O curta-metragem O Céu Não Sabe Meu Nome, dirigido por Carol AÓ, acaba de receber uma Menção Honrosa no Festival do Rio, mais precisamente na mostra competitiva Première Brasil – Novos Rumos. A premiação aconteceu no último domingo (13), no lendário Cine Odeon, com uma cerimônia apresentada por Fabíola Nascimento e Juan Paiva.
O filme, que fez sua estreia mundial no festival, é um delicado mergulho nas memórias que ligam uma neta à sua avó, ressignificando suas vidas e lembranças a partir da morte da matriarca.
Memórias e Laços Entre Gerações
A história de O Céu Não Sabe Meu Nome é aparentemente simples: Preta, uma senhora, morre em um dia comum enquanto rega seu jardim. Sua neta, a caminho para tomar um café com ela, acaba sendo confrontada com essa perda e, a partir daí, o curta explora as lembranças e as memórias que ligam as duas.
A fusão entre passado e presente é conduzida de forma sensível, permitindo uma reflexão profunda sobre o legado que deixamos para os outros e a maneira como nossas histórias ressoam nas gerações futuras. A obra toca em temas universais como família, memória e o ciclo da vida, mas o faz de uma maneira que soa pessoal e íntima, como se cada detalhe carregasse um significado maior.
Novos Talentos e Narrativas Experimentais
Estar na Mostra Novos Rumos não é pouca coisa. Essa categoria do Festival do Rio é dedicada a novos talentos e a filmes que experimentam com novas formas de narrativa. O festival, conhecido por sua tradição em exibir obras premiadas em festivais internacionais como Cannes e Veneza, oferece com essa mostra uma janela para o futuro do cinema brasileiro. O Céu Não Sabe Meu Nome se encaixa perfeitamente nessa proposta, com uma narrativa que mistura poesia e reflexão, sem deixar de lado o caráter universal da história.
Carol AÓ: Uma Voz Autoral no Cinema Brasileiro
A diretora Carol AÓ, nascida em Salvador, já tem uma trajetória de mais de uma década no audiovisual. Além de dirigir, ela também trabalha como roteirista, produtora criativa e continuísta, com uma sólida carreira que inclui projetos para Netflix, Amazon e HBO, além de produções independentes.
No curta, Carol revela uma sensibilidade que é, ao mesmo tempo, íntima e poderosa, capaz de conectar o espectador com as memórias de suas próprias relações familiares. É um filme que nos faz refletir sobre como o passado molda o presente e o futuro, e o quanto das histórias que não são ditas continuam a nos guiar.
Estreias e Atuações Marcantes
Inês Mendes, que interpreta Preta, é um dos grandes destaques do filme. Em sua primeira vez atuando, ela entrega uma performance tocante, que parece trazer muito de sua própria história para a personagem. Ao lado dela está Jamile Cazumbá, que interpreta sua neta. A relação entre as duas na tela é uma das forças que faz o filme ressoar de maneira tão íntima e autêntica.
A Arruda Filmes e a Criação de Novas Narrativas
A produtora Arruda Filmes, que assina a produção do curta, é uma verdadeira incubadora de narrativas plurais e potentes. Fundada por Carol AÓ, Bartolomeu Luiz e Emanuela Moura, a Arruda tem como missão criar espaço para vozes emergentes e histórias que muitas vezes são deixadas à margem do cinema tradicional. A produtora já tem em vista novos projetos ambiciosos, como o filme “Rio das Mortes” e o documentário “Pajubá”, previsto para 2026.
Com uma equipe dedicada, que inclui nomes como Flávio Rebouças na fotografia e C-AFROBRASIL na trilha sonora, o curta entrega uma experiência completa e sensorial. Mais do que um filme, é um pedaço de memória, pronto para ser guardado no coração de quem assiste.
Produzido pela Arruda Filmes e com apoio de diversas parcerias como Quanta Post e Marc Films, o curta conta com um elenco talentoso que inclui, além de Inês Mendes e Jamile Cazumbá, nomes como Clara Paixão e Heraldo de Deus. Com Carol AÓ na direção e roteiro, e produção de Bartolomeu Luiz e Emanuela Moura, a obra é uma verdadeira colaboração de talentos do audiovisual brasileiro.
O filme é mais do que uma homenagem a uma matriarca: é uma celebração das histórias que carregamos e das memórias que, mesmo silenciosas, continuam a nos guiar.