A cultura nipônica tem o dom de se expressar através da animação como provavelmente nenhum outro povo consiga ter. Há uma profundidade nas emoções e uma delicadeza na forma de mostrar tudo isso que é totalmente intrínseca ao povo da terra do sol nascente. Não é a toa que todos os anos, algum longa acabe sendo indicado ao grande prêmio do cinema mundial.
Desta vez não foi diferente, o anime Mirai é um dos fortes indicados ao Oscar de animação de 2019, evento que vai acontecer no próximo dia 24 de fevereiro, em Los Angeles, Estados Unidos. A animação de 2018, com 1h38 minutos de duração, tem feito sucesso nos festivais do gênero em todo o planeta.
O enredo
A história de Mirai gira em torno do garotinho Kun, uma criança tranquila, que vive uma infância feliz e cheia de mimos até a chegada da irmãzinha Mirai. Ele não consegue lidar com sabedoria a perda do protagonismo na família, começando a se retrair em um mundo solitário e totalmente imerso em sua imaginação.
No jardim de sua casa, ele cria um mundo imaginário onde começa a misturar o passado e o futuro, conhece parentes que nem chegou a conviver – sua mãe na infância ou seu bisavô e até mesmo sua irmã no futuro – tudo isso como uma analogia ao seu próprio autoconhecimento.
A abordagem japonesa à vida
Só os japoneses conseguem tratar de temas tão complexos – e ao mesmo tempo comuns – em animações populares. O enredo de seus roteiros são quase sempre baseados em teses psicológicas, além da sabedoria milenar do povo japonês. Talvez por isso acabem agradando a diferentes audiências em todo o mundo.
Existe, na cultura do Japão, um conceito conhecido como Ikigai, que significa a sensação de saber o motivo pelo qual você existe. O porquê de acordar pela manhã, entender os propósitos da vida e como conseguir viver bem durante toda a existência. Este filme trata sobre este assunto sem ser didático ou enfadonho.
Os temas mais profundos e até um pouco tristes são tratados com leveza, muita delicadeza e até um pouco de humor, fazendo com que até crianças se encantem pelas questões. Dificilmente, um anime japonês é indicado apenas para crianças. As referências e as mensagens subliminares embutidas nas histórias fazem com que toda a família seja tocada.
Um fato curioso sobre este filme e sua história. O roteiro se transformou em uma publicação literária. Geralmente é o contrário que costuma acontecer, livros que se tornam filmes. A publicação foi feita em 3 volumes, mas uma conhecida editora japonesa – a Yen Press – prometeu fazer uma grande e luxuosa edição em um único livro, em breve.
Sucesso mundial
O filme já foi lançado em diversos países do mundo – Inglaterra, Irlanda, Austrália, Nova Zelândia, dentre outros – e recebeu bastante atenção no mercado norte americano, após participar de alguns festivais, onde obteve excelentes críticas tanto do júri quanto do público presente.
Chegou a ser premiado no Florida Film Critics Circle Awards (2018) e no Sitges – Catalonian International Film Festival (2018). Dirigido por Mamoru Hosuda e com vozes de Moka Kamishiraishi, Haru Kuroki, Kumiko Aso e Gen Hoshino, ele ainda não tem data de lançamento no Brasil.
Veja o trailer: