Foram 14 anos esperando a continuação de “Os Incríveis” e ela finalmente veio. Arrojada e talvez diferente se fosse uma continuação produzida naquela época? Provavelmente, mas atualizada e mantendo a mesma qualidade de seu original.
A nova animação marca uma retomada de um universo criado, antes mesmo de a Marvel ter sido comprada pela Disney. De todo um poder protagonista feminino com Star Wars, Frozen e outras animações da própria Disney.
E pensando nisso, temos um novo filme que se afasta do filme original, tornando o outro lado de uma moeda, a ponto que ambos os filmes se completam.
Uma continuação direta…
É importante frisar que “Os Incríveis 2” é definitivamente uma continuação direta. Ela continua exatamente do minuto que o filme anterior acabou, assim tendo a segunda missão da família mais incrível de todos os tempos.
E temos uma cena de adrenalina ao máximo em que a cidade foi salva por eles, porém trazendo diversas consequências com isso.
Numa época que heróis são proibidos, Sr. Incrível e Mulher Elástica acabam tendo que sofrer as consequências com isso. Governo acaba levando a família para um hotel, apagam a memória de um “crush” da Violeta, num maior estilo “Homens de Preto”.
A questão é que os heróis continuam sendo proibidos e a destruição causada pela família do Sr. Incrível comprova pra sociedade que é melhor manter eles longe das ruas.
E como trazer os heróis de volta?
É pensando nessa pergunta que conhecemos os irmãos Winston e Evelyn Deavor (dublados no Brasil por Otaviano Costa e Flavia Alessandra). Ambos acabaram assumindo a empresa de seu pai, depois que ele morreu sem ter sido salvo pelos super heróis.
O pai de ambos era uma pessoa que contribuía e financiava heróis, porém com a proibição de heróis andarem nas ruas, acabou que ele foi morto por um bandido comum. E essa paixão pelos heróis que fez com que Winston assumisse a empresa, enquanto Evelyn ficasse na parte das criações.
Assim Winston convoca Gelado, Sr. Incrível e Mulher Elástico para uma reunião. Desconfiados, eles acabam indo e aceitam a missão de trazer uma nova época de heróis. Para isso, eles teriam que mudar de trajes que trazem câmeras para mostrar seu ângulo num salvamento.
Outro dado que é exatamente o que dá tom ao filme é que numa pesquisa sobre destruição em cidades em salvamentos, acaba que dos três heróis, apenas a Mulher Elástica é o que tem melhor desempenho. Para mudar a visão de uma sociedade sobre os heróis, acaba sendo fundamental a escolha por ela, o que agrega um tom feminino e oposto ao primeiro filme.
É nesse ponto do filme que temos a inversão de papéis, trazendo Sr. Incrível para o papel de cuidar dos filhos, enquanto Mulher Elástico volta as ruas. Se no primeiro filme tínhamos Sr. Incrível praticamente virando um agente secreto, aqui temos Mulher Elástico redescobrindo o prazer de ser uma heroína.
O sucesso dessas ações, acaba que Mulher Elástico seja convidada para participar de programas de televisão, além dela interagir mais e mais com os irmãos Winston e Evelyn Deavor. A questão é que quanto mais o tempo passa, mais ela percebe que Evelyn prefere se anular para o brilho do Winston, não deixando de se comparar esse tipo de escolha com as que fez com a sua vida.
Paralelo a isso, temos países conversando sobre legalizar os heróis novamente, enquanto a Mulher Elástica investiga um estranho vilão que está sempre no encalço de suas missões.
Uma família muito mais Incrível!
O roteiro de “Os Incríveis 2” apresenta diferentes núcleos e camadas, assim se um lado temos a independência da Mulher Elástica, também temos todos os problemas que o Sr. Incrível precisa lidar ao ter que tomar conta de casa “sozinho”.
Ai têm o problema de Violeta com “crush” na escola, Flecha com matemática e em especial o Zezé que tem mais de 15 poderes diferentes. São muitos desafios que Sr. Incrível nunca imaginou ter que enfrentar sozinho.
Opinião
É verdade que 14 anos foi muito tempo parar esperar um novo filme de “Os Incríveis”, porém ao sentar na cadeira de cinema e assistir essa continuação, trouxe uma nostalgia e ao mesmo tempo um gostinho que o tempo tenha realmente parado.
Não vou negar que diversas vezes percebi visualmente que o novo filme é muito mais bonito que o original. É só ver as roupas com texturas, cenas ainda mais grandiosas e repletas de detalhes que logicamente no filme original não tinha essa capacidade técnica.
Agora… Isso realmente importa? Sendo franco, por mais que o visual bonito, o que se precisa é de um roteiro. E é justamente isso que fez com que o filme demorasse 14 anos pra ser lançado. Brad Bird estava certo e tivemos um filme a altura do primeiro, então por mais que o filme esteja mais bonito que o original, o que torna essa experiência única é na história que foi contada.
Estamos vivendo uma época em que as heroínas estão assumindo as rédeas do gênero. Tivemos Mulher Maravilha, agora Capitã Marvel, além de tantos outras heroínas que estão ganhando brilho próprio como a Viúva Negra. E se vimos um ambiente masculino em “Os Incríveis 1” é muito bom assistir essa conquista feminina com a Mulher Elástica e Evelyn Deavor.
O filme traz boas surpresas e fecha muito bem toda essa luta de trazer os heróis de volta a sociedade. Recomendamos que vá ao cinema reviver esses personagens, porque esse novo filme da Pixar realmente merece ser assistido em tela grande.
Sobre os outros famosos que dublaram no filme, tivemos Raul Gil e Evaristo Costa. O Raul Gil é bastante fácil de encontrar, já Evaristo Costa nem tanto, porém a dublagem mantém a qualidade da anterior, respeitando a homenagem aos quadrinhos e suas adaptações por aqui. E ainda falando sobre famosos em dublagem, uma boa dublagem faz com que os famosos não sejam percebidos facilmente e é exatamente isso que tivemos. Tanto que Flavia Alessandra e Otaviano Costa estão bem à vontade como os irmãos Deavor e não é fácil reconhecer eles ali em cena.
Recomendo para todo adulto que tem uma criança interior. (E pra levar seus filhos, sobrinhos e netos também!)
Agradecimentos a Disney pelo convite