Reviva duas aventuras que fizeram sucesso em consoles passados da Nintendo com Another Code: Recollection!
Lançado em meados de janeiro deste ano, Another Code: Recollection traz dois jogos que para os padrões da Casa do Cogumelo, podem ser considerados fora da curva. O primeiro trata-se de uma versão reformulada de Trace Memory, joguinho de aventura lançado para o DS há quase 20 anos, enquanto que o outro é Another Code R: A Journey into Lost Memories, a sequência que até a Recollection, só havia sido jogado pelo público japonês e europeu.
Outra passada em uma história que poucos devem ter jogado antes
A Nintendo que não é boba não perde a oportunidade de relançar seus jogos sempre que surge a oportunidade, mas seria um pouco injusto chamar Another Code: Recollection de requentado, já que tanto a apresentação quanto a jogabilidade dos dois jogos passaram por uma reforma geral, mesmo que a ideia geral de ambos continue a mesma. Isso é, investigar locais misteriosos e desvendar quebra-cabeças um tanto simples, enquanto a história se desenrola.
Vamos tirar algo do caminho logo de cara: nenhum dos jogos é necessariamente difícil, nem está preocupado em te desafiar muito. O intuito principal, fica logo de cara nos primeiros minutos de qualquer um deles, é ir revelando, pouco a pouco, informações que te levarão a desvendar o grande enigma de cada um dos jogos.
Desenvolvidos pelo estúdio há muito falecido CiNG, o mesmo por trás dos excelentes Hotel Dusk: Room 215 e Last Window: The Secret of Cape West, dois dos melhores jogos de DS, tanto Trace Memory quanto Another Code R podem ser considerados excelentes pedidas para jogadores em busca de boas histórias para se curtir sem torrar muitos neurônios.
Apesar de não haver tanta profundidade quanto os outros títulos que eu citei, que na época inovaram por fazer uso do formato em benefício da jogabilidade, onde o DS tinha que ser usado como um livro, virado na vertical. E, muitas vezes, era preciso até fechá-lo e manipular o portátil de maneiras criativas para solucionar quebra-cabeças, nenhum dos dois jogos inclusos em Another Code: Recollection chega perto de inovar de uma maneira tão radical.
Jogabilidade simples, mas que funciona
No DS, o máximo que era necessário era o uso da canetinha na tela tátil e olha lá. Apesar de também contar com uma tela assim, a versão de Switch não conta com tal função, e o pouco que há de interatividade nesses jogos acontecem através dos controles tradicionais, o que deixa tudo um pouco mais lento. Por outro lado, a ação nunca chega a pedir muito dos seus reflexos, então mesmo com esse ritmo um tanto devagar não atrapalha o aproveitamento aqui.
Jogos tão dependentes de narrativa fazem de seu valor as suas histórias e seria uma lástima estragá-las no review. Ao invés de entrar em muitos detalhes, uma rápida pincelada: você controla a jovem Ashley, que após receber uma carta de seu pai, a quem ela acreditava estar morto.
Com a pulga atrás da orelha, ela segue rumo a uma ilha no meio do nada em busca de respostas, local indicado pela carta. Em uma jogada sobrenatural, ela acaba virando amiga de um espírito chamado D, que a ajuda a desvendar os muitos mistérios da sombria Blood Edward Island.
Já em Another Code R, as investigações de Ashley a levam para Lake Juliet, dois anos depois dos eventos do primeiro jogo. Vou evitar falar muito mais porque só a premissa já estraga o final do jogo anterior se entrar em muito mais detalhes. Posso dizer sem medo que é com este daqui que Another Code: Recollection se assemelha em termos de apresentação geral, com gráficos relativamente mais nítidos e detalhados no Switch.
Another Code: Recollection é incrivelmente tranquilo de se jogar, graças à inclusão de um sistema de dicas, que te aponta para o caminho certo caso aconteça de você se perder, o que é difícil, pela pura simplicidade dos jogos. No entanto, imaginando que um público mais jovem e talvez inexperiente venha a se interessar pelo jogo, é mais que válido que haja um auxílio, ainda mais levando em conta que não é todo mundo que está acostumado com esse estilo de jogabilidade, com influências do gênero adventure.
E aí? Vale a pena jogar?
No geral, Another Code: Recollection mostrou-se uma grata surpresa. Esta foi a primeira vez que pude jogar tanto Trace Memory quanto sua continuação, depois de muitos anos ouvindo a respeito deles. Eu certamente não esperava gostar tanto deles, já que a premissa inicial me pareceu um pouco clichê demais, mas há idas e vindas bacanas na trama, suficientes para me manter interessado do começo ao fim das tramas dos dois jogos.
Another Code: Recollection é uma coletânea que vai agradar a quem estiver na trilha de uma boa história para acompanhar no seu Switch, sem muita dor de cabeça. São aventuras mais simples e tranquilas de serem acompanhadas, o que faz desta coleção uma boa pedida para fãs da Nintendo que querem introduzir o sistema para seus filhos, por exemplo, ou amigos ou membros da família que não têm tanta experiência ou não querem jogar títulos com jogabilidade que requer mais reflexo ou habilidade. Nisso, ela brilha e muito; paradoxalmente, é também uma triste memória de um grande time de desenvolvimento que trouxe tanta alegria para o público décadas atrás.
NOTA: 4 de 5
Ficha técnica:
Nome: Another Code: Recollection
Desenvolvedora: CiNG (versões originais), Arc System Works (coleção)
Publicadora: Nintendo
Gênero: Aventura
Plataformas: Nintendo Switch
Lançamento: 19 de janeiro de 2024
Nossos sinceros agradecimentos à assessoria do jogo por nos fornecer uma cópia digital de cortesia para teste e para a produção desta matéria.