Review | Jiraiya: O Novo Império dos Ninjas e a volta do incrível ninja

No mês de julho, tivemos o retorno de Jiraiya: O Incrível Ninja em uma saga inédita em mangá, produzido no Brasil em parceria com a Editora JBC, a Toei Company e a Sato Company. Chamado de Jiraiya: O Novo Império dos Ninjas, o mangá marca o retorno, além de ser o segundo mangá nacional que continua as aventuras de um herói de Tokusatsu pela Editora JBC, tendo sido iniciado com O Regresso de Jaspion.

Com o desafio de agradar tanto aos fãs antigos quanto aos novos, a obra é assinada por Chris Tex, com arte de Santtos e Jhonny Domingos. Conhecidos anteriormente por Blackout, Chris Tex e Santtos são admiradores do gênero tokusatsu e tinham o desafio de fazer a transição de Jiraiya do final dos anos 1980 para os dias atuais, apresentando uma trama de ação frenética, que entrega uma nova roupagem, porém respeitando toda uma mitologia original, além de responder questões deixadas pela série original.

Mas quem foi Jiraiya: O Incrível Ninja?

Com 50 episódios, exibidos no Japão pela TV Asahi entre 24 de janeiro de 1988 e 22 de janeiro de 1989, Jiraiya: O Incrível Ninja foi uma série no gênero tokusatsu e faz parte da franquia Metal Hero. A série, por trazer o tema ninja, inovou na época, enfrentando o desafio de suceder a produção Metalder, o Homem Máquina.

Exibida na antiga Rede Manchete e lançada em vídeo pela Top Tape, a série se destacou por apresentar um herói sem superpoderes e explorar a temática dos ninjas, um novo território dentro da franquia.

A história apresenta Touha Yamaji, um jovem adotado pelo clã ninja Togakure, encarregado de proteger o segredo de Pako, uma cápsula espacial de uma civilização alienígena avançada. Equipado com a Espada Olímpica, Jiraiya enfrenta a Família de Feiticeiros e outros inimigos para proteger sua família e manter o equilíbrio. A série foi um sucesso e, na época, ainda trouxe um intercâmbio com a França, ao levar a cantora e também apresentadora Dorothée a participar como a ninja Katherine nos episódios 29 e 31. A popularidade de Dorothée seria algo próximo do que Xuxa tinha na mesma época no Brasil.

O sucesso de Jiraiya: O Incrível Ninja gerou ainda dois filmes para o cinema que permanecem inéditos no Brasil, além de uma aparição na série de Super Sentai chamada Shuriken Sentai Ninninger em 2015. No ocidente, sua participação foi adaptada e renomeada como Sheriff Skyfire na série Power Rangers Super Ninja Steel.

A Nova Aventura

Passados 20 anos desde a derrota de Dokusai, o universo ninja está mais agitado do que nunca. Jiraiya, agora uma mãe de família e sem sua lendária Espada Olímpica, enfrenta facções mafiosas que buscam preencher o vazio deixado pelo vilão derrotado.

Na série, que imaginamos se passar em 2009, é apresentado um tom bem mais adulto, em que as facções ninjas, num tom mais próximo da máfia japonesa, definem passos importantes para continuar atuando no Japão e arredores. Aqui, são representadas pela parceria entre o Clã Tetsunin (na figura de Tetsunin Agashi) e o Clã Kanin (na figura de Kanin Ryu).

Os personagens Rei Yagi, da polícia da Interpol, e Ryu Asuka, guerreiro Ninja da Lança, estão investigando a produção de drogas que podem estar relacionadas à reunião do Clã Tetsunin. O que era para passar despercebido acaba numa fuga em que apenas Rei consegue escapar, enquanto Ryu é torturado pelos dois clãs.

Paralelo a isso, temos o Touha Yamaji de sempre, fazendo bicos por aí, sempre tentando ajudar os outros. Enquanto Manabu visita a esposa de Touha, May, além do seu sobrinho, Tetsu. Numa sequência que desejamos que o easter egg se torne real, com Deus Jirai enfrentando Daileon.

Deus Jirai enfrentando Daileon – Giuliano Peccilli

Enquanto isso, a Família dos Feiticeiros também está se reunindo, num processo de ressurreição de Oninin Dokusai. Aqui, sua filha, Chounin Benikiba, está disposta a tudo pelo retorno de sua família, o que faz Dokusai retornar na trama, agora no corpo de uma criança.

Outra trama também apresentada é a do mestre Tetsuzan Yamashi, que prendeu a Espada Satã, selando-a nas montanhas. Aqui, numa figura bem mais próxima de mestres como Yoda, Tetsuzan está nas montanhas, mantendo vigia sobre a Espada Satã.

Clã Tetsunin (na figura de Tetsunin Agashi) e o Clã Kanin (na figura de Kanin Ryu) se unem – Giuliano Peccilli

Como fica claro, Jiraiya: O Novo Império dos Ninjas traz uma trama repleta de pontos iniciais, que irão convergir. A chegada de Rei à casa de Touha faz com que ele vista a armadura pela primeira vez, numa sequência que “toca” a música de abertura da série, utilizando letreiramento do mangá para isso.

