quarta-feira, dezembro 25, 2024
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Crítica | X-Men: Fênix Negra

Alerta: Crítica com Spoilers

Quantas vezes um roteirista tem a chance de recontar sua história no cinema? Sendo franco, as chances são quase zero de você recontar uma história, porém o roteirista Simon Kinberg teve a chance adaptar duas vezes a saga da Fênix.  Uma em 2006 com X-Men:  O Confronto Final em 2006 e outra agora em 2019 com X-Men: Fênix Negra. dddddd

É verdade que 13 anos separa um filme do outro sendo que tivemos quase que um semi reboot com X-Men: Primeira Classe em 2011. Naquela época já se falava em adeus da franquia, mas esse adeus veio somente agora. X-Men em 2000 revolucionou os filmes do gênero e agora 19 anos depois, ao que tudo indica, estaria se encerrando para ganhar um reboot.

X-Men e o legado dos heróis da era 2000

Se existiu Homem de Ferro, três encarnações do Homem Aranha e mesmo uma revitalização dos heróis da concorrência, temos que dar a mão a palmatória e falar que o mérito disso tudo veio de Bryan Singer e seus X-Men em 2000. Tendo roteiro de David Hayter com Joss Whedon (sim aquele que também ajudou a revolucionou o gênero em 2012 com Vingadores), X-Men cruzou obstáculo de tornar possíveis os mutantes no mundo real.

Se X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido serviu pra o elenco original se despedir da franquia, também foi uma forma de dar o próximo passo e deixar para um futuro filme apresentar a equipe que talvez quisemos. Assim em 2016, X-Men: Apocalipse apresentou uma formação próxima do que sempre víamos nos desenhos e nos quadrinhos, tornando os mutantes mais próximos daquilo que víamos no filme de 2000.

Rasgando qualquer cronologia que amarrasse com os filmes originais, X-Men podia andar com suas próprias pernas e assim poderia revisitar histórias que já foram contadas antes.  Chegamos à oportunidade de ver uma nova versão da Fênix Negra. Será que conseguiram acertar dessa vez?

História

A história começa em 1975, quando Jean Grey era uma garota de uns 8 anos de idade e que despertando seus poderes acaba matando seus pais num acidente de carro. Levada para Mansão do Xavier, Jean Grey tem a chance de controlar seus poderes e superar o trauma de ter ficado órfã.

Passado o flashback, agora estamos em 1992 e os X-Men não são mais temidos pela sociedade e o Xavier tem até um telefone direto com presidente americano. Assim, quando astronautas têm problemas no espaço, acaba X-Men sendo a última esperança da Terra.

Usando sua nave, X-Men usam os poderes combinados da Tempestade, Jean Grey e Noturno conseguindo resgatar todos os astronautas. Só que Jean Grey para conseguir manter controle da nave acaba tendo contato com uma entidade cósmica e ficando inconsciente.

Na Terra, Xavier manda fazer exames e acaba se concluindo que a Jean Grey está mais poderosa que antes, mas não existiam provas o quão mal foi essa contaminação no espaço. Ela estava bem e era isso o que importava para Xavier.

Paralelo a isso, uma nave alienígena que assistiu tudo no espaço, acaba descendo na Terra e se camuflando entre os humanos, adquirindo aparência humana e aprendendo idioma terráqueo.

Enquanto isso, Xavier descobre que não consegue mais entrar na mente da Jean Grey e que todos os muros que ele fez em traumas de infância estão sendo rompidos. Quem é essa entidade que está no corpo da Jean e desfazendo tudo que Xavier fez pra proteger ela?

Produção

X-Men: Fênix Negra era pra ter sido lançado em março de 2018, porém o filme teve que sofrer refilmagens e a demora de reunir todo o elenco fez com que o filme só tivesse refilmagens em agosto do mesmo ano.

Além disso, comenta-se que todo o terceiro ato do filme foi refilmado devido a semelhanças com o filme Capitã Marvel que acabou sendo lançado em fevereiro de 2019.

Crítica

Definitivamente Fênix Negra não foi pensado como filme de despedida dos X-Men. Se existe qualquer intenção de querer comparar com Vingadores: Ultimato, talvez seja algo mais do fã do que do filme propriamente dito.

A grande sensação que o filme transmite é que foi mais uma história dos mutantes e que talvez tivesse outras histórias por aí caso a Disney não tivesse comprado a Fox.

X-Men: Fênix Negra te dá uma chama de esperança em seus minutos iniciais em mostrar um X-Men em que tudo funciona maravilhosamente bem. Aquela energia positiva, vibrante e ver o público vibrando pela equipe, acaba cativando o público, mas também ao mesmo tempo começa a se desfazer quanto mais o roteiro se apresenta.

E temos os primeiros tropeços de roteiro, começando pelo spoiler dado pelo próprio diretor da morte da Mística (Jennifer Lawrence). Empoderada e líder dos X-Men, Mística /Raven quer largar a equipe e pede pro Fera/Hank fazer o mesmo. Sendo os membros remanescentes do Primeira Classe, Mística não vê mais as atitudes do Xavier com bons olhos e quando tenda convencer a Jean Grey acaba sendo acertada e morrendo em cena.

