quarta-feira, dezembro 11, 2024
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Review | Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven o levará de volta à era de ouro dos RPGs

O remake de um dos clássicos desconhecidos do Super Nintendo é belo e repleto de conteúdo.

Se Final Fantasy é o que é hoje em dia, uma das maiores franquias do mundo dos videogames, o mesmo não pode ser dito sobre SaGa. Apesar das duas séries serem de propriedade da Square Enix, ambas, infelizmente, não tiveram a mesma recepção. 

SaGa sempre foi tratada com uma espécie de patinho feio, tanto que, para seus primeiros volumes, eles tiveram que ser batizados de Final Fantasy, para aproveitar toda a popularidade do nome entre os fãs fora da Terra do Sol Nascente. Foi o caso de Final Fantasy Legend, Final Fantasy Legend 2 e Final Fantasy Legend 3 (originalmente chamados de Makai Toushi SaGa, SaGa 2: Hihō Densetsu e SaGa 3: Jikū no Hasha, respectivamente, no Japão).

Quando o Super Nintendo chegou, então, a coisa piorou: nenhum dos jogos lançados chegou a ser lançado no Ocidente na época! Demorou mais de uma década até que jogadores de fora puderam curtir Romancing SaGa, de 1992, com seu lançamento no PlayStation 2 em 2005, e ainda mais tempo para suas duas continuações de 1993 e 1995, que só vieram a receber remasterizações em 2017 e 2019, trazidas ao Nintendo Switch. 

Nesse meio tempo antes da eventual chegada desses jogos aos territórios do Oeste, a Squaresoft, como era chamada a Square Enix antes da fusão com a Enix, fez uma aposta ousada a levar as versões do primeiro PlayStation mundo afora, com SaGa Frontier e SaGa Frontier 2. Apesar da esperança da empresa, a série demorou a galgar espaço no mercado exterior, longe de ser considerada uma marca tão forte quanto Final Fantasy.

O longo caminho até aqui

Chegando aos dias de hoje, com a Square Enix de vento em popa e um cenário totalmente novo quanto aos videogames, temos enfim a oportunidade de aproveitar um dos melhores capítulos de SaGa em formato totalmente novo, como um remake para a geração atual de consoles e o computador. Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven é a versão repaginada do segundo jogo lançado para o Super Famicom (o Super Nintendo japonês). O jogo retém a jogabilidade cativante da era de ouro dos RPGs e se você não tomar cuidado, vai acabar apaixonado.

Nos anos longínquos de um mundo de fantasia muito distante, sete heróis surgiram para salvá-lo das forças do mal. Descidos dos céus, eles destruíram a ameaça que aterrorizou a todos e desde então, se tornaram lendas, e das lendas, mitos. Chegados os tempos atuais, os nomes deles já não são pronunciados com admiração, mas sim em forma de medo, pois se tornaram os vilões que tanto combateram. Cabe à família imperial dar um fim de fato a esses inimigos, mesmo que demore séculos para que isso ocorra!

Revenge of the Seven faz jus ao seu nome, sendo um verdadeiro romance em forma de jogo, pois, se o rápido resumo da história já não traiu, ele se passa no decorrer de muitos, mas muitos anos. No papel do imperador do reino, sua luta contra os heróis decaídos será a herança de seus descendentes, que ao serem coroados, herdam todas as memórias e habilidades de seus antepassados, tomando para si a missão de salvar o mundo. Mesmo que transcorrendo séculos, a estrutura geral do jogo se mantém a mesma, um RPG cheio de lugares para se visitar, níveis a conquistar e diversos desafios esperando por você.

As diferenças entre as duas séries são muitas!

Em termos bem gerais, a jogabilidade aqui lembra a de Final Fantasy: as batalhas são travadas em turnos e há opções de ataques físicos e mágicos, mas as semelhanças terminam quando tudo é contabilizado no final delas. Em SaGa, você não sobe de level com seus personagens. Ao invés disso, suas muitas habilidades é que evoluem, mas somente se você as usar durante as lutas. Isso significa que para ficar mais forte é necessário variedade e pensamento estratégico, o que confere a Romacing SaGa 2 um nível de profundidade enorme.

Isso porque é possível subir os mais diversos poderes e habilidades de armas para guardá-los em uma espécie de “baú hereditário”, que a cada mudança de geração no jogo, é sacudido e bagunçado, gerando novos lutadores para integrar a equipe do monarca apontado, para que então continuem a tradição para quem vier em seguida. Esse ritmo de jogo é único da série e se vê presente nesta nova versão. 

