Realizado na segunda 2º-feira do mês de janeiro, Seijin no Hi é uma data muito importante para os jovens no Japão por representar a transição para a fase adulta. Comemorada quando a pessoa alcança os 18 anos, está comemoração é somente entre aqueles que nasceram entre o dia 2 de abril do ano anterior ao 1º de abril deste ano. Ressaltamos aqui que até 2022, a maioridade do Japão era de 20 anos, entrando em vigor a redução de idade em janeiro de 2023.
A cerimônia de maioridade surgiu aproximadamente no ano de 714 d. C, durante o reinado na imperatriz Genmei. A cerimônia surgiu quando jovem príncipe usou novas vestimentas e um novo penteado simbolizando a maioridade.
Seijin-shiki – A Cerimônia da maioridade
Ocorrem geralmente na manhã em escritórios regionais em todo o Japão, em que funcionários fazem discursos e os novos jovens adultos recebem presentes em reconhecimento da maioridade.
A maioridade também representa na alteração dos direitos, em que os jovens adultos terão mais direitos e responsabilidades ao se encontrarem na fase adulta.
Geralmente, os jovens utilizam trajes tradicionais, sendo que as mulheres utilizam furisode (um estilo de quimono) com sandálias zōri, enquanto os homens utilizam hakama (quimono escuro) ou terno e gravata.
Existem alguns casos que as cerimônias de maioridade que costumam ser realizadas na Tokyo Disneyland. O costume começou a acontecer em 2002, acontecendo até hoje em dia.
Furisode e Hakama
O furisode é considerado o primeiro vestido formal para mulheres solteiras, sendo, portanto, um vestido fino apropriado para a cerimônia de maioridade.
A vestimenta é um quimono de mangas bem compridas, com origem no período Asuka (710-794). Diz-se que no período Edo (1603-1868) já tinha tomado a forma semelhante ao de hoje. E desde a era Meiji (1868-1912), o furisode se tornou o vestido formal para mulheres solteiras.
O nome “furisode”, deriva do movimento de balançar das mangas (furi, vem do verbo furu, que significa balançar; sode, significa manga). Desde os tempos antigos, o ato de balançar tem um significado místico/simbólico, e acreditava-se que balançar poderia estimular o espírito de uma divindade, invocar uma divindade ou afastar os maus espíritos. Esse ato foi chamado de “tamafuri”, e as mulheres que serviam aos deuses balançavam panos longos ou as mangas para praticarem tamafuri. As palmas que batemos ao reverenciar um templo xintoísta, os sinos que balançamos do templo e o movimento de balançar o omikoshi (uma espécie de santuário portátil carregados pelas ruas em festividades) são alguns dos exemplos do tamafuri que ainda permancem até hoje na vida dos japoneses.
Já o Hakama surgiu no século VI, podendo ser encontrado hoje em inteiriço no que utilizado em quimonos para cerimônia e dividido, sendo utilizado para equitação. As roupas foram feitas originalmente para proteger samurais, sendo que o hakama esconder as pernas, dava vantagem contra o oponente.
Existem uma enorme gama de hakama que passa por cerimônias do chá, casamento, funerais, artes marciais e sumô. O hakama também faz parte da vestimenta diária dos shinto kannushi, sacerdotes e responsáveis pela manutenção de templos xintoístas.
De feriado nacional aos dias atuais
O Seijin no Hi originalmente foi criado dando a maioridade a rapazes aos 15 anos, enquanto as garotas com 13 anos. Em 1876, foi definido que a maioridade seria somente aos 20 anos para homens e mulheres.
No final da Segunda Guerra Mundial, quando muitas partes do Japão foram queimadas e as pessoas foram vencidas pela dor e pela sensação de vazio, a cidade de Warabi, da prefeitura de Saitama, decidiu realizar um festival para os jovens, no dia 22 de novembro de 1946.
Com o único objetivo de encorajar e reanimar os jovens que se tornariam os futuros líderes do país, o departamento de jovens de Warabi organizou um festival no pátio de uma escola da cidade que durou por três dias. A iniciativa ganhou simpatizantes por todo o Japão.
O governo também aderiu a ideia de festival para os novos adultos, até que em 1948 designou o dia 15 de janeiro, o dia que era realizado o genpuku (cerimônia realizada em famílias de samurai quando um menino passava para a fase adulta, passando a usar penteado e vestimenta específica) como o “Dia da Maioridade”.
A data se tornou um feriado apenas em 1948, ganhando forma que conhecemos hoje. Na ocasião a data era comemorada no dia 15 de janeiro, sendo apenas alterado em 1999, quando foi definido que seria segunda 2º-feira do mês de janeiro.
Mesmo tendo uma data tão definida, algumas prefeituras do Japão costumam realizar entre as datas de 7 e 13 de janeiro, pensando na locomoção do jovem de retornar até a sua cidade natal. Alguns casos, Seijin no Hi também está sendo realizado durante o Obon, que seria equivalente ao nosso Finados. Devido a data ser um feriado, também é pensado na locomoção do jovem que visita a sua cidade natal.
Tradicional, Seijin no Hi tem seu espaço e importância no Japão, sendo responsável não só pelo simbolismo da maioridade, mas também em todo um apelo de viagem a cidade natal e até comercial, num incentivo a indústria de quimonos pelo Japão.