Devo confessar que achei uma das mortes mais sem graça e sem expressão de toda a saga. A saída da Mística poderia ter sido feita de outras maneiras, porque no fim das contas acabou não tendo peso algum no roteiro. Tirando Hank que estava realmente sofrendo com a perda dela, os demais personagens não ficaram abalados com a perda.

O filme teve como destaque a Jean Grey e isso fez com que Sophie Turner tivesse que brilhar nessa transição de personalidade. Ela fez muito bem a personagem e assumo que por mais raso que tenha sido qualquer discussão sobre o passado da personagem, a atriz é um dos pontos positivos do filme.

X-Men: Fênix Negra acaba também se focando na derrocada do Charles Xavier como líder da equipe. Se questionando se os bloqueios que colocou na Jean Grey era algo certo a se fazer e as brigas com a Raven, resultam num personagem que está longe de ser um exemplo a ser seguido.

Agora se o filme tem uma história boa a ser contada, o grande problema do roteiro é não ter conseguido transparecer isso em tempo de cena. Tornando grande parte do elenco em figurantes de luxo, começando pelo próprio Ciclope/ Scott Summers interpretrado pelo Tye Sheridan. Sem um Wolverine para assombrar, Ciclope até que funciona como casal com a Jean Grey, mas está longe de ser o líder que conhecemos nos quadrinhos. Faltou dar chance no roteiro para Tye Sheridan conseguir mostrar um personagem tão forte quanto a Jean Grey feita pelo Sophie Turner.

E falando em figurantes de luxo, temos Magneto interpretado pelo Michael Fassbender que agora cuida de uma ilha pra mutantes cedida pelo governo americano. Descobrindo a morte da Mística, ele acaba querendo vingança em querer matar Jean Grey. Por mais que Michael Fassbender seja um incrível ator e já mostrou isso em Primeira Classe, aqui acaba se reduzindo a cenas sem qualquer brilho, servindo apenas para estar presente na última história da franquia.

Mas sinceramente o que mais incomoda do filme é a questão dos alienígenas que deveriam ser Império de Shiar ou sei lá o que queriam passar com eles. Praticamente sem nomes, trazendo apenas uma forma de como se camuflaram rapidamente e chegando atrás da Jean Grey, os personagens são tão apagados que não dá pra sentir nada nas cenas de luta.

Num determinado momento do filme se discute que a revelia da Jean Grey fez com que o governo americano (e de outros países) decidisse criar formas de controlar mutantes perigosos. Porém, não se sabe se isso foi planejado por humanos mesmo ou fazia parte do plano dos alienígenas para capturar a Jean Grey.

O ápice do filme é quando o governo captura todos os mutantes e colocam num trem em direção a um campo onde os mutantes perigosos estão sendo presos. É uma boa sequencia de lutas desde a captura e até mesmo no trem, mas a ausência de carisma da vilã em querer sugar a fênix da Jean acaba prejudicando sentir qualquer empatia por ela.

Discute-se que a fênix é algo que pode criar e destruir, sendo uma entidade que destruiu um planeta antes de ficar na órbita da Terra e parar no corpo da Jean Grey. E que essa entidade poderia reconstruir esse planeta e até mesmo usar a Terra como base dessa raça alienígena, mas só isso mesmo.

Sendo roteirista e diretor desse filme, Simon Kinberg encerrou a franquia com mais uma aventura e não com uma última história. Definitivamente, prefiro esse filme do que X-Men: O Confronto Final de 2006, porém isso não torna esse filme um marco da saga.

Gosto muito do elenco encabeçado por James McAvoy e Michael Fassbender, sendo definitivamente versões “definitivas” dos personagens nos cinemas. É definitivamente uma pena se despedir dessa versão, quando se tem Evan Peters roubando a cena com seu Mercúrio, ou mesmo Alexandra Shipp apresentando uma Tempestade bem consistente.  Mesmo o ator Kodi Smit-McPhee como Noturno funciona muito bem em dupla com a Tempestade sendo um dos pontos altos do filme.

Gostaria de ver mais filmes com esse elenco e sem precisar desses saltos do tempo desnecessários de um filme por década como fizeram desde Primeira Classe. Então se despedir de um elenco tão bacana, mas que ao mesmo tempo não está em seu melhor momento por causa de um roteiro ou de uma direção problemática é algo que gera angustia por querer e torcer que as coisas deem certo, mas não funcionar como você gostaria.

X-Men: Fênix Negra é um filme que você pode se divertir com ele no cinema, mas definitivamente não é a despedida que a franquia merece e muito menos é o fim de uma história. Se esse for realmente o último filme da franquia, a sensação é que a saga dos mutantes foi interrompida sem a chance de se despedir da forma que mereciam. Independente disso, a Disney está ai e agora é esperar o que vem com essa nova administração da franquia nos cinemas.

Agradecimentos a Fox pelo convite de assistir o filme.

Giuliano Peccilli
Giuliano Peccillihttp://www.jwave.com.br
Editor do JWave, Podcaster e Gamer nas horas vagas. Também trabalhou na Anime Do, Anime Pró, Neo Tokyo e Nintendo World.

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