domingo, dezembro 22, 2024
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Review | Astro Boy #1 apresenta uma edição caprichada e um Osamu Tezuka em formação

Sobrecapas brasileiras do Astro Boy #1 – Giuliano Peccilli

Chegando pela primeira vez em sua versão original, Astro Boy estreia no Brasil em uma edição caprichada com duas capas, uma original e outra produzida por Vitor Cafaggi.

Lançado durante a Bienal do Livro, o volume 1 de Astro Boy pela Editora JBC, em 2024, traz uma história repleta de influências e é considerada uma das criações mais icônicas de Osamu Tezuka, o “Deus do Mangá”. Aqui, temos um Tezuka anterior a A Princesa e o Cavaleiro (1954), mais próximo de Metropolis (1949), antes de desenvolver as obras que definiriam sua carreira para sempre.

Publicado entre 1952 e 1968, Astro Boy saiu em 23 volumes e é uma série que definiu a cultura pop, influenciando obras como Mega Man da Capcom nas décadas seguintes.

Sobrecapas brasileiras do Astro Boy #1 – Giuliano Peccilli

Mas qual é a essência de Astro Boy?

Foto de Giuliano Peccilli

Astro Boy conta as aventuras de um menino robô, Astro, em um futuro onde humanos e robôs coexistem. Com grande foco em ciência, Tezuka explora temas profundos, como a relação entre humanos e tecnologia, algo que já havia feito em Metropolis. Astro Boy também inspirou uma releitura seinen em Pluto, de Naoki Urasawa.

Antes de Astro Boy se tornar um ícone

Resumo no começo de cada capítulo explicando até aqui – Giuliano Peccilli

O primeiro volume, com 432 páginas, apresenta diversas facetas dos personagens, começando com uma discussão sobre o futuro e até mesmo sobre multiversos, ao mostrar habitantes de uma Terra que encontram outro planeta similar, com pessoas equivalentes. Nesse início, Astro Boy fica em segundo plano, enquanto a trama aborda o excesso populacional. Nas histórias seguintes, Astro ganha protagonismo, lutando contra inimigos da estratosfera, depois ganhando pais e enfrentando o dilema de viver com “novos” pais robôs.

Essa trama vai além da criação de Astro Boy pelo Dr. Tenma para substituir seu filho falecido, explorando não apenas a inteligência artificial, mas também questões como luto, identidade e busca por aceitação. É essa a essência do personagem, desenvolvida desde o início, tornando o mangá uma obra que vai além da ficção científica, refletindo como a sociedade da época via a tecnologia — algo que ainda ressoa nos dias de hoje, apesar de a narrativa clássica envelhecer a obra.

A edição brasileira

As versões brasileiras são iguais, sendo a sobrecapa a “diferença” entre elas – Giuliano Peccilli

A edição brasileira se destaca pelo trabalho gráfico impressionante, oferecendo duas opções de sobrecapa: uma clássica e outra ilustrada pelo brasileiro Vitor Cafaggi, cuja arte belíssima nos faz sonhar com uma releitura do personagem, nos moldes de Turma da Mônica: Laços, que ele fez junto com sua irmã Lu Cafaggi.

A tradução, realizada por Renata Leitão, mantém um tom neutro, sem soar datada ou exageradamente atual, uma escolha que preserva o estilo da obra original e torna a leitura agradável.

A edição também tem um resumo do autor e também uma carta da Tezuka Productions conversando com o público brasileiro.

Opinião

Astro Boy #1 é um produto de seu tempo e, embora seja o personagem mais famoso de Tezuka, o peso dos anos é perceptível. O personagem já passou por várias releituras, incluindo um mangá baseado na versão de 2003, de Akira Himekawa, publicado pela Panini Comics há alguns anos. No entanto, Astro Boy #1 apresenta uma história datada que pode não agradar a todos os fãs de mangá.

Embora o frescor das ideias de Tezuka seja evidente, Astro Boy #1 é um mangá voltado para colecionadores e fãs de obras mais antigas, recomendado para um público adulto que já consome outros trabalhos do autor ou de outros autores clássicos. As discussões sobre multiverso no início do volume e a relação entre pais e filhos robôs continuam atuais, mostrando o quanto Tezuka estava à frente de seu tempo. No entanto, a obra acaba ficando presa à sua época, especialmente em comparação com outros trabalhos do autor, como Buda e Adolf.

Ainda assim, é um mangá magnífico, e é ótimo ver esse lançamento no Brasil. Como um personagem que moldou a indústria cultural japonesa, ler Astro Boy hoje é uma oportunidade de entender como os mangás alcançaram o status que têm atualmente.

Nota: 4 / 5

Astro Boy

Autoria: Osamu Tezuka
Gênero: Ação/aventura e ficção científica
Páginas: 432 (no 1º volumes)
Formato: 15,0 x 21,0 cm
Completo em 9 volumes
Preço: R$94,90
(sobrecapa variante)

Detalhes especiais: Brochura com sobrecapa. Marcador de brinde.

Editora JBC

Agradecimentos a Editora JBC pelo programa de Parceria 2024

Giuliano Peccilli
Giuliano Peccillihttp://www.jwave.com.br
Editor do JWave, Podcaster e Gamer nas horas vagas. Também trabalhou na Anime Do, Anime Pró, Neo Tokyo e Nintendo World.

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