Com equipe formada exclusivamente por pessoas trans, o longa-metragem Pajubá está sendo filmado em São Paulo e no Rio Grande do Sul. Dirigido pela cineasta carioca Gautier Lee e criado por Hela Santana, o filme é uma celebração da resistência e do legado das pessoas trans no Brasil. Essa produção, que envolve uma equipe inteiramente composta por pessoas trans, é um marco no cenário cinematográfico nacional.
O projeto, produzido por Bartolomeu Luiz e Jöa Azevedo, tem o desenvolvimento criativo da Yume Craft Studio e é uma coprodução entre Gautiverse e Arruda Filmes. A obra se destaca por abordar a pluralidade de histórias e vivências trans, mostrando que, apesar de viverem em um dos países mais transfóbicos do mundo, as pessoas trans lutam e resistem diariamente.
Representatividade e Pluralidade
O filme busca retratar a complexidade da vivência trans no Brasil, trazendo em seu elenco figuras transmasculinas, transfemininas e travestis de diferentes origens e áreas de atuação. “Queremos mostrar que existe cultura e história trans em todas as partes deste país”, afirma a diretora Gautier Lee, ressaltando a importância de representar a diversidade da comunidade trans.
Entre os nomes que integram o elenco estão Neon Cunha, uma ativista que sobreviveu ao extermínio de corpos trans em São Paulo, e Érika Hilton, primeira deputada federal travesti do Brasil. Além delas, o filme conta com a participação de personalidades como Fayola Ferreira, Keila Simpson, Dayo Nascimento, Amara Moira, Kyem Ferreiro e Fefa Lins, cada um trazendo sua própria experiência para a tela.
A Origem de Pajubá
O roteiro de Pajubá nasceu em abril de 2021, durante a pandemia, quando Hela Santana enfrentava um período de desemprego e incerteza. Ao assistir ao programa Falas da Terra, Hela teve a ideia que culminaria no filme: “Naquela hora, a ficha caiu. Eu percebi que era possível contar de forma honesta e bela as histórias que o Brasil tenta apagar”, explica a roteirista.
O título do filme, Pajubá, faz referência a um dialeto usado em comunidades trans e LGBTQIA+ no Brasil, que mescla termos do português com palavras das línguas africanas nagô e iorubá, oriundas das práticas religiosas afro-brasileiras, como o candomblé e a umbanda.
Narrativa e Estilo
A proposta de Pajubá é inovadora, misturando documentário com elementos poéticos, ativismo e performance. A trilha sonora composta por Viridiana e a fotografia dirigida por Sladka Meduza contribuem para criar uma atmosfera que combina arte e política, transgredindo as normas do cinema tradicional. A obra explora a jornada de figuras trans e suas lutas por reconhecimento e sobrevivência em um contexto de extrema violência.
A narrativa acompanha desde personalidades políticas, como Neon Cunha e Érika Hilton, até artistas e educadores, como Dayo Nascimento e Amara Moira. A obra também inclui a história de um casal trans que, ao longo do filme, celebra o nascimento de seu primeiro filho, uma representação simbólica de novas possibilidades de vida e família no Brasil contemporâneo.
Um Filme Necessário
Pajubá não se limita a documentar; ele propõe um olhar profundo sobre a força e a resiliência da comunidade trans no Brasil. Em um país marcado pela violência contra corpos trans, o filme destaca-se por sua capacidade de criar uma narrativa que não apenas resiste, mas também celebra essas vidas. “Queremos mostrar que pessoas trans são políticas, educadores, artistas, chefs e muito mais”, conclui Gautier Lee.
Ficha Técnica
- Produção: Gautiverse
- Coprodução: Arruda Filmes
- Desenvolvimento Criativo: Yume Craft Studio
- Elenco: Neon Cunha, Kyem Ferreiro, Fefa Lins, Érika Hilton, Dayo Nascimento, Fayola Ferreira
- Criação e Roteiro: Hela Santana
- Direção: Gautier Lee
- Produtores Executivos: Bartolomeu Luiz, Jöa Azevedo
- Direção de Fotografia: Sladka Meduza
- Direção de Arte: Luísa Casagranda
- Som: Matias Bruno
- Montagem: Rafael Tyslan
- Edição de Som e Mixagem: Vaness Gusmão
- Color: TransColors+
- Trilha Sonora: Viridiana