segunda-feira, dezembro 23, 2024
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Review | Arakawa Under the Bridge #1

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Ensinado desde pequeno a não dever nada a ninguém, o riquinho Kou Ichinomiya está em um dilema, pois justo o primeiro favor que vai dever a alguém é nada mais do que sua vida.

Parece sombrio, mas é apenas o comecinho de um dos mangás mais bacanas lançados no Brasil em 2016. A editora Panini trouxe para nossa alegria o incrível Arakawa Under The Bridge, uma deliciosa comédia nonsense, mas que também poderia ser uma história sobre como aceitar o próximo do jeito que é. Vamos começar?

A história

O herdeiro da Ichinomiya Company, o universitário Kou Ichinomiya, teve um treinamento rígido ministrado por seu pai: “Nunca deva nada a ninguém”. Tais ensinamentos foram duramente aprendidos, uma vez que mesmo a atenção que todo pai dá a seu filho quando criança foi cobrada sem dó do garoto, como se tudo não passasse de um investimento em uma espécie de “bolsa de favores”.

Com uma infância assim, não é estranho que, ao sofrer bullying por parte de crianças que arrancam sua calça e penduram num lugar deveras inacessível: uma das vigas bem no alto da ponte do rio Arakawa, ele recuse a ajuda de uma jovem para reaver sua roupa.

Também era de se esperar que o modo como ele resolveu chegar até essa viga, sem segurança alguma, não tivesse outro resultado que não fosse cair no rio, só de cuecas e com uma parte da viga prensando-o para o fundo, sem condições de subir sozinho.

Seria um jeito muito idiota de morrer, não fosse a ajuda da jovem, que pula no rio para salvá-lo. Quão grande seria a dívida que ele teria com ela agora, se considerar que tudo o que experimentasse desde então seria graças à ela?

A jovem, Nino, era uma sem teto que mora debaixo da ponte do rio Arakawa. Kou acredita que dar melhores condições de vida à ela bastaria para pagar sua dívida, mas Nino recusa; ao invés disso, apenas pede a Kou que explique a ela “O que é o amor?”.

Assim começa o relacionamento dos dois, que irá mudar a vida de Kou e seu conceito sobre as pessoas. Agora seu nome será Recruta (Ric para os íntimos) e ele vai passar por muitas situações absurdas e engraçadas enquanto se acostuma não só com a vida debaixo da ponte, mas com o fato de que agora precisa ensinar a alguém algo que ele mesmo nunca aprendeu.

Personagens bizarros e apaixonantes

Nino, a doce e bela garota que salva a vida de Ric e se torna sua namorada alega ser uma venusiana e é por isso que não entende o que é o amor. Além dela, existem outros moradores na margem do rio, cada um mais bizarro do que o outro.

O “chefe” do local é o Prefeito, um cara que alega ser um Kappa, quando na verdade só está usando uma fantasia. O Branquelo tem um TOC que o faz andar só em cima de linhas brancas e vou deixar para vocês descobrirem como ele foi parar lá. A lista ainda continua com o Sister, responsável pelo espiritualidade dos moradores, um cara que não tira uma máscara em forma de estrela (que misteriosamente tem expressões incríveis), entre outros personagens que ainda não se mostraram muito, mas que prometem ser motivo para muitas risadas (ou seria stress?).

Se formos parar para pensar, o mais bizarro de todos é o Ric. Mesmo discordando de tudo e tendo chiliques a cada vez que Nino faz algo por ele, acaba aceitando tudo e se tornando parte da grande família do rio Arakawa que, sem que ele perceba, está lhe ensinando uma grande lição. Arrisco dizer que também estamos aprendendo junto com ele, já que vemos tudo de seu ponto de vista.

Capa da edição brasileira
Capa da edição brasileira

A edição brasileira

Arakawa Under the Bridge é um mangá que merece bastante atenção, já que tem um monte de detalhes especiais. Um deles é o logo, que varia a cada edição e teve uma bela atenção por parte do Dih Diogo, assistente editorial da Panini. A tradução ficou por conta da veterana Drik Sada e a edição compartilhada entre Beth Kodama e Camila Cysneiros.

Devo dizer que fiquei impressionada com as páginas coloridas. Para quem não sabe, ao final de cada edição tem um mini capítulo todo em cores, que pode ser lido tanto no sentido oriental quanto no ocidental. O resultado ficou muito bom, pois não causa estranheza em nenhuma das duas versões. Meus parabéns à tradutora e às editoras.

Páginas coloridas da edição brasileira de Arakawa
Páginas coloridas da edição brasileira de Arakawa

No mais, a edição é semelhante aos mangás regulares da editora, impressa em papel jornal. As páginas coloridas foram impressas naquele papel lisinho e o conjunto ficou bem harmonioso.

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Outras mídias

O mangá ainda está em andamento no Japão, com 15 volumes. Se quiserem conferir a história de uma outra forma, existem duas temporadas de um anime feito pelo estúdio Shaft, com 13 episódios cada. Um dorama também está em andamento, mas não recomendo muito, pois não faz jus ao mangá.

Um pouco do humor do mangá
Um pouco do humor do mangá

Opinião

Arakawa é um mangá que me deixou em dúvida até o último momento. Quem me conhece, sabe que tem determinados tipos de mangá que não costumo nem dar uma chance e muitos acharam que Arakawa seria um deles, mas… estávamos todos muito enganados.

A história me pegou logo de cara e fui me apaixonando por todos os personagens. A cada bizarrice que Ric passava, eu não sabia se morria de rir ou se ficava com pena, mas em nenhum momento fiquei arrependida de ter lido, pelo contrário; acredito que o mangá traz uma lição importante por detrás das doideiras, que é respeitar e tentar entender aquilo que você não entende.

Tem duas falas da Nino neste volume que achei muito adequadas: “O que queremos saber é quem você é. O que você tem ou deixa de ter não nos interessa.”. Talvez essa seja a chave para que o Ric continue tentando fazer as pazes com o seu passado e uma dica para que a gente se importe mais com o que realmente importa. Bela lição, belo mangá. Pena ser bimestral.

Agradecemos ao pessoal da Panini por ter enviado o exemplar para análise.

Luana Tucci de Lima
Luana Tucci de Lima
Fã incondicional de CLAMP, Nobuhiro Watsuki e Yuu Watase. Adora mangás Yaoi , Turma da Mônica e... mordomos de óculos.

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