Nesta semana, chega aos cinemas Tesouro, um filme baseado em fatos reais que apresenta a emocionante jornada de um pai e sua filha na reconstrução de uma vida que a família teve antes da Segunda Guerra Mundial, na Polônia. Exibido nos festivais de Berlim e do Rio de Janeiro, o longa, dirigido por Julia von Heinz, oferece uma narrativa profundamente reconciliadora, com a qual qualquer família pode se identificar.
Protagonizado por Lena Dunham e Stephen Fry, o filme mistura drama e comédia para explorar um relacionamento genuíno, mesmo ao abordar temas sensíveis como o Holocausto. A história ressalta o quanto as relações humanas são universais.
Baseado no livro de Lily Brett, que narra a experiência de seus pais durante o Holocausto, Tesouro traz para as telonas a relação entre pai e filha, destacando como esses laços podem ser os mais preciosos do mundo.
A História
Conhecemos Ruth (Lena Dunham), uma jornalista nova-iorquina que visita a Polônia para se reconectar com suas origens. Vinda de uma família judaica, ela organiza uma viagem detalhada para redescobrir o passado de seus avós e pais, um ano após a morte de sua mãe. No entanto, sua relação com o excêntrico pai, Edek (Stephen Fry), torna a jornada imprevisível.
Divorciada aos 36 anos, Ruth sente-se perdida e não completamente adulta. Quando Edek desembarca, rejeita todos os planos dela, contratando um motorista em vez de usar os meios organizados por Ruth. Isso a frustra profundamente.
A primeira parada é em Łódź, cidade de onde os pais de Edek foram deportados para Auschwitz. Ruth visita a antiga fábrica dos avós e a casa deles, mas encontra um cenário muito diferente do que imaginava, repleto de mudanças que até seu pai tem dificuldade em reconhecer.
Tentando desesperadamente se conectar a um passado que nunca viveu, Ruth recolhe objetos da antiga fábrica e faz ofertas por utensílios da casa de sua família. Ela também visita o antigo lar de sua mãe, hoje transformado em um orfanato. Apesar de seus esforços, Edek frequentemente questiona o que ela realmente procura, algo que Ruth não consegue explicar em palavras.
Enquanto a viagem avança, Edek se mostra mais sociável, fazendo amizades, enquanto Ruth se irrita com as constantes alterações em seus planos. A tensão cresce até que ela finalmente explode.
O ponto de virada ocorre quando ambos visitam Auschwitz. Lá, Edek relembra memórias dolorosas, incluindo a separação de sua família. Esse momento vulnerável faz Ruth reconsiderar sua postura e tentar se reconectar com o pai, restaurando o vínculo entre eles.
Opinião
Tesouro apresenta uma relação sincera e tocante entre pai e filha, mostrando que histórias assim são atemporais. Apesar do tema sensível de revisitar lugares traumáticos, Lena Dunham e Stephen Fry trazem naturalidade e carisma aos seus papéis, tornando o filme ainda mais envolvente.
A direção de Julia von Heinz conduz a trama com sensibilidade, destacando como Edek, mesmo sendo um pai protetor, ainda vê Ruth como uma criança. Por outro lado, Ruth, divorciada e em busca de sua independência, enfrenta seus próprios conflitos internos enquanto tenta assumir o controle da viagem e da relação com o pai.
Passar por Auschwitz é, sem dúvida, um momento pesado e potencialmente desconfortável, especialmente para aqueles com histórias familiares relacionadas. Mesmo assim, o filme equilibra drama e comédia para expor as vulnerabilidades de seus personagens, seja na tentativa de Ruth de se conectar a um passado que não viveu, ou na luta de Edek para encarar um passado que preferia esquecer.
Falar sobre o Holocausto nunca é fácil, mas é necessário. Tesouro traz um recorte importante da história recente e emociona ao finalizar com imagens reais de pai e filha, cujas vidas inspiraram o filme. Esse detalhe torna a obra ainda mais impactante e uma ótima escolha para o público do cinema.
Nota: 4 de 5
Tesouro
Duração: 111 min
Direção: Julia von Heinz
Elenco: Stephen Fry, Lena Dunham, André Hennicke, Zbigniew Zamachowski
Gênero: Drama, Comédia
Países: EUA, Polônia, Alemanha, França, Bélgica, Hungria
Ano: 2024