segunda-feira, novembro 25, 2024
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Review | Colecionando Mangás

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Quem diria que a coluna que eu criei sem nenhuma pretensão chegaria a centésima edição. Em comemoração, gostaria de falar sobre um tema que sempre quis abordar: como eu comecei a colecionar mangás.

Antes de tudo, preciso dar o contexto da minha infância para que as coisas possam fazer mais sentido. Sou nascido e criado na Zona Leste de São Paulo, próximo a um bairro com grande concentração da colonia japonesa e acabei sendo introduzido a muitos temas e tradições desse pequeno. Tive a sorte de estudar em um colégio que era “da colônia para colônia” e graças a muitos coleguinhas fui apresentado a cultura pop japonesa, mesmo que a contra gosto. Foi só com a saudosa Rede Manchete que eu finalmente cai nas garras deste amor gostoso e comecei a participar mais ativamente da rodinhas de conversar.

Passado alguns anos, meus colegas nissei começaram a aprender japonês e a treinar lendo periódicos. Foi assim que eu vi pela primeira vez um mangá, um tal de Doragon booru. De imediato eu rejeitei o quadrinho. Primeiro por não conseguir ler aqueles “rabiscos”, segundo por ser ao contrário e, principalmente, “por não ser colorido como Turma da Mônica”.

Muitos anos depois, no início dos anos 2000, já um pouco maior, pedi a minha mãe para me levar a banca pois tinha um gibi do Homem Aranha que eu queria comprar. Quando eu estava dando aquela olhadinha pelas revistas, uma me chamou atenção. Ela estava um pouco acima das demais e mostrava claramente caracteres em um idioma diferente. Tais caracteres eram kanjis e essa revista era Video Girl Ai #7, da JBC. Meu primeiro pensamento foi “caramba, está saindo mangá no Brasil” e, ao folhear, “e é hentai” (claramente não era). Foi amor à primeira lida, perdi a conta de quantas vezes eu reli aquele volume. Se eu entendi a história? O que importa! Aquilo era diferente se tudo que eu tinha lido, incluindo cenas de nudez. Desse dia em diante, sempre que ia à banca procurava por algum mangá novo. Lembre-se, estamos em uma época pré internet em que não tinha informação tão fácil. Inclusive, o anúncio do lançamento de Yu Yu Hakusho foi capa da finada revista Henshin. Inclusive, essa edição vinha encartada um adesivo do Darth Vader em versão mangá. Enfim, outros tempos.

O tempo foi passando e a paixão por mangás foi crescendo. Foi lançado cada vez mangás no Brasil, uns muito bons outros nem tanto. Vi a ascensão e a queda da Conrad, os primeiros mangás da Panini (Gundan Wing e Slayers com páginas espelhadas) e também tentei descobrir quem pintou as listras das zebras. Conforme a coleção crescia, um problema começou a aparecer e uma frase que muitos devem ter ouvindo durante a vida colecionística “você não ganha nada com essas revistinhas”. E foram essas mesmas revistinhas que me fizeram estar aqui e conhecer tanta gente do meio.

Juliano Vasconcelos, do Blog do Jotacê, uma vez disse que “você se torna colecionador assim que cataloga os itens”. Verdade ou não, assim que fiz uma lista no Excel, passei a ter mais controle e realmente a pensar no que eu queria ou não comprar. Na última atualização, a lista possuiu 2183 volumes. Deixo abaixo algumas fotos da minha coleção e convido a todos para contar suas histórias e mostrar suas coleções.

Bruno Fernandes
Bruno Fernandes
Assíduo colecionador de mangás desde 2001 e eterno amante da cultura japonesa. Viciado em AKB48, Games e Blu-ray.

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