O filme “A Flor do Buriti”, dirigido por João Salaviza e Renée Nader Messora, estreia nos cinemas brasileiros em 04 de julho, distribuído pela Embaúba Filmes. A produção, que conquistou catorze prêmios internacionais, incluindo o prêmio coletivo para melhor elenco na mostra Un Certain Regard do Festival de Cannes, aborda a resistência do povo indígena Krahô e destaca questões urgentes sobre a luta pela terra no Brasil.
Resistência e Memória do Povo Krahô
“A Flor do Buriti” oferece um olhar profundo sobre a relação dos Krahô com a terra e as diferentes formas de resistência implementadas pelas comunidades indígenas. Filmado ao longo de quinze meses em quatro aldeias na Terra Indígena Kraholândia, no norte do Tocantins, o filme traça um panorama dos últimos 80 anos da história dos Krahô, destacando eventos como o massacre de 1940, no qual dezenas de indígenas foram mortos por fazendeiros locais.
Colaboração e Construção Narrativa
Os diretores optaram por uma abordagem colaborativa, construindo a narrativa a partir de relatos históricos e da realidade atual da comunidade. João Salaviza explica: “A questão da terra é a espinha dorsal do filme. Propusemos aos nossos amigos na aldeia trabalharmos a partir desse eixo, imaginando um filme que pudesse viajar pelos tempos, pela memória, pelos mitos, mas que, ao mesmo tempo, fosse uma construção em aberto que faríamos enquanto filmássemos.”
Renée Nader Messora complementa: “As diferentes violências sofridas pelos Krahô nos últimos 100 anos também impulsionaram um movimento de cuidado e reivindicação da terra como bem maior, condição primeira para que a comunidade possa viver dignamente e no exercício pleno de sua cultura.”
Reconhecimento Internacional
“A Flor do Buriti” tem sido exibido em mais de 100 festivais ao redor do mundo, recebendo prêmios em importantes eventos como os festivais de Munique (Cinevision Award), Lima (Prêmio Signis), Mar del Plata (Prêmio Apima Melhor Filme Latino-Americano), Festival dei Popoli (Melhor Filme), Huelva (Prêmio Especial do Júri e Prêmio Melhor Filme Casa Iberoamérica), RIDM Montreal (Prêmio Especial do Júri), Biarritz, Viennale e forumdoc.BH. Esse reconhecimento destaca a crescente atenção mundial para as questões dos povos originários no Brasil.
Sinopse e Ficha Técnica
Sinopse: Em 1940, duas crianças do povo indígena Krahô encontram na escuridão da floresta um boi perigosamente perto da sua aldeia, prenunciando um violento massacre perpetrado pelos fazendeiros da região. Em 1969, durante a Ditadura Militar, o Estado Brasileiro incita muitos dos sobreviventes a integrarem uma unidade militar. Hoje, diante de velhas e novas ameaças, os Krahô seguem caminhando sobre sua terra sangrada, reinventando diariamente as infinitas formas de resistência.
Ficha Técnica:
- Direção: João Salaviza, Renée Nader Messora
- Roteiro: João Salaviza, Renée Nader Messora, Ilda Patpro Krahô, Francisco Hyjnõ Krahô, Henrique Ihjãc Krahô
- Produção: Ricardo Alves Jr., Julia Alves
- Elenco: Ilda Patpro Krahô, Francisco Hyjnõ Krahô
- Direção de Fotografia: Renée Nader Messora
- Direção de Arte: Ángeles Frinchaboy, Ilda Patpro Krahô
- Direção de Produção: Isabella Nader Messora
- Som Direto: Diogo Goltara
- Desenho de Som: Pablo Lamar
- Montagem: Edgar Feldman
- Gênero: Drama
- País: Brasil, Portugal
- Ano: 2023
- Duração: 124 min
Reflexão Contemporânea
João Salaviza destaca a relevância contemporânea do filme: “A importância dos povos originários não reside apenas no conhecimento ancestral, mas também na elaboração de tecnologias sofisticadas de defesa da terra. Eles ocupam radicalmente a contemporaneidade.”
“A Flor do Buriti” não é apenas um filme; é um registro vivo de resistência, memória e identidade, essencial para a compreensão das complexas relações entre os povos indígenas e suas terras no Brasil.