Review | One Piece Odyssey

Lançamento muito esperado, One Piece Odyssey finalmente chegou para consoles e PCs, reforçando algo que há muito tempo foi desmistificado, mas que vale a pena reforçar… Jogos baseados em animês são bons e devem ser levados a sério.

Trazendo a mitologia criada nos mangás, One Piece Odyssey traz uma história rica, inédita e muito longe do gênero musou com que One Piece se consolidou nos últimos anos.

Pode parecer meio clichê, mas o jogo tem tantas camadas e citações as suas histórias que é uma carta de amor aos fãs da franquia. Vindo para complementar e trazer uma experiência que faz a diferença ao jogador.

No Japão, One Piece Odyssey ganhou um comercial emocionante em que um rapaz voltando do trabalho, chora ao abrir o pacote com jogo e o jogando pela primeira vez. E tal experiência é verdadeira e provavelmente você puxará na memória as suas boas lembranças com os personagens do chapéu de palha.

Mas o que torna One Piece Odyssey tão bom? Vamos tentar explicar.

A História

A tripulação do Luffy acaba indo parar nas nuvens e sendo arremessado para uma estranha ilha. Tendo barco destruindo e se separando de todos, Luffy precisa reunir a sua tripulação e entender as regras desta estranha ilha.

O que poderia ser uma história simples, One Piece Odyssey apresenta camadas e capítulos que escondem que é só um começo da história, porque a verdadeira experiência está na memória de seus personagens e o retorno de cenários e vilões conhecidos.

Depois de uma hora e meia de história, Luffy e os demais acabam esbarrando com a estranha Lim e aí que temos os primeiros desafios. Se os personagens começaram com poder no auge, Lim transforma habilidades e memórias em cubos que voam para a ilha, deixando os personagens fracos e tendo que explorar a ilha para reencontrar os seus poderes.

Além disso, temos puzzles e um chefe que encerra o primeiro capítulo da história com a Lim revelando que os personagens terão que entrar no mundo das Memórias. Isso fará que eles revisitam Alabasta, Water 7, Dressrosa e Marineford.

Um detalhe muito importante na história é que as memórias são muito frágeis, por isso coisas do passado podem ser diferentes e os chefes estarão tão fortes quanto os heróis hoje em dia. Sim, não teria graça lutar com vilões do passado sem atualizações e é o que reforça uma camada muito importante na história.

O jogo é apenas para fãs da série?

Não, o jogo tem uma história com muitas camadas, mas se você não conhece One Piece, acabará tendo uma história mais simples, porém tão divertida quanto.

É lógico que se você conhece os personagens, cenários e até personagens secundários do cenário, acaba tornando a experiência muito mais rica, mas isso não impede a diversão no jogo.

Diferentes estilos de jogos em um só

One Piece Odyssey no começo é um jogo bem mais aventura solo em explorar a ilha, porém seu estilo de jogabilidade muda drasticamente quando você entra nas memórias. Trazendo uma exploração que envolve conversar com personagens, utilizar ainda mais as habilidades individuais dos personagens e explorar cada parte do cenário.

Quando você estiver explorando um cenário, muitas vezes terá que trocar pelo Chopper para andar em cenários pequenos, ou trocar pelo Usopp para utilizar seu estilingue para pegar itens escondidos. A troca de personagens na exploração é fundamental em alguns trajetos, sendo importante saber o diferencial de cada um para avançar na história.

Além disso, se você precisa descansar e recuperar os personagens, sempre pode ir para o acampamento onde será preparado uma enorme festa que recupera energia e deixa a equipe pronta para outra.

Para os fãs de JRPG, a equipe se divide em duas na tela lutando contra inimigos em cantos distintos ao mesmo tempo. Variação do clássico Dragon Quest, dá um certo frescor à jogabilidade, exigindo estratégias com os personagens, para conseguir vencer.

