O novo capítulo da série Mana traz visuais coloridos e muito charme, mas acaba deixando um pouco a desejar no quesito variedade.
Desde seu primeiro lançamento em 1991 com Final Fantasy Adventure, a série Mana tem tido altos e baixos. Trials of Mana, de 2020, remake do terceiro jogo que nunca havia saído do Japão em caráter oficial, acabou sendo um passo cuidadoso adiante, mas como ficou tão aguardado Visions of Mana?
Após impressionar o público com seu visual belíssimo em seu trailer de anúncio do ano passado, Visions finalmente chegou, trazendo mais uma história centrada na mítica Árvore da Mana, onde vem toda a vida do mundo. Desta vez, temos diversos vilarejos que dependem da majestosa entidade para viver, literalmente, já que a cada era, é necessário o envio de um emissário em peregrinação, para que dê sua vida em nome da Mana.
É uma realidade mais crua e nua, uma verdadeira guinada do tom geralmente alegre e leve da franquia, mas que em Visions of Mana, é levada da mesma maneira que os jogos anteriores, com uma cor, personagens bonitinhos e muitas coisas para se fazer. Mas será que vale mesmo o seu tempo?
Um mundo lindo de morrer, mas com seus espinhos
A resposta para essa pergunta vai depender do que você busca em videogame de RPG. O jogo conta com uma jogabilidade bastante simples, mas que traz elementos planejados para torná-la um pouco mais parecida com o que estamos acostumados em ver em outros RPGs, pelo menos no caráter de evolução dos personagens e seus equipamentos.
Isso faz com que as batalhas, apesar de serem bem primárias, com somente dois tipos de ataques com armas e evoluindo em forma de habilidades vindas de itens especiais que você pode equipar, tanto ativas, como magias, quanto passivas, em forma de melhorias de estatísticas. O resto se resume a realizar combos simples de ataques repetidos e desviar no momento certo para não apanhar.
De resto, a experiência de jogo de Visions of Mana tende a ser um tanto quanto repetitiva, levando você a explorar os vastos mapas de jogo em busca de uma infinidade de objetos e materiais, alguns usados para cura e outras enfermidades, enquanto outros servem para forjar equipamento e fortalecer o que você vem usando, seguindo à risca a cartelinha do gênero. De mapa a mapa, o mesmo plano de jogo.
Mesmo com essas limitações, este daqui salta aos olhos graças à sua apresentação primorosa. A barrinha de saturação da vez está lá em cima, trazendo cores vistosas e alguns dos designs mais fofos de monstros e outras criaturas que rivalizam até os de Dragon Quest, do saudoso Toriyama. O elenco de voz também cumpre muito bem seu papel, sem exageros, com exceção das falas durante as lutas, que tendem a se repetir bastante.
Outro lado da brincadeira, algo que faz este se assemelhar à outra franquia da Square Enix é a trilha sonora. Visions traz arranjos harmoniosos que vão agradar os ouvidos dos que curtem composições vistosas e agradáveis, canções que mesmo que não sejam tão memoráveis para sair assobiando por aí, dão conta do recado e cumprem bem a meta de acompanhar toda a ação do jogo.
A história, mesmo trazendo esse tom mais iminente de tragédia, ainda consegue entregar um tom condizente com o esperado da série. Há uma abundância de personagens com personalidades interessantes e, dentro da realidade do mundo em que vivem, trazem consigo nuances que, apesar de um tanto clichês dentro do espectro dos contos de fada, funcionam bem dentro da proposta do jogo.
Como mais um capítulo de Mana, o mais novo lançamento não fica nem entre os melhores nem os piores: é pura e simplesmente mediano. No entanto, isso não significa que seja ruim, muito longe disso. É que nada que ele faz é excepcional, o que pode desapontar quem estiver atrás de um RPG com algo novo. Tudo que há aqui é bem feito, sem dúvida, mas não traz muito de novo e é um tanto repetitivo como um todo.
Visions of Mana é um jogo lindíssimo que faz jus da série que faz parte, mesmo não sendo o melhor já visto. Vindo a ele com as devidas expectativas há bastante para se curtir, mas quem estiver em busca de algo forma de série terá que sair do escopo da franquia e procurar em outras, mesmo as da própria Square Enix, que vem trazendo títulos fora da caixinha com alguns dos jogos lançados nos últimos anos.
NOTA: 3,5 de 5
Ficha técnica:
Nome: Visions of Mana
Desenvolvedora: Square Enix / Ouka Studios
Publicadora: Square Enix
Gênero: RPG
Plataforma: PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox Series X|S e PC
Lançamento: 29 de agosto de 2024
Agradecemos a assessoria da Square Enix no Brasil por ter nos enviado uma cópia do jogo em antecipado para a produção desta matéria.