sábado, novembro 23, 2024
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Crítica | Top Gun: Maverick

Qual é o peso de um legado? Tendo um intervalo de 36 anos, Top Gun: Maverick tinha o papel de trazer uma nova história naquele universo criado em 1986. Dirigido por Joseph Kosinski que também já havia trabalhado com franquias mantendo legado vivo como em Tron: Legacy.

A pergunta que fica é se realmente tudo que havia de bom em Top Gun: Ases Indomáveis está presente aqui? E sendo direto ao ponto, a resposta é sim e até além disso. Se entre franquias dos anos 80, tivemos o não êxito de Tron, podemos dizer que Top Gun: Maverick está muito mais próximo de um Cobra Kai para Karatê Kid, mantendo a chama acesa para uma nova geração, respeitando sua mitologia e personagens.

E se você esperava encontrar um Tom Cruise chegando aos 60 anos, parece que ele vive outras regras, vivendo muito mais um personagem jovem igual a nova geração, do que veteranos igual ali no primeiro filme.

Top Gun: Maverick

Qual a história do novo filme?

Aqui temos o Capitão Pete “Maverick” Mitchell (Tom Cruise) tentando salvar a equipe de cortes de orçamento da Marinha. Novos tempos trazem soluções mais baratas e que não envolvem vidas como drones, o que faz “Maverick” tentar a todo custo evitar o fim.

Rebelde e ainda “capitão”, o personagem “Maverick” é então transferido para a escola que foi nos anos 80 chamada de Top Gun. Ali, ele descobre que o personagem Tom “Iceman” Kazansky (Val Kilmer) o escalou para professor de uma nova geração que deve cuidar de uma missão suicida em 3 semanas.

Contra sua própria natureza de resolver as coisas, o “Maverick” sabe que está no fim da linha para sair da Marinha e acaba tendo que ensinar o seu estilo a esses pilotos que já eram os melhores até então. O que ele não sabia era que um desses pilotos era justamente Bradley Bradshaw (Miles Teller), filho do seu parceiro Nick “Goose” Bradshaw lá do filme original.

Só que a história ainda não terminou, porque Penelope “Penny” Benjamin (Jennifer Connelly) é o novo par romântico do Pete “Maverick” Mitchell. Tendo uma história de idas e vindas, ela acabou comprando o bar ali perto dos treinamentos há alguns anos atrás e não esperava cruzar o caminho do “Maverick” novamente. Esse é um arco da história que se desenvolve de acordo com esperado de um filme do Tom Cruise, mantendo o DNA do personagem “Maverick”, igual ao original.

Só que o filme aqui se foca nessa única missão, assim o grande objetivo é o sucesso do “Maverick” em conseguir extrair o impossível daqueles pilotos.

A nova geração funciona?

Se no filme original tínhamos o embate entre “Maverick” e o “Iceman”, aqui temos o embate entre Bradley “Rooster” Bradshaw (Miles Teller) e Jake “Hangman” Seresin (Glen Powell). Gostaria de ver mais desse embate  e sinceramente acho que renderia mais um filme sobre isso, caso decidissem continuar a história.

Trazendo uma equipe com mais diversidade, o filme tenta atualizar os personagens, porém sinto informar que a nova geração não tem tanto tempo em tela, porém reitero que poderiam muito bem explorar ela em outros filmes ou séries, por ter gostado muito dela.

Entre os atores, temos Manny Jacinto conhecido pelo The Good Place da Netflix, mas infelizmente totalmente apagado aqui, sendo um figurante em cena.

Precisa assistir Top Gun – Ases Indomáveis para entender o novo filme?

Não, Top Gun: Maverick foca no básico, mostrando onde seus personagens estão naquele momento do filme e quando necessário, utilizando flashback para explicar a rivalidade e trajetória deles.

Então se posso dizer algo sem estragar sua história é que o personagem Bradley Bradshaw (Miles Teller) tem um elo com Pete “Maverick” Mitchell (Tom Cruise) . Com a morte do amigo Nick “Goose” Bradshaw lá em 1986, o “Maverick” acabou tentando ser um pai pro Bradley Bradshaw. Cumprindo um desejo da mãe do Bradley Bradshaw, o “Maverick” evitou que o filho seguisse o caminho do pai, mas isso não impediu de se tornar um dos melhores pilotos. E isso fez com que seu caminho cruzasse com o do “Maverick” novamente.