Gráficos e mecânica

Trazendo 9 personagens, você pode alterar em qualquer momento os personagens em cena. Além disso, temos o personagem Adio que entra para a equipe, ajudando a explicar a ilha e a estranha Lim, sendo o personagem mais forte da equipe, enquanto os demais buscam os cubos com seus poderes.

O jogo oferece um sistema fácil de se guiar pelas as cores e símbolos, assim temos um soco e cor vermelha para poder, uma arma e a cor amarela para velocidade, espada e a cor verde para técnicas (golpes).

Até o momento achei as lutas fáceis, o que faz com que você não utilize todas as técnicas para enfrentar os inimigos na luta.

Falando dos gráficos, One Piece Odyssey tem gráficos bem competentes. Jogamos a versão de Playstation 5 e não dá pra deixar de falar que quando se pensa em jogo de animê se espera gráficos inferiores, porém não é o que se encontra aqui.

Localização em português

A Bandai Namco fez um trabalho bem interessante de localização em português. É verdade que alguns golpes não seguem a tradução que vimos no animê recentemente nas plataformas de streaming, usando mais uma tradução, do que a utilização do nome japonês, mas isso não impede a diversão.

Diferente de outras séries, como Dragon Ball e Cavaleiros do Zodíaco, que os fãs são apegados a uma tradução em português fiel a outras mídias, porém não sinto esta conexão com One Piece seja tão fundamental. Seria bom que tivesse os mesmos termos, mas a tradução é boa mesmo assim.

ILCA, a empresa por trás de One Piece Odyssey

O jogo é bem competente quando se trata de JRPG e traz uma série de influências de RPG, inclusive a Pokémon que quando se olha a história da ILCA faz muito sentido no resultado final.

A empresa localizada em Shinjuku produziu os remakes Pokémon Brilliant Diamond e Shining Pearl, além de NieR: Automata e Dragon Quest XI: Echoes of an Elusive Age.

Quando você entrar na relação de monstros que lutou na série, dificilmente não fará uma relação com a Pokédex, do mesmo jeito que o estilo de luta lembra Dragon Quest / Final Fantasy, o que reforça a experiência anterior da produtora aqui neste jogo.

Entregando um jogo tão completo, One Piece Odyssey torna ILCA tão relevante, quanto CyberConnect2 foi para Bandai Namco na série Naruto Shippuden: Ultimate Ninja Storm.

One Piece Odyssey vale à pena?

Trazendo um jogo imenso com muitas e muitas horas, One Piece Odyssey entrega um jogo que respeita o fã de One Piece e diverte aquele que talvez só conhece One Piece, mas procura conhecer a franquia com este jogo.

Depois do sucesso nos cinemas com One Piece Film Red, temos um jogo que brilha tanto quanto, valendo a compra. E desde a experiência de ter jogado no Anime Friends de 2022, estava curioso sobre o resultado final do jogo. Na ocasião jogamos no começo do passeio da ilha e resgatamos a Nami, agora na versão completa, percebemos que naquela ocasião jogamos bem a parte do tutorial do jogo que não mostrava muito do enorme potencial do jogo.

Eiichiro Oda cria personagens muito carismáticos e é difícil não seguir não comprar a ideia do Luffy e seguir em frente. Lembrando que o jogo teve participação do autor e tornando a experiência canônica dentro da franquia. O One Piece Odyssey traz muitos personagens icônicos de volta gerando diálogos que tiram um sorriso no rosto de qualquer fã. Lembrando que devido o lançamento ser tão recente, para ter a total experiência, você deve descobrir jogando, evitando spoilers deles na história.

Talvez os únicos aquém no jogo seja o desafio nas lutas que poderia ser um pouco mais difícil, além de uma trilha sonora que mesmo que boa, não é muito inspiradora. Mas considerando tantos acertos, são problemas menores dentro de um projeto tão curioso e ambicioso como One Piece Odyssey.