No dia 11 de julho, “O Sequestro do Papa” estreia nos cinemas brasileiros, trazendo à tona uma das histórias mais polêmicas do século XIX. Dirigido por Marco Bellocchio e distribuído pela Pandora Filmes, o filme aborda o drama real de Edgardo Mortara, um menino judeu arrancado de sua família em Bolonha, 1858, por ordem do Papa Pio IX. O sequestro foi justificado pelo batismo não autorizado da criança por uma empregada católica, durante uma doença grave. Segundo a lei papal vigente, não-católicos eram proibidos de criar crianças batizadas como católicas.
A Abordagem de Marco Bellocchio


Bellocchio, conhecido por seu trabalho no cinema político italiano, dirige e co-escreve o roteiro junto a Susanna Nicchiarelli e Edoardo Albinati. O diretor escolheu uma abordagem meticulosa, baseando-se em documentos históricos para recriar os principais eventos: o sequestro de Edgardo, o julgamento de 1860 e a captura de Roma em 1870. Bellocchio destaca que, embora ambientado no século XIX, o filme aborda questões contemporâneas, como o poder institucional da Igreja e sua influência sobre a sociedade.
Estética e Influências Artísticas


“O Sequestro do Papa” mergulha na estética do século XIX, inspirando-se no Realismo e no Romantismo das pinturas da época. As obras de Eugène Delacroix e outros pintores pré-impressionistas franceses e italianos influenciaram os cenários, figurinos e a paleta de cores do filme, criando uma atmosfera autêntica e envolvente.
Recepção Crítica e Reconhecimento Internacional
Desde sua estreia na mostra competitiva do Festival de Cannes, o filme tem sido amplamente elogiado pela crítica internacional. Peter Bradshaw, do The Guardian, descreveu “O Sequestro do Papa” como uma “convulsão brutal de tirania, poder e intolerância”, comparando-o a grandes casos de injustiça histórica, como o caso Dreyfus na França.
Elenco e Performances de Destaque


O elenco é liderado por Paolo Pierobon e conta com a atuação destacada de Enea Sala, que interpreta Edgardo Mortara na infância. Apesar de não ser judeu e nunca ter sido batizado, Sala trouxe uma profundidade emocional ao seu papel, capturando a essência do sofrimento e da resistência do personagem diante da opressão.
Reflexões Sobre Fé e Justiça
“O Sequestro do Papa” não é apenas um drama histórico; é um lembrete poderoso das injustiças que podem ser infligidas em nome da fé e do poder institucional. Com sua estreia nos cinemas brasileiros, o filme promete provocar reflexões profundas sobre temas universais como família, fé e a luta por justiça. Bellocchio oferece ao público uma obra cinematográfica que não apenas informa, mas também emociona e provoca, convidando a uma reflexão crítica sobre o passado e suas ressonâncias no presente.
O filme chega aos cinemas brasileiros em 11 de julho.