um marca-páginas frente e verso muito lindo (especialmente o lado que traz o fundo branco).
O glossário enriqueceu bastante a obra, explorando e explicando bem o lado xintoísta do mangá. Uma edição caprichada assinada em conjunto por Beth Kodama e Camila Cysneiros, com tradução de Luciane Yasawa.
Opinião
Apesar de dar a impressão de ser uma mistura de outras obras com a temática “sobrenatural”, Noragami tem seu mérito.
Com um começo um pouco confuso, a obra evolui rapidamente e ganha sua própria forma. Os personagens têm potencial para melhorar cada vez mais e mesmo no primeiro volume já é possível notar as nuances no traço da autora, que se esforça para seguir em frente.
Os cânticos entoados por Yato para firmar ou desfazer o contrato com a entidade que se torna a shinki são muito bonitos e devo admitir que meu coração bateu mais forte nas vezes em que ele disse “que os ventos soprem a seu favor”. Quero saber mais sobre esse kami folgado e ver como ele e Hiyori trabalharão juntos, crescendo em vários aspectos. Entendo que o mangá precisa ser bimestral, mas mal posso esperar para ler o próximo!