quinta-feira, novembro 14, 2024
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Animação Velma traz diversidade asiática, mas ignora “DNA” de Scooby Doo com Japão

Série esperada pelos adultos mais nostálgicos, Velma estreou nessa semana na HBO Max, com os primeiros dois episódios. A produção era aguardada por trazer uma releitura dos personagens clássicos de Hanna Barbera abordando o tema “diversidade”, porém perdendo um dos pontos mais icônicos: o cachorro Scooby-Doo.

Seguindo o caminho de outras produções da própria HBO Max, como as duas temporadas de Arlequina, “Velma” apresenta diálogos com público sem filtro algum.

Chama a atenção nesta nova versão as etnias dos personagens. Velma é sul-asiática, enquanto Salsicha um afro-americano. A criadora da série, Mindy Kaling, que também faz a voz de Velma, explica: “A essência de Velma não está necessariamente ligada à sua cor branca. E eu me identifico tanto quanto a personagem dela, e acho que muitas pessoas se identificam, então é como, sim, vamos fazê-la asiática nesta série”, explicou ela, que possui pais indianos e trouxe tais referências à personagem.

Já Daphne ganhou a voz original da atriz Constance Wu (Podres de Rico / Crazy Rich Asians), uma americana com pais taiwaneses.

No atual momento das produções americanas, após um período de inclusão de personagens latinos é chegada a hora de personagens indianos e asiáticos. Assim, Velma é uma personagem de uma família de indianos, porém Mindy Kaling vai além, ao definir como sul-asiática. Paralelo a isso, no universo de heróis há Ms. Marvel, que também é indiana, e de Shang-Chi representando a cultura chinesa.

Sobre a série

Produção de 10 episódios com lançamentos em episódios pares, Velma chega ao streaming HBO Max num momento em que a empresa passa por uma restruturação, depois da fusão Warner Bros – Discovery. A produção teve problemas durante este processo, chegando até se duvidar se a série ganharia um lançamento.Até o momento a história apresentou um assassino em série em que está matando garotas do colégio dos protagonistas. Velma e Daphne se odeiam, enquanto Fred é egocêntrico e o Salsicha guarda uma paixão por Velma.

A produção aborda que o interesse por investigações da Velma fez com que a mãe dela fugisse de casa. Além disso, seu pai tem um relacionamento com uma mulher mais nova, o que gera um conflito em casa, além da cultura de sua família. Diferente da série da Arlequina que também é adulta, mas segue uma identidade visual próxima das outras animações do Batman, Velma optou se desvincular do restante do universo do Scooby-doo, o que talvez tenha dado ainda mais liberdade na criação da série.

Na produção, vale a curiosidade que semelhante a outras produções americanas, a série é animada por estúdio sul-coreano. Outras produções como Simpsons e Avatar: A Lenda de Aang também são produzidas na Coreia do Sul.

Co-Criador do Scooby-doo e sua relação com Japão

Somente em 1961, Iwao Takamoto foi trabalhar na produtora Hanna-Barbera. Além da criação de personagens, ele também se tornou produtor de séries, como: A Família Adams, Hong Kong Phooey e Tutubarão. Ele chegou a se tornar vice-presidente da Hanna-Barbera e ganhou o Globo de Ouro de Animação em 2005 por ter se dedicado a 50 anos para o mercado de animações. Infelizmente, Iwao Takamoto acabou falecendo em 2008 por parada cardíaca em Los Angeles. Sendo tão importante para a animação ocidental na criação de personagens tão icônicos, Iwao Takamoto acompanhou mudanças importantes do mercado, quando a produtora Hanna Barbera se tornou a Cartoon Network Studios.

A Toei Animation também fez parte das produções do Scooby-Doo

Uma curiosidade é que a Hanna-Barbera numa parceria com a Toei Animation, acabou produzindo diversas séries nos anos de 1970 e 1980. Entre elas, temos as produções do Scooby-doo que dividiam espaço com “boom” dos animês do Japão, como Dragon Ball e Cavaleiros do Zodíaco que também eram da Toei Animation.

Naquela época, diversas produções nipo-americanas estavam em auge, como Transformers e Thundercats, aonde os roteiros ficavam nas mãos dos norte-americanos, enquanto a animação era produzida no Japão.

Velma abraça a diversidade, mas ignora legado japonês dos personagens

Cada dia que passa, uma produção precisa tomar cuidado ao dar voz e representar uma sociedade como um todo. Vemos este movimento em produções americanas, mas também vimos produções brasileiras, numa assertiva postura de representar diferentes povos na tela.

Quando o assunto recorre a mudar etnia e orientação sexual de personagens clássicos, a discussão acalorada costuma ignorar que uma versão nova não anula uma versão clássica dos personagens. Porém, Velma ao dar voz a parte da sociedade, se esqueceu de dar voz a parte da comunidade nipônica que de alguma forma sempre esteve envolvido com o cachorro mais famoso do mundo.

Texto escrito originalmente para o Nippon Já

Giuliano Peccilli
Giuliano Peccillihttp://www.jwave.com.br
Editor do JWave, Podcaster e Gamer nas horas vagas. Também trabalhou na Anime Do, Anime Pró, Neo Tokyo e Nintendo World.

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