Se você gosta de histórias de gladiadores, esta é uma boa opção de leitura. Anunciado no Fest Comix 2016 pela Panini, Bestiarius já está nas bancas brasileiras e chegou ao seu terceiro volume no mês de março.
Do mesmo autor de Hideout e Green Blood, Bestiarius tem um lindo traço (já esperado) e uma trama peculiar. Confira nossas impressões neste JMangá.
A história
Os romanos estão em guerra com as criaturas mágicas que vagam por suas terras, lutando até o último homem. Um desses guerreiros, em seus últimos momentos, reconhece quão inúteis são essas pelejas e pede ao senhor dos Wyverns que, caso encontre um dia seu filho Fynn, que conte a ele que seu pai morreu de forma honrada.
Quinze anos depois, em um dos muitos coliseus de Roma, um jovem arrisca sua vida para lutar contra um orc e vence. O jovem é Fynn e seu mestre é Durandal, ninguém menos do que o último dos Wyverns e aquele que o criou como se fosse um pai, sem lhe contar a verdade.
Para dar um “agito” nas batalhas, o imperador propõe uma batalha cruel: se Durandal vencer Fynn e o matar, terá sua liberdade ganha. O contrário também vale, então é revelado ao rapaz a verdade sobre a morte de seu pai, evento que o obrigou a se tornar um escravo aos quatro anos de idade, quando ficou sob os cuidados de Durandal no coliseu.
Apesar de ser uma batalha difícil em muitos aspectos, Fynn e Durandal lutaram com honra e provaram que os laços de uma família improvisada são tão fortes quanto os de sangue.
Dez anos antes, havia também um humano que tinha um laço fraterno com uma besta: um minotauro. Os dois “irmãos” lá viviam como escravos desde a infância, se esforçando para juntar dinheiro e comprar sua liberdade.
Zeno, o humano, cresceu e tornou-se um belo rapaz e um gladiador experiente, vencedor de todas as batalhas que trava. Talos, o minotauro, tem um coração afável e ficou responsável pelas refeições dos gladiadores. Sua natureza pacífica o torna alvo das chacotas de todos e Zeno sempre é obrigado a intervir.
Um dia, Zeno cai nas graças da esposa de um senador, a bela e cruel Arianna. Ela promete ao rapaz que, caso ele vença a temida manticora, concederá um prêmio de 2000 sestércios, dinheiro suficiente para comprar sua liberdade. O garoto aceita e vence, mas a suposta bondade de Arianna não se estende ao seu irmão adotivo.
Interpelada por Zeno, que insiste que ela tome também os serviços de Talos, Arianna traça um plano maquiavélico e maldoso: eles representarão a batalha do Labirinto da Ilha de Creta e Talos fará o papel que fora de seu pai, que morreu para protegê- los. Pela segunda vez nessa edição, ficará provado que podemos nos transformar se for para proteger àqueles que amamos, deixando aflorar nossa verdadeira natureza.
A edição brasileira
Bestiarius veio no mesmo formato de outros mangás de destaque da Panini, como Slam Dunk e Vagabond: páginas off-set e orelhas, assim como páginas iniciais coloridas.
A tradução ficou com a experiente Drik Sada, edição com Beth Kodama e as letras com Diógenes (Dih) Diogo.
Opinião
Quando li Bestiarius, achei que era algo parecido com Berserk: muito sangue, muita magia, muita maldade. Devo dizer que acertei em parte, pois Bestiarius tem tudo isso, porém numa dose bem light.
Você se pega comovido pelos laços que as criaturas formam com os humanos; vê que eles se importam e lutam por aquilo que acham correto e que muitas vezes foi tirado deles apenas por não serem humanos. E o que se pode chamar de humanidade ali, senão a atitude nobre de Durandal ao criar Fynn ou o amor incondicional do pai de Talos não só pelo filho biológico, mas também pelo pequeno humano, tão semelhante àqueles que tiraram sua vida.
Não sei se os demais volumes trarão histórias nos mesmos moldes, onde humanos e criaturas mágicas serão aliados ou família e enfrentarão a maldade humana, mas adianto ser uma boa opção para quem curte uma fantasia medieval sem muita violência gratuita.
Agradecemos ao pessoal da editora Panini que nos mandou o exemplar para análise.