Com um caminho e história totalmente novos, Vengeance confirma a posição de SMTV como obra-prima contemporânea dos games.
De todos os personagens da Nintendo, imagino que Luigi é o que tem a vida mais difícil. Imagine viver na sombra do mascote principal da empresa e quase nunca ter a oportunidade de ser a estrela da vez.
O cara que nos primeiros anos nem tinha um nome e somente era referido como “o segundo jogador” ou o “verdinho”, no entanto, veio a finalmente brilhar na era do GameCube, com o jogo de estreia do console, Luigi’s Mansion. Sem um título Super Mario pronto a tempo do lançamento de seu novo aparelho, a Casa do Cogumelo apostou em um jogo-solo do irmão do encanador mais famoso do mundo dos games.
Diferente de tudo que vinha sendo lançado até então, a aventura fantasmagórica do irmão do Mario tornou-se uma espécie de cult classic e, até agora, recebeu duas continuações, uma no 3DS e outra no Switch, recentemente lançada. O mais engraçado é que cada um desses jogos tem uma estrutura distinta, e essa diferença divide a opinião dos fãs, tópico de discussões intermináveis em todos os cantos da Internet.
Pois bem, chegou a vez da versão portátil receber uma reformada para sair para o quase finado console híbrido da Nintendo. É isso mesmo, Luigi’s Mansion: Dark Moon, ou como é conhecido em alguns territórios, Luigi’s Mansion 2, passou a fazer parte da biblioteca de jogos do Switch semana passada em um remaster belíssimo. A segunda vida do clássico do 3DS é uma nova oportunidade para quem nunca teve um de curtir um dos melhores jogos do sistema tridimensional de bolso da empresa.
Vítima de muitas críticas antes de seu lançamento por parte do público devido ao preço cheio do que imaginavam ser um relançamento sem muito esforço por parte da desenvolvedora japonesa, Luigi’s Mansion 2 HD está longe de ser um produto preguiçosamente jogado no mercado de qualquer maneira. Com um trabalho muito bem feito de revitalização realizado pela Tentalus Media, a segunda caçada de Luigi a mando do cientista maluco A. Luado – este é o nome de E. Gadd na versão portuguesa que recebemos aqui, não há localização brasileira, infelizmente – é um jogo colorido que salta aos olhos, e mesmo que o nível de detalhes não chegue perto do de Luigi’s Mansion 3, jogo nativo do Switch, não deixa de ser uma joia, graças à direção de arte primorosa da Nintendo.
E lá vamos nós de novo, irmãozinho…
Luigi’s Mansion 2 HD começa quando King Boo, o vilão da série, estilhaça a Estrela Sombria, o que faz com que os fantasmas antes amigos de todos virarem verdadeiras pestes. O doutor logo percebe que há algo de errado e chama Luigi para mais uma vez dar uma mãozinha. Relutante, o bigodudo entra na briga e por meio de missões rápidas que o levam a não só uma, mas muitas mansões diferentes, para reaver os pedaços da estrela e dar um jeito nas traquinagens sobrenaturais do rei.
Este é o grande diferencial do jogo, sua estrutura de fases feitas para serem jogadas de modo portátil, indo contra o molde do primeiro jogo, que coloca você no enorme espaço da mansão e deixava livre para explorar e se virar. Aqui, há sempre um objetivo fixo e quando você o alcança, volta para a base e recebe uma pontuação. A arma para combater a ameaça dos fantasminhas é um aspirador de pó, munido de uma lanterna especial que os congela por alguns momentos e destrava portas especiais espalhadas pelo jogo.
Mesmo Luigi’s Mansion 3 teve sua própria mecânica de dividir o grande hotel em andares, cada um com seu tema distinto, obviamente influenciado pelo sistema de jogo do cartucho de 3DS. A grande vantagem de haver uma sequência de desafios assim é que tudo fica claro sobre o que é para ser feito e acaba com a busca a esmo pelo próximo passo, apesar de eliminar, com isso, a experimentação que fez do primeiro jogo algo tão divertido e cheio de charme.
Alvo de críticas quando foi lançado pela primeira vez, Luigi’s Mansion 2, se analisado com mais calma, não é lá tão diferente assim, mesmo havendo essa clara divisão de tarefas, já que mesmo com ela, você tem a oportunidade de voltar às mansões para explorá-las, e no mínimo que o jogo tem de uma estrutura no estilo de Metroid, é possível usar novas habilidades para abrir caminhos alternativos.
A simples inclusão de fases não dá cabo da descoberta, mas coloca uma sequência lógica de progressão. Vista de longe, sim, ela pode parecer um empecilho no caminho da criatividade do jogador, mas basta jogar um pouco para ver que não é nada disso em prática e que esse caminho de design nada mais é do que algo feito para favorecer o formato portátil do sistema, o que também vale para o Switch. Sendo ele um híbrido, também se beneficia.
O jogo é repleto de muito humor e fofura
Como um típico jogo da Nintendo, Luigi’s Mansion 2 HD é cheio de charme onde quer que você pare para olhar. Luigi em si é um personagem extremamente bem animado e transparece a sensação do mais puro nervosismo que alguém na posição dele teria. Já imaginou ter que combater fantasmas sendo um medroso como ele?
Tudo aqui é feito para encantar e divertir, e até mesmo os inimigos trazem altas doses de personalidade e muita simpatia, brincando às vezes entre si e transparecendo que não passam de criançonas com mais poder do que maturidade. Capturá-las, então, se torna uma grande brincadeira de esconde-esconde, e é muito divertido achá-los pelas fases.
Sendo internamente um jogo de 3DS, há de se esperar que Luigi’s Mansion 2 HD não seja tão detalhado graficamente a um jogo criado do zero para o atual console da Nintendo, mas o trabalho feito para atualizar visualmente o jogo lançado pela primeira vez em 2013, mais de dez anos atrás, é digno de elogio.
Não, este remaster não é um simples “salvar em alta” do Photoshop. Há mudanças significativas não só poligonais, mas também em muitas animações, dando mais expressão aos personagens. O professor, para começo de conversa, agora tem detalhes que antes não existiam em seu cabelo, e Luigi passou a ser ainda mais emotivo agora, com um cuidado a mais para suas caretas e outras nuances.
A grande torcida é que junto de Luigi’s Mansion 3, este seja mais uma razão de sucesso para que a Nintendo venha a dar continuidade a esta série tão simpática de jogos no que virá a ser o sucessor do Switch. Sabendo que outras franquias até agora esquecidas como Mario & Luigi estão voltando, nunca se sabe se algo como um Luigi’s Mansion 4 poderá se tornar realidade. Se todo o cuidado com este novo remaster é uma pista, é bem provável que a resposta seja sim!
NOTA: 4 de 5
Ficha técnica:
Nome: Luigi’s Mansion 2 HD
Desenvolvedora: Tantalus Media
Publicadora: Nintendo
Gênero: RPG
Plataformas: Nintendo Switch
Lançamento: 27 de junho de 2024
Agradecemos a assessoria da Nintendo no Brasil por ter nos enviado uma cópia do jogo para a produção desta matéria.