Dirigido por Pedro Diogenes, o filme “A Filha do Palhaço” explora a dolorosa realidade da ausência paterna, trazendo à tona uma questão social crescente no Brasil. Com um elenco talentoso que inclui Demick Lopes e Jesuíta Barbosa, a obra estreia nos cinemas nesta quinta-feira, 30 de maio.
O filme chega em um momento oportuno, considerando os dados recentes da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), que revelam que, em 2023, dos 2,5 milhões de nascimentos no Brasil, 172,2 mil registraram pais ausentes — um aumento de 5% em relação ao ano anterior.
Uma História de Laços Desfeitos e Reencontros
Ganhador do principal prêmio na Mostra de Cinema de Gostoso, “A Filha do Palhaço” segue a história de Renato, interpretado por Demick Lopes, um humorista noturno em Fortaleza. Apesar das risadas que provoca como Silvanelly, Renato carrega uma profunda tristeza, fruto da distância de sua filha Joana, de 14 anos.
Joana, vivida por Lis Sutter, vai passar uma semana com o pai, numa tentativa de reconstruir uma relação praticamente inexistente. A trama aborda a complexidade de se estreitar laços em tão pouco tempo, após anos de afastamento. O roteiro, assinado por Diogenes, Amanda Pontes e Michelline Helena, foca na difícil reconexão entre pai e filha, que se veem mais como estranhos do que como família.
Reflexões Sobre a Paternidade
Para Demick Lopes, o papel de Renato é uma oportunidade de reflexão sobre a paternidade na contemporaneidade. Citando um ditado africano, Lopes comenta: “Para educar uma criança precisa de toda uma aldeia”. No entanto, ele pondera sobre a dificuldade dessa colaboração num contexto de individualismo exacerbado.
“Hoje, nas relações como elas estão estabelecidas, é cada vez mais difícil que isso aconteça. Falta braço, falta presença dessa aldeia. E aí, quando você vem pro núcleo familiar, falta braço paterno aliado ao braço materno”, observa Lopes. Ele enfatiza a importância da presença e do exemplo no processo educativo de uma criança, que vai além do núcleo familiar e inclui toda a comunidade.
Construindo o Personagem
Para dar vida a Renato, Lopes compartilhou experiências pessoais e discutiu extensivamente com o diretor Pedro Diogenes. Coincidentemente, ambos tiveram filhos na mesma época, enfrentando juntos os desafios da paternidade. “A gente conversou muito. Geralmente, o artista tem essa visão muito aguerrida do atuar social, de mudar a sociedade. Mas, no núcleo familiar, que depende totalmente da sua colaboração, o que você pode fazer para mudar essa realidade?”, questiona o ator.
Uma Jornada de Transformação
Pedro Diogenes define “A Filha do Palhaço” como um filme sobre transformação e aceitação. “Esse é um filme sobre mudanças, sobre busca e aceitação. A narrativa é conduzida pela Joana, uma adolescente que enfrenta seus medos e preconceitos para resolver questões familiares do passado. Um filme que aponta para a possibilidade de famílias formadas das mais diversas formas possíveis. Não existe fórmula, nem regra”, complementa o diretor.
Lançamento nos Cinemas
Distribuído pela Embaúba Filmes, “A Filha do Palhaço” estreia nesta quinta-feira, 30 de maio, nos cinemas brasileiros