O filme Kasa Branca, de Luciano Vidigal, foi um dos grandes destaques da 26ª edição do Festival do Rio 2024, conquistando quatro prêmios no evento, incluindo o de Melhor Direção de Ficção. Para o cineasta, esse reconhecimento representa um marco em sua carreira, já que se trata de seu primeiro longa-metragem solo. A vitória de Kasa Branca também reforça a força do cinema independente e periférico no Brasil, trazendo uma visão sensível e inovadora sobre as favelas cariocas.
Premiado no Festival do Rio 2024
A cerimônia de premiação do Troféu Redentor, realizada no tradicional Cine Odeon – Centro Cultural Luiz Severiano Ribeiro, reuniu grandes nomes do cinema brasileiro e internacional, e Kasa Branca se destacou em várias categorias. Além do prêmio de Melhor Direção para Vidigal, o filme levou Melhor Trilha Sonora (Fernando Aranha e Guga Bruno), Melhor Fotografia (Arthur Sherman) e Melhor Ator Coadjuvante (Diego Francisco).
Vidigal comentou a emoção de ter seu trabalho reconhecido: “Esse filme é a realização de um sonho. Sempre quis contar essa história, que é comovente, mas também representa a periferia, o protagonismo negro, tanto na frente quanto atrás das câmeras.”
Uma História de Afeto e Resistência
Inspirado em fatos, Kasa Branca acompanha a trajetória de Dé (Big Jaum), um jovem da favela de Chatuba, no Rio de Janeiro, que descobre que sua avó Almerinda (Teca Pereira) está em estágio terminal de Alzheimer. O filme retrata a convivência dos dois durante os últimos momentos de vida da avó, ao lado dos amigos inseparáveis de Dé, Adrianim (Diego Francisco) e Martins (Ramon Francisco).
Vidigal fez questão de subverter a típica imagem da favela no cinema. Em vez da habitual câmera nervosa e agitada, Kasa Branca traz planos mais lentos, contemplativos, e explora as cores vibrantes da juventude favelada. “A favela também reflete, também sonha. E a gente queria que o filme transmitisse isso, de forma leve e cheia de vida”, diz o diretor.
Um Elenco que Reflete a Diversidade Carioca
O elenco de Kasa Branca mistura veteranos e novatos, mas todos com uma conexão especial com a história que estão contando. Big Jaum, um nome conhecido do humor e da internet, faz sua estreia no cinema como o protagonista Dé. Teca Pereira, atriz experiente com passagens em filmes como Marighella, interpreta Almerinda com uma doçura que captura o lado mais humano da trama.
O filme também traz a estreia do rapper L7nnon e do DJ Zullu nas telonas, além de nomes já consagrados como Babu Santana, Roberta Rodrigues, Otavio Muller e Guti Fraga. A pluralidade do elenco reflete a proposta de Vidigal de fazer um cinema diverso, que dialoga com a cultura e a vivência da periferia.
A Conquista do Cinema Independente
Luciano Vidigal destacou o papel do cinema negro e independente no cenário audiovisual brasileiro: “A gente faz cinema para somar, para trazer a diversidade cultural do Brasil para o primeiro plano. Esse filme é a prova de que histórias como essa têm espaço e ressoam com as pessoas.”
Produzido por uma equipe dedicada e diversa, Kasa Branca envolveu várias produtoras independentes como Sobretudo Produção, TvZero, Tacacá Filmes, Cavideo e Dualto, com a coprodução de Riofilme, Canal Brasil, Telecine e Globo Filmes. A distribuição nacional é feita pela Vitrine Filmes, e o longa já tem exibições confirmadas em festivais importantes, como a 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e o 17º Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul.
Próximos Passos
Com a vitória no Festival do Rio, Kasa Branca ganha força para trilhar um caminho promissor no circuito de festivais e, quem sabe, conquistar ainda mais prêmios. Mas, mais do que isso, o filme já conseguiu o mais importante: contar uma história cheia de afeto, humanidade e poesia, sem abrir mão de um olhar crítico e realista sobre a vida na periferia.
Kasa Branca é, antes de tudo, um filme sobre a vida. Sobre o tempo que passa, as relações que se transformam e o desejo de encontrar beleza mesmo nas situações mais difíceis. Vidigal, ao trazer essa história para as telas, oferece ao público uma obra que é ao mesmo tempo profundamente pessoal e universal, tocando em temas que ressoam com todos nós.