Meses depois de relançar Lobo Solitário em versão definitiva, a Panini traz Novo Lobo Solitário, a continuação direta do clássico da dupla Koike & Kojima.
Se você ainda não leu Lobo Solitário na íntegra, esteja preparado para spoilers e venha dar uma olhada neste JMangá.
A história
Itto Ogami e Retsudo Yagyu jazem mortos no chão. No local do fatídico duelo, sobrou apenas Daigoro Ogami, agora órfão e sem lugar para ir.
Deitado ao lado do corpo sem vida do pai, Daigoro chora lágrimas silenciosas e acaba dormindo por exaustão. Um homem se aproxima, recolhe a criança e lhe dá de beber. Quando Daigoro acorda, demonstra não querer sair de perto do pai, mas o forasteiro demonstra ser de confiança. Ele se apresenta como Shigekata Togo, do estilo Jigen-Ryu de Satsuma, e promete à alma de Itto que cuidará do garoto.
Assim sendo, Shigekata crema os corpos e parte com Daigoro, que está triste por ter perdido o pai, porém consciente que está sob os cuidados de um grande homem. Enquanto isso, a terceira família que serve ao governo, o clã Hattori de espiões, recebe uma importante visita que os deixa a par da atual situação e lhes dá uma tarefa mortal.
Para cumprir a missão com sucesso, eles precisarão de um guerreiro nativo de Satsuma e, com isso, passam a perseguir Shigekata e Daigoro. A criança, ainda em luto por seu pai, aos poucos passa a confiar no espadachim. Já Shigekata se esforça para ensinar tudo o que sabe à Daigoro e assim, ambos seguem novamente no Meifumado, embora talvez com um novo fio de esperança em suas vidas.
Qual o intuito de revisitar um clássico?
No posfácio de Kazuo Koike, ele diz que Goseki Kojima, responsável pela arte de Lobo Solitário, partiu sem que ele terminasse de contar tudo o que queria, especialmente sobre Daigoro.
Segundo ele, as pessoas ainda queriam saber o destino do menino, mas ele não podia ir adiante já que a outra pessoa que deu alma à história já não estava mais entre nós… Mas Hideki Mori provou com suas atitudes e seu desenho que poderia assumir a tarefa, mas sem deixarem de creditar a arte original à Kojima.
Com permissão da viúva de Kojima, Koike e Mori retornam àquela triste cena onde a batalha entre Ogami e Yagyu tem fim, deixando Daigoro sob os cuidados de um guerreiro tão valoroso como fora seu pai.
A edição também traz uma espécie de estudo sobre alguns pontos da obra original, que é bem interessante e agrega bastante à visão que cada um tem de Lobo Solitário.
A edição brasileira
Novo Lobo Solitário segue o mesmo estilo de edição da republicação de seu antecessor: papel off-set e orelhas. As primeiras páginas do primeiro capítulo são coloridas.
A tradução ficou com Drik Sada, edição de Beth Kodama e letras de Ricardo Santana.
Opinião
Li a primeira edição de Lobo Solitário publicada pela Panini na íntegra, e ao chegar no final tinha certeza de que não haveria conclusão melhor. Não fiquei incomodada com o destino do menino, já que ele deu diversas mostras de que se viraria muito bem sem pai, afinal, filho de Lobo, Lobo é.
Apesar de entender a posição de Kazuo Koike, achei desnecessário revisitar o clássico. Shigekata é um bom protagonista, mas não me convence de que é alguém de que Daigoro aceitaria facilmente no lugar de seu pai, mesmo sendo pequeno.
Claro que ainda estamos no começo da trama, mas não sei se ela vai se tornar relevante a ponto de colocarmos ao lado da grandiosidade que foi toda a trama de Lobo Solitário.
Agradecemos à editora Panini, que nos cedeu o exemplar para análise.