terça-feira, novembro 12, 2024
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Review | Super Mario 3D World + Bowser’s Fury

Apesar de seu nome significar livremente “deixe a sorte para os céus”, a Nintendo sempre foi muito assertiva quando o assunto é ganhar dinheiro. Para quem não sabe, a empresa centenária abriu suas portas no século XIX, produzindo baralhos para o tradicional jogo de cartas japonês, o hanafuda. Foi nos meados dos anos 1960 que ela começou a brincar com os agora arcaicos joguinhos e curiosidades elétricos e alguns dos primeiros fliperamas já lançados. Sempre de olho nas modas emergentes, os diversos presidentes que sentaram na cadeira da chefia da Nintendo, sejam eles o mão-de-ferro Hiroshi Yamauchi, o amável e saudoso Satoru Iwata, ou o atual e até agora tímido Shuntaro Furukawa, procuram modos de manter a Nintendo relevante.

Quando Donkey Kong e nosso querido encanador narigudo deram o ar da graça, a tradicional gigante de Kyoto chegou com tudo no já nascido e em rápido crescimento mercado de videogames. E não é de hoje que ela aposta tão pesadamente em suas franquias de sucesso para se manter. Já é tradição a Nintendo relançar ou reinventar seus jogos. Desde seu primeiro console, o Nintendinho, ela vem fazendo isso; seja com a versão ocidental de Super Mario Bros 2, que antes era um jogo sem relação alguma com a franquia, chamado Dream Fact: Doki Doki Panic!, ou as diversas reinvenções de antigos formatos para um público mais amplo. Esse foi o caso dos muitos jogos de Famicom Disk System — o acessório exclusivamente lançado no Japão, que dava ao Famicom, o equivalente nipônico do NES, a habilidade de ler disquetes que possuíam algumas vantagens, principalmente na qualidade sonora dos jogos — convertidos para cartuchos comuns, como Metroid, Kid Icarus e o gigante The Legend of Zelda.

Apesar do sucesso digamos limitado do WiiU, seus jogos mais legais têm visto uma nova vida, como relançamentos no Nintendo Switch. O mais novo, Super Mario 3D World + Bowser’s Fury é provavelmente o pacote com mais novidades entre eles, trazendo o modo Bowser’s Fury, que é ao mesmo tempo um bônus e talvez uma prévia do que a Nintendo tenha em mente para os jogos futuros da série Super Mario. 

Que Daileon o quê! Mario dá conta do recado!

Esse novo modo de jogo apresenta uma mini aventura que se desenrola em um mundo aberto, com “fases” em forma de ilhas, que aos poucos são descobertas conforme o herói vai limpando o ambiente de uma tinta muito similar à vista em Super Mario Sunshine, outro dos relançamentos vistos ano passado, como parte da coletânea Super Mario 3D All-Stars, ao lado de Super Mario 64 e Super Mario Galaxy. Como o título entrega, o vilão da vez é novamente Bowser, mas transformado em um monstro no melhor estilo kaiju. Após ser raptado por uma poça de tinta, Mario se vê frente a frente com um desesperado Bowser Jr, que o implora a ajudar seu Papá, atuando como uma espécie de parceiro, ou caso tenha um amigo ao seu lado, o segundo jogador.

Para isso, você terá que coletar um monte de brilhos felinos para usá-los nos diversos faróis espalhados pelo mundo a fim de afugentar e enfraquecer Bowser, que de tempos em tempos escurece o mapa e trata de cuspir fogo em tudo quanto é lugar. Cada vez que você alcança um certo número desses brilhos, um sininho gigante aparece em certos locais que permite Mario se transformar numa versão gigante de Cat Mario, para que ele trave uma verdadeira batalha a la Ultraman contra Bowser. Esse ir e vir é basicamente o todo do modo Bowser’s Fury, e as mais ou menos seis horas são suficientes para satisfazer e não enjoar qualquer jogador. Fora que depois de alcançar o fim da história, como manda a tradição, ainda pintam mais colecionáveis para se conquistar. Claro, não chega a ser o absurdo de conteúdo que, por exemplo, Super Mario Odyssey oferece em seu pós-jogo, mas já ajuda a esticar o seu tempo de jogo um pouquinho mais.   

Ok, Bowser’s Fury pode ser a cereja do bolo desse relançamento, mas não tira o mérito de Super Mario 3D World. Já no WiiU, 3D World se mostrou um jogo maravilhoso do Super Mario, uma verdadeira joia dentre os poucos jogos da própria Nintendo do catálogo do console. Até quatro jogadores ainda podem embarcar nessa aventura no Switch, e apesar de ser praticamente idêntica à de WiiU, houve uma mudança que pode parecer simplória, mas que é crítica no aproveitamento do jogo: a velocidade. Os personagens na versão original moviam-se muito lentamente, mesmo correndo, o que foi mudado na nova encarnação do jogo. Ao apertar o botão correr, como nos jogos antigos do encanador italiano, seu personagem realmente voa baixo!

Super Mario 3D World e seu irmão menor de 3DS, Super Mario 3D Land, misturaram com maestria as mecânicas de jogo 2D com 3D, e seu maior charme, no caso de World, foi introduzir um novo poder na forma do traje de gato, que permite Mario e cia arranhar inimigos e escalar paredes. Sim, o que você odeia que seu felino de verdade faça em casa é o maior fator de diversão em Super Mario 3D World, fora, claro, as fases ridiculamente bem boladas e cheias de segredos esperando para serem exploradas de cabo, a, bem, rabo. Só que esse rabo, diferentemente do ditado popular, não é nem um pouco azedo! 

Mesmo que não tão magnânimo quanto Super Mario Odyssey ou até Super Mario Galaxy, Super Mario 3D World é ainda uma exuberante e charmosa aventura. Bowser’s Fury é uma contagiante novidade que dá dicas do que pode ser um jogo inteiro em mundo aberto do Mario. Já imaginou poder cruzar de uma fase a outra ininterruptamente? Pois essa tem chance de vir a ser a ideia principal de um novo jogo a ser lançado. E não seria de surpreender, considerando a mudança radical da fórmula que a Nintendo trouxe à série Zelda com o surpreendente Breath of the Wild, mostrando que ela não é avessa à ideia de inovar. 
Independentemente se você já jogou Super Mario 3D World ou se essa for sua primeira vez, o pacote Super Mario 3D World + Bowser’s Fury traz ao Switch mais um excelente jogo, além de um bônus extremamente bacana. É sem dúvida uma compra imperdível para fãs do bigodudo mais querido da Nintendo.

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