A cada renascimento, por assim dizer, as responsabilidades com seus territórios aumenta, já que ao avançar na história, novos pontos do crescente mapa do império rendem proveitos a serem usados no desenvolvimento de seu castelo e arredores, para armá-lo, por exemplo, ou oferecer mais magias a serem aprendidas pelo grupo. Essa corrida pelo poder segue numa velocidade constante no decorrer do jogo, com cada conquista trazendo aquela sensaçãozinha gostosa de conquista. Em especial, suas explorações e as decisões tomadas mostram-se de extrema importância, porque são elas que regem o rumo que classes de personagens são destravadas no decorrer da aventura. E confie em mim, você vai precisar delas!

Mesmo não podendo chamar Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven um jogo difícil, especialmente no nível de dificuldade padrão, é sempre preciso estar esperto, mantendo uma equipe bem equilibrada, preparada para tudo, porque os inimigos que você vai enfrentar contam com defesas e fraquezas das mais diferentes, obrigando você a experimentar bastante com a composição de sua turma. É muito legal ir descobrindo os macetes ao combinar as várias classes entre si, com fortíssimos ataques especiais sendo liberados a torto e direito.

Outro aspecto vital que você terá que aprender é a importância das formações. Basicamente, este RPG conta com o seu cuidado na hora de posicionar seus guerreiros no campo de batalha, havendo uma gama enorme de permutações para se descobrir e usar no momento oportuno. Elas servem tanto para acentuar os fortes e quanto para proteger os elos fracos de seu time e contam com o potencial de mudar o rumo das lutas mais complicadas do jogo a seu favor se usadas sabiamente, multiplicando exponencialmente o fator estratégico deste excelente RPG. 

O clássico vive aqui

Bem como os jogos da época em que foi lançado pela primeira vez, Romacing SaGa 2 traz novamente as peculiaridades que em tempos atuais não são sempre vistas em um RPG. Sim, há momentos em que você vai querer ficar andando de um lado ao outro de um calabouço para ganhar mais níveis, fazendo o famigerado grind, para então poder dar fim a um chefão, ou para liberar mais ataques, descobertos conforme os básicos são usados.

Há também outra questão que muitos podem se frustrar com o jogo: a repetição. Grande parte das missões se resumem em infiltrar um local para então lutar com um chefe, com uma tarefa, aqui e acolá, de coletar um certo número de ítens. É assim que a jornada da vez multiplica suas horas de jogo, bem como os jogos daquela época faziam, não há como negar. No entanto, ele o faz muito bem, com batalhas que te desafiam a ser criativo para sair vitorioso, o que para muitos já é suficiente para perdoar esse probleminha do jogo.

Em termos de apresentação, Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven é muito bonito. Um misto de anime e fantasia clássica, seus gráficos contam com modelos de personagens detalhados e um mundo bastante detalhado, com um sistema de iluminação realista. Nisso, ele lembra o que foi visto em Dragon Quest XI: Echoes of an Elusive Age na maneira que lida com sua paleta de cores, com tons mais contidos, menos saturados, mas não menos atraentes aos olhos. 

A mesma comparação pode ser traçada com relação ao som deste novo remake, com arranjos orquestrados emocionantes, mesmo que poucos, e interpretações de voz tanto em inglês quanto em japonês. Eu, pessoalmente, preferi jogar na língua original, mas segue o gosto do freguês aqui. Gostei muito do que ouvi e fiquei satisfeito com a quantidade de falas presentes no jogo em contraste ao texto corrido do diálogo com personagens terciários espalhados nas vilas que a gente visita.

Mas não fala nosso idioma 

Infelizmente, indo na contramão atual dos jogos da Square Enix, Romancing SaGa 2 não possui localização em nosso idioma, o que é uma pena, porque Final Fantasy XVI, em especial, trouxe uma tradução primorosa para seus fãs brasileiros, o que nos deixou na expectativa quanto ao que viria em seguida. Quem sabe em um lançamento futuro fora da série “galinha de ovos de ouro” da Square Enix? Até lá, ficamos com o que recebemos, um lindo relançamento, mesmo não em português.

De todo o resto, esse é um dos remakes mais interessantes a serem lançados nos últimos tempos. Para quem nunca sequer ouviu falar de SaGa e ficou de orelhinha em pé, esse novo lançamento da Square Enix vale muito a pena. Ele oferece uma excelente oportunidade de conhecer a franquia em um formato bastante amigável, com opções de dificuldade para todos os gostos e conteúdo de qualidade a ser devorado. A saga voltou e chegou para ficar. 

NOTA: 4,5 de 5

Ficha técnica:

Nome: Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven 

Desenvolvedora: Xeen

Publicadora: Square Enix

Gênero: RPG

Plataforma: PlayStation 4, PlayStation 5, Nintendo Switch e PC

Lançamento: 24 de outubro de 2024  

Agradecemos a assessoria da Square Enix no Brasil por ter nos enviado uma cópia do jogo para a produção desta matéria.

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