O documentário Salão de Baile: This is Ballroom é o grande vencedor do 32º Festival Mix Brasil, recebendo o Coelho de Ouro, principal prêmio da competição. Esse reconhecimento não só consagra a obra como um marco na cinematografia brasileira, mas também celebra a chegada da cena ballroom ao grande público do país, com a estreia do primeiro longa-metragem documental sobre o movimento no Brasil.
O Filme e o Movimento Ballroom Carioca
Dirigido por Juru e Vitã, Salão de Baile: This is Ballroom explora a efervescente cena ballroom carioca, composta principalmente por pessoas negras e LGBTQIAPN+. A produção, que chega aos cinemas no dia 5 de dezembro, imerge em uma comunidade que resgata e reinventa a cultura ballroom nascida em Nova York na década de 1970.
Através de uma das “balls” fluminenses, o filme documenta não apenas competições de moda, dança e música, mas também celebrações de resistência, onde identidade, gênero e sexualidade se tornam campos de liberdade e expressão. No palco, os participantes, em sua maioria trans e negros, têm a oportunidade de se afirmar longe das opressões sociais e raciais.
A Celebração da Resistência e Identidade
Mais do que um retrato da cena ballroom, o filme é uma obra feita em conjunto com a própria comunidade. Como co-diretora e roteirista, Vitã explica: “A cena ballroom do Rio é talvez a mais radical e expressiva do underground fluminense. Em termos de enfrentamento e cultura, não há nada que se compare.” A produção, que reúne membros da cena ballroom tanto na frente quanto atrás das câmeras, oferece uma imersão visceral nesse universo, dando ao espectador uma visão autêntica da vida e das lutas dessa comunidade.
Juru, que também é parte ativa da cena, ressalta a importância de trazer o movimento para o próprio processo criativo: “A nossa escolha por incluir pessoas da ballroom na equipe fez com que construíssemos um retrato singular dessa cena, e acredito que isso tem sido reconhecido tanto pela crítica quanto pelos júris internacionais.”
Reconhecimento Internacional e Impacto Cultural
Desde sua estreia mundial no Festival Internacional de Documentários de Copenhagen (CPH:DOX), o filme tem sido aclamado em festivais ao redor do mundo, incluindo o Queer Porto, o Oslo/Fusion Festival e o Afrika Film Festival. No Brasil, Salão de Baile também colheu elogios, recebendo o Prêmio de Melhor Montagem e Menção Honrosa no Festival do Rio. Com prêmios como o Prêmio de Público no Queer Porto e Melhor Documentário no Oslo/Fusion Film Festival, a obra confirma sua relevância internacional.
O filme, que foi produzido pela Couro de Rato, uma produtora carioca comprometida com questões sociais e culturais, se destaca pela sua abordagem estética e simbólica única. A direção de arte, fotografia e montagem colaboram para criar uma imersão plena na energia da ballroom, resultando em uma experiência cinematográfica que pulsa junto à resistência e à celebração da cultura LGBTQIAPN+.
Uma Imersão nas Histórias de Vida e Resistência
Salão de Baile: This is Ballroom não é apenas uma janela para a cena ballroom carioca, mas um tributo ao poder de expressão, à luta pela liberdade e à potência das comunidades negras e LGBTQIAPN+. O filme celebra o poder de uma cultura que, embora marginalizada, é fundamental para compreender as dinâmicas de resistência e arte no Brasil contemporâneo.
Com 94 minutos de duração, o documentário se transforma em um testemunho vibrante da transformação que ocorre nos bailes cariocas. Os corpos que desfilam e as histórias que são contadas não apenas mostram uma subcultura, mas refletem o impacto profundo da ballroom na vida de cada participante e na construção de novas formas de identidade e pertencimento.
No contexto do cinema brasileiro, Salão de Baile: This is Ballroom se destaca por sua autenticidade, pela visibilidade que confere à cena LGBTQIAPN+ e pelo olhar sensível e comprometido de seus realizadores. Para o público, é mais do que um documentário: é uma celebração da resistência e da liberdade que floresce nas margens da sociedade.
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