Aqui temos o primeiro contato entre Jiraiya e Tetsunin Agashi, que culmina com a morte de Ryu na frente de Touha. Sendo a segunda morte de personagens clássicos da série, Jiraiya: O Novo Império dos Ninjas reforça que não estamos mais numa produção infantil, trazendo as consequências de enfrentar gangues.

A despedida de Ryu, a dor de Rei e a sensação de incapacidade de Touha são fundamentais para chegar à metade da trama, que se pontua com um recomeço para enfrentar os dois clãs. Touha sabe que só conseguirá enfrentá-los se tiver a posse da Espada Satã, o que obriga ele a encontrar Tetsuzan Yamashi para obter autorização de quebrar o selo da espada.

Ao conseguir usar a espada, Touha a renomeia como Espada Galáctica, num poder que chamará atenção do universo todo. Além disso, Rei está atrás de vingança, o que exigirá cuidado de Touha para que ela não suje as mãos de sangue.

Numa trama que deixa terreno para um volume 2, Jiraiya: O Novo Império dos Ninjas mostra o próximo estágio do personagem, além de preparar o caminho para a continuação. Isso é representado por Benikiba e um garoto que é a reencarnação de Oninin Dokusai.

Opinião

Jiraiya: O Novo Império dos Ninjas entrega uma história com um tom totalmente diferente de O Regresso de Jaspion, que ecoava nostalgia e até se inspirava em produções recentes como Space Squad.

Com um tom adulto, posicionando os personagens num mundo bem mais cruel que o da série, traz a sensação de que o personagem cresceu junto com seu público. Ao optar por seguir um caminho mais sério do que o tom nostálgico da obra anterior, mostra um amadurecimento da própria Editora JBC, ao trazer um recorte totalmente diferente para o personagem.

Como fã do tokusatsu que invadiu o Brasil nos anos 1990, a única coisa que sinto falta em Jiraiya: O Novo Império dos Ninjas é a ausência de matérias que apresentam a série, curiosidades de produção, personagens e atores da série original.

Mas temos que ser francos: o título entregou com maestria uma continuação para Jiraiya, sabendo fazer a transição para o mangá e não tendo medo de ousar ao matar personagens clássicos da série original.

Uma das grandes surpresas aqui foi a representação de Tetsuzan como algo bem mais mítico e próximo de outros mestres famosos, como Yoda e Mestre Ancião (de Cavaleiros do Zodíaco), sendo totalmente plausível a proposta.

A figura de Touha, ainda fazendo bicos, porém casado e com filho, além de administrar um dojo, ressalta que, mesmo enfrentando desafios do mundo adulto, não podemos perder nossa essência.

Por a obra ter uma “continuação”, instiga o leitor a imaginar se o futuro da obra seria ainda no “passado” de 2009, ou se teríamos um outro salto no tempo para os dias atuais.

Sendo o segundo título da parceria Editora JBC, a Toei Company e a Sato Company, Jiraiya: O Novo Império dos Ninjas reforça o sucesso dessas marcas do passado no formato de mangá produzido no Brasil, além de um possível lançamento também no Japão.

Como fã, depois da coletiva de imprensa, torço para que outras obras dessa parceria não demorem tanto para pipocar para o público brasileiro, num ritmo que, quem sabe, alcance os títulos das releituras dos personagens de Maurício de Sousa com MSP.

Jiraiya: O Novo Império dos Ninjas soube combinar a nostalgia com novidades, respeitando a transição do personagem junto com o público que também envelheceu, e ofereceu uma história mais ousada e pesada, porém apresentando um enredo mais complexo e desafiador. Se você é fã de Jiraiya: O Incrível Ninja, essa é uma leitura obrigatória.

Nota

4,5 de 5

Jiraiya: O Novo Império dos Ninjas

Autoria: Chris Tex (roteiro), Santtos e Jhonny Domingos (arte)

Produção: Marcelo Del Greco (edição), Edi Carlos Rodrigues (produção executiva)

Gênero: Ação, aventura, tokusatsu

Recomendação etária: 14 anos

Editora: JBC

Formato Impresso e Formato Digital (Kindle, Google Play, Kobo e iBooks)

Preço de capa: R$ 99,90

Páginas: 208

Detalhes especiais: Brochura, capa com orelhas e verniz localizado, miolo de papel pólen bold 90g

Agradecimentos a Editora JBC pelo envio do Jiraiya: O Novo Império dos Ninjas. O site JWave faz parte do selo Parceria JBC 2024.

Relacionados

Giuliano Peccilli
Giuliano Peccillihttp://www.jwave.com.br
Editor do JWave, Podcaster e Gamer nas horas vagas. Também trabalhou na Anime Do, Anime Pró, Neo Tokyo e Nintendo World.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

No mês de julho, tivemos o retorno de Jiraiya: O Incrível Ninja em uma saga inédita em mangá, produzido no Brasil em parceria com a Editora JBC, a Toei Company e a Sato Company. Chamado de Jiraiya: O Novo Império dos Ninjas, o mangá...Review | Jiraiya: O Novo Império dos Ninjas e a volta do incrível ninja