Cantor nipo-brasileiro, Kauan Okamoto fez uma coletiva para denunciar o empresário falecido Johnny Kitagawa, que fundou a empresa Johnny and Associates.
A denúncia de assédio do cantor, tem muito em comum com o que foi exposto pelo documentário da BBC, chamado ‘Predador: o escândalo secreto do pop japonês’ em que o jornalista Mobeen Azhar explora a realidade por trás do mundo dos astros do J-pop e a influência que Kitagawa tinha (e continua a ter) na mídia do Japão.
Sobre Kauan Okamoto
Nascido em Toyohashi, província de Aichi, Kauan Okamoto é de 24 de maio de 1996. Ele é filho de brasileiros do Japão e fluente em português, japonês e inglês. Por causa disso, o cantor não se limitou só ao Japão, produzindo música que alcançou a América do Sul.
O cantor começou a compor suas próprias músicas com 18 anos de idade, também desenvolvendo talentos como coreografia.
Iniciou sua carreira em setembro de 2018, fazendo sucesso instântaneo. O sucesso fez com que o cantor também viesse ao Brasil, participando de programas como o do apresentador Raul Gil.
O cantor esteve presente no Festival do Japão e no Anime Friends Rio de Janeiro em 2022.
A Coletiva
Na quarta-feira do dia 12 de abril, durante a coletiva do Clube dos Correspondentes Estrangeiros do Japão, Kauan Okamoto denunciou assédios que teriam ocorrido entre 2012 e 2016. Em torno de quinze vezes, os assédios descritos pelo Kauan se assemelham ao descritos no documentário da BBC.
O empresário Johnny Kitagawa escolhia o jovem, pedia para este tomar banho e acontecia o assédio. De acordo com relatos, esses assédios ocorriam e muitas vezes a “permissão” do jovem acabava fazendo este encontrar estrelato dentro da agência.
No caso do Kauan, o cantor também detalhou que o Kitagawa chegava a dar uma nota de dez mil ienes no dia seguinte do assédio.
Sobre Johnny & Associates
Johnny & Associates, também conhecida como Johnny’s, é uma das maiores agências de talentos do Japão, especializada em representar e promover artistas masculinos. Fundada em 1962 por Johnny Kitagawa, a agência é responsável pelo gerenciamento de alguns dos maiores nomes da indústria do entretenimento japonês, como SMAP, Arashi, KinKi Kids e Hey! Say! JUMP.
Os artistas representados pela Johnny & Associates são conhecidos por seu estilo de música pop e por apresentações teatrais e televisivas, como dramas e programas de variedades. Além disso, a agência é conhecida por seu rigoroso treinamento de jovens talentos, que passam por um intenso processo de formação antes de sua estreia.
Embora tenha sido criticada no passado por práticas de trabalho rigorosas e condições desfavoráveis para seus artistas, a Johnny & Associates continua sendo uma das agências mais influentes e poderosas do Japão, contribuindo para o sucesso de muitos artistas populares da indústria do entretenimento.
Influente no mercado japonês, a empresa mudou a forma que os cantores trabalham no mercado musical, sendo responsável pelo multi talento de artistas, como Takuya Kimura (que era do SMAP) que era ator, modelo e cantor.
A rigidez da agência é um dos fatores que muitas vezes não se pode usar fotos de seus cantores em divulgação de produções que estão atuando. Ou em pesquisas de músicas de alguns institutos no Japão.
Por causa disso, dizem que os casos de justiça apontados desde 1999 pela Shukan Bunshun acabavam indefinidos e sem ganhar alarde pela mídia japonesa. Com a morte do Johnny Kitagawa em 2019, a história se reacendeu com documentário da BBC.
Atualmente a empresa é gerida pela sobrinha do Johnny Kitagawa, a Julie Fujishima. Com lançamento do documentário da BBC e a denúncia do Kauan Okamoto, a empresária soltou um comunicado sobre a mudança de processos dentro da agência, todavia deixando dúbio sobre reconhecer ou não as denúncias recentes.
Com informações da Japan Times