Crítica | Hellboy e o Homem Torto é puro terror e aventura

Produção com participação do criador original do quadrinho, Hellboy e o Homem Torto traz uma das histórias emblemáticas do personagem ao cinema em grande estilo.

Dentre os quatro filmes baseados nos quadrinhos do personagem Hellboy, Hellboy e o Homem Torto (do original Hellboy: The Crooked Man) é o primeiro a ser produzido com acompanhamento direto do criador original, Mike Mignola. E isso fica bem nítido logo de cara, já que a produção traz o tom bastante sombrio, fino senso de humor negro e visual da obra original.

Baseada na história homônima, a aventura leva o endiabrado e sua parceira Song para as matas da Appalachia, depois que o trem em que andavam descarrilou. A dupla se vê forçada a explorar a região a fim de encontrar um telefone para pedir ajuda à agência da qual fazem parte, a BPDP (Bureau de Pesquisas e Defesa Paranormal). 

No caminho, Hellboy e Song se vêem envolvidos na luta contra uma entidade do mal que domina as florestas, o Homem Torto, nascido de uma figura maligna da época da Secessão, que sempre volta dos mortos para tomar as almas de suas vítimas e recuperar sua fortuna, uma moeda de centavo por vez. Durante a briga, o vilão revela ter uma conexão direta com as origens do nosso anti-herói, forçando o vermelhão a enfrentar seus próprios demônios para finalmente poder dar cabo do ajudante do capeta.

Cinema de terror raiz e de qualidade

Hellboy e o Homem Torto é um filme de terror raiz e trata de seu tema de modo refrescantemente direto em seus 99 minutos de duração. Com um ritmo muito semelhante ao de um quadrinho, com cenas que nunca se refreiam e em constante movimento, não há um momento sequer perdido do começo ao fim da trama. No meio disso tudo temos um desenvolvimento surpreendente bem conduzido não só do personagem principal com dos secundários, que incluem Tom Ferrell, um veterano da Guerra da Coréia, com quem Hellboy se junta na briga com o Homem Torto.

Visualmente, não há como negar o fato do longa não ter um grande orçamento, desde os efeitos especiais usados sem grandes exageros aos cenários mais fechados e ângulos de câmera mais contidos. Mas por mais que a produção não se pareça um arrasta-quarteirões, tudo é colocado a uso de maneira a elevar a história sendo contada, e é esse aspecto em especial que faz com que o espírito de Hellboy e o Homem Torto seja de um filme de terror das antigas, dos bons.

As atuações também são um dos grandes destaques por aqui. Jack Kesy, ator relativamente desconhecido, junto da maquiagem, dá vida ao herói com uma interpretação igualmente sarcástica e intimidadora, que para mim o elevou acima dos atores escalados nos filmes anteriores. Sempre fumando um cigarro e com poucas palavras, conseguiu trazer para as telas tudo o que faz de Hellboy uma figura tão amada por seus fãs.

Os atores responsáveis pelos personagens de companhia também trazem performances bacanas, tanto Adeline Rudolph no papel de Song, sempre tentando equilibrar o tom da obra contracenando muito bem com Kesy, quando Jefferson White, do atrapalhado personagem de Yellowstone, que aqui convém muito bem a psique atormentada do antigo morador da região. Mesmo com pouco tempo em tela, o reverendo local interpretado por Joseph Marcell, o amado Geoffrey de O Maluco no Pedaço, é ao mesmo tempo uma presença confortante e assustadora dentro de sua igrejinha isolada.

Um filme que se destaca sem muita pretensão

Em comparação aos filmes anteriores, Hellboy e o Homem Torto se sai muito bem, por tratar da temática, o emblema principal do que fez os quadrinhos se tornarem referência dentre seus adoradores, com muito respeito e carinho, graças não só à presença do próprio Mignola, mas também de seu diretor, Brian Taylor, uma figura que não é estranha às adaptações das páginas das HQs para as telonas. A combinação deu muito certo e vamos torcer para que o filme se saia bem o suficiente para que mais das histórias do anti-herói sejam levadas ao cinema.

Hellboy e o Homem Torto é um filme que trabalha muito bem dentro de suas limitações, fazendo o casamento quase que perfeito dos dois meios, algo que sem dúvida é bem difícil de acertar. É só ver os desastres os quais muitas dessas tentativas acabam se tornando, inclusive dentro da própria franquia Hellboy, com o último que saiu em 2019. O que recebemos é algo rápido e divertido de assistir, sem frescuras nem exageros, exatamente no tom da criação original de Mignola.         

NOTA: 4,0

Direção: Brian Taylor

Roteiro: Christopher Golden e Mike Mignola

Produção:  Mike Richardson, Jeff Greenstein, Yariv Lerner, Jonathan Yunger, Les Weldon, Robert Van Norden e Sam Schulte

Elenco: Jack Kesy, Jefferson White e Adeline Rudolph

Direção de Fotografia: Ivan Vatsov

Trilha Sonora: Sven Faulconer

Montagem: Ryan Denmark

Gênero: Terror / Aventura

País: Estados Unidos

Ano: 2024
Duração: 99 min

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