sexta-feira, novembro 22, 2024
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Review | Nijigahara Holograph

Segredos inconfessáveis, pessoas esquisitas, um surto inexplicável de borboletas dentre outras coisas mais… tudo isso faz parte da história de Nijigahara, um parque próximo à uma escola que foi testemunha de uma série de acontecimentos ao longo de dez anos. Essa é a trama de Nijigahara Holograph, mangá volume único de autoria de Inio Asano (Solanin) e um dos destaques da CCXP 2016. Vamos conferir?

Tentando juntar os pedaços da história

Nijigahara Holograph é uma espécie de quebra-cabeças. Somos apresentados a alguns personagens e, logo depois, lançados 11 anos no passado para conhecer suas versões criança.

Komatsuzaki é o líder dos valentões da escola, sempre pegando um desavisado para fazer bullying. Ele é apaixonado por Kimura, uma garota bonita e esquisita, que é filha de pais separados e precisa conviver com o fato de que o corpo de sua mãe foi encontrado no parque de Nijigahara, alguns anos depois de sua partida. Além de lidar com a dor da ausência e da perda, é obrigada a aguentar os comentários maldosos da vizinhança, ao mesmo tempo em que também parece sofrer maus tratos na escola. Alguns dias depois, sofre um acidente e fica em coma.

Suzuki é um aluno transferido, que se esforça para não chamar a atenção de ninguém (o que acaba sendo um esforço inútil, afinal). Não parece se dar bem com os pais, especialmente com a mãe. Com uma personalidade um pouco distorcida, começa a se relacionar com uma de suas colegas de classe de um jeito um pouco estranho.

Arakawa é uma garota alegre, mas com um lado um pouco sombrio. Ela gosta de Komatsuzaki mas não é correspondida, e parece ter algo a ver com o acidente de Kimura. Já a professora responsável pela classe, Sakaki, vive com parte do rosto enfaixado por conta de um acidente. As crianças dizem ser obra do monstro que vive em Nijigahara, mas a verdade pode ser bem pior do que se supõe.

Imagem das borboletas na contra-capa brasileira de Nijigahara Holograph

Todos esses personagens são peças que serão encaixadas de acordo com a evolução da história. Seus atos no passado contribuem amplamente para o desfecho do futuro, nem sempre brilhante. A trama vai se esclarecendo enquanto caminha entre o passado e o futuro, dando uma visão geral do resultado.

Frustrados com seus problemas pessoais, tanto Komatsuzaki quanto Suzuki meteram os pés pelas mãos na escola; enquanto o primeiro acaba sofrendo um acidente parecido com o de Kimura que o deixa um pouco perturbado psicologicamente, o outro passa a ser ignorado pelos colegas igual à outra escola onde esteve, depois de mostrar sua revolta com a questão do bullying de maneira um tanto equivocada. Adultos, ambos continuam com dificuldades para se entrosar e Komatsuzaki ainda se mete em mais problemas, inclusive um assassinato.

A versão adulta de Arakawa trabalha em um café e continua apaixonada por Komatsuzaki, ainda mais após reencontrá-lo depois de tantos anos. Quando revela ao seu chefe que teve participação no acidente que deixou Kimura em coma até hoje, sente-se um pouco em paz com seu passado, sem saber que isso poderá ser a causa de uma nova tragédia.

A professora Sakaki casou com um dos professores e deixou de lecionar, mas nunca se perdoou por não ter empatia. A única vez em que demonstrou algo do tipo foi quando tentou impedir um rapaz de abusar de uma aluna em Nijigahara, o que lhe deu a cicatriz no rosto, agora impercetível, mas que ainda lhe fere a alma.

Todos esses acontecimentos e personagens se unem, de modo a mostrar o que desencadeou o acidente de Kimura, que parece ter sido o estopim que marcou para sempre a vida de toda a sua classe. Algumas revelações são surpreendentes e, ao mesmo tempo, tão tristes quanto as borboletas desorientadas que voam sem destino, enfeitando a história com uma união de beleza e aflição.

A edição brasileira

A versão nacional de Nijigahara Holograph ficou bonita, publicada em papel off-set, que deu uma realçada no traço de Asano. As contra-capas trazem imagens das borboletas em amarelo, que dão um contraste bacana no fundo preto. A tradução ficou por conta de Jae H. W.

Capa brasileira de Nijigahara Holograph

Opinião

Bem diferente de Solanin, Nijigahara Holograph é um mangá complicado se você não ler com um mínimo de atenção. As histórias se misturam o tempo todo entre passado e futuro, e existem momentos em que não dá para saber se o que eles estão vivendo é real ou não.

Todos os personagens são fascinantes ao mesmo tempo em que são perturbados em algum grau. Pelo menos um caminho tomado por um dos personagens me deixou de cabelo em pé, apesar de esperar algo do tipo pela premissa da história.
No mais, é um mangá muito intrigante, diferente do que estou acostumada a ler. Seria interessante outros no mesmo molde, para dar uma renovada nas opções que temos hoje.

Agradecemos à editora JBC que nos encaminhou o exemplar para análise.

Texto: Luana Tucci
Edição e Diagramação: Giuliano Peccilli

Luana Tucci de Lima
Luana Tucci de Lima
Fã incondicional de CLAMP, Nobuhiro Watsuki e Yuu Watase. Adora mangás Yaoi , Turma da Mônica e... mordomos de óculos.

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