Podemos concluir que esse é um dos dois elos entre os dois filmes, sendo o outro a amizade com o personagem Tom “Iceman” Kazansky (Val Kilmer). O que era um duelo para se tornar Top Gun no filme original, se transformou em respeito, além de “Iceman” salvar o “Maverick” muitas vezes de suas confusões.

O restante do filme é focado em mostrar que o personagem Pete “Maverick” Mitchell teve muitas experiências e histórias nessas décadas e isso envolveu na sua escolha de se manter solteiro, já limando qualquer participação da personagem Charlotte “Charlie” Blackwood por aqui.

Tom Cruise plays Capt. Pete “Maverick” Mitchell in Top Gun: Maverick from Paramount Pictures, Skydance and Jerry Bruckheimer Films.

Mas o filme é bom?

Isso eu posso garantir que sim. Quando disse lá no começo que este filme está mais próximo de Cobra Kai do que outras tentativas de trazer franquias do passado, eu reafirmo aqui que o diretor Joseph Kosinski conseguiu respeitar o máximo possível do filme original do Tony Scott. Trazendo a mesma atmosfera, trilha sonora, porém atualizando as cenas de ação e criando cenas espetaculares de voos com as aeronaves.

Além disso, trabalhando a questão de “legado”, o filme Top Gun: Maverick trabalha com repetição de fatos e situações com novos personagens o que faz o personagem “Maverick” ficar intrigado e fazendo o papel do público de entender as referências ao primeiro filme.

Da música na cena do bar, a cena de casal romântico e até mesmo embate de dois amigos pilotos, Top Gun: Maverick homenageia com maestria o filme original. Não sendo um remake, reboot ou mera continuação, mas respeitando e melhorando o que havia no filme original.

Devo confessar que por mais que gosto do filme de 1986, eu achava as cenas de ação confusas talvez por limitações na época. Isso não tira o brilho do original, mas quando comparado com o novo filme e vendo tudo que eles conseguiram, trazendo cenas espetaculares de combate, você fica impressionado como a tecnologia evoluiu e contribuiu aqui.

Sem brincadeira, as cenas de treino do “Maverick” seguida da missão na reta final, conseguem e muito trazer a imersão para você entrar no filme. Sendo recomendável que você assista no cinema, de preferência num Imax para sentir o que esse filme é capaz. Desde Ford vs Ferrari, eu não tinha este tipo de sensação. Estão de parabéns pelos efeitos visuais e efeitos sonoros que este filme possui.

Sobre a música da Lady Gaga, ela toca nos créditos do filme e destoa um pouco do restante, porém funciona. Devo combinar que quando toca “Danger Zone” do Kenny Loggins (do filme original), acaba empolgando muito mais que a música “Hold My Hand” da Lady Gaga. Só que isso é a nostalgia contando ao seu favor e além disso, o compositor Harold Faltermeyer que também trabalhou no filme original, está de volta, o que reforça ainda mais a nostalgia em cena nos primeiros minutos em cena.

Se você assistiu o filme original, vai entender as nuances de Top Gun: Maverick. Caso nunca tenha visto o primeiro filme, você mesmo assim irá ver uma excelente história em cena. Então independente do que for, este é um filme que precisa ser visto no cinema.

Top Gun: Maverick

Dirigido: Joseph Kosinski

Roteiro: Ehren Kruger, Eric Warren Singer e Christopher McQuarrie

História: Peter Craig, Justin Marks
Baseado nos personagens de Jim Cash e Jack Epps Jr.

Produzido por: Jerry Bruckheimer, Tom Cruise, Christopher McQuarrie e David Ellison

Elenco: Tom Cruise, Miles Teller
Jennifer Connelly, Jon Hamm
Glen Powell, Lewis Pullman, Ed Harris
Val Kilmer

Distribuição: Paramount Pictures

Nota: 9,5/10

Agradecimentos ao Sergio Sampaio, 88 Milhas e a Paramount Pictures pela cabine do filme.

Giuliano Peccilli
Giuliano Peccillihttp://www.jwave.com.br
Editor do JWave, Podcaster e Gamer nas horas vagas. Também trabalhou na Anime Do, Anime Pró, Neo Tokyo e Nintendo World.

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