Nesta quinta-feira, 21, “Todas as Estradas de Terra Têm Gosto de Sal”, novo lançamento da A24, estreia nos cinemas brasileiros. O filme de Raven Jackson, que tem um tom introspectivo e poético, traz uma história sensível de amadurecimento e conexão com a terra, explorando quatro décadas na vida de Mackenzie, uma mulher negra do Mississippi. Com uma estética única, que mistura silêncios profundos e sons ambientes, a obra desafia a narrativa convencional e promete imergir o espectador em uma experiência visceral.
Um Retrato Não Linear da Vida no Mississippi
A trama de “Todas as Estradas de Terra Têm Gosto de Sal” se desvia da cronologia tradicional ao apresentar a história de Mackenzie em uma sequência não-linear. Acompanhamos a protagonista ao longo de sua infância, adolescência e vida adulta, marcada por perdas, amores e escolhas que alteram o curso de sua jornada e da vida de sua irmã. Cada fase da personagem é vivida por uma atriz diferente, sendo interpretada por Mylee Shannon, Kaylee Nicole Johnson, Charleen McClure e Zainab Jah. Essa escolha reforça a ideia de que a vida é moldada por momentos, sem que uma única versão de si mesma consiga abarcar a complexidade da existência.
A Estética Visual e Sonora: A Terra Como Personagem
Filmado em 35mm, o longa traz uma fotografia que exibe a beleza natural do Mississippi de forma visceral. A paisagem se mistura com os sentimentos e momentos vividos por Mack, e a trilha sonora se torna uma parte fundamental da narrativa. Em vez de diálogos excessivos, o filme se comunica através de sons do cotidiano — o canto dos pássaros, o estalo do solo, o som de tempestades e os grilos. Como afirma a diretora, Raven Jackson, sua intenção era explorar a comunicação sem palavras, apostando na potência do corpo e dos gestos para transmitir emoções. A ausência de falas não é uma limitação, mas uma escolha artística para fortalecer as sensações e o impacto visual da obra.
A Força do Elenco: Rostos que Falam sem Dizer Nada
A escolha do elenco foi um dos maiores acertos do filme. Charleen McClure, que interpreta Mack adulta, é uma poeta e amiga pessoal de Jackson. Sua interpretação se destaca pela habilidade de expressar um vasto leque de sentimentos através de um olhar ou um gesto sutil. Para a diretora, a chave para construir essa personagem foi encontrar rostos que pudessem carregar a intensidade de décadas de vida sem depender de palavras. Esse mesmo olhar de Jackson está presente em todas as atrizes que interpretam Mack em diferentes fases de sua vida, todas com uma habilidade notável de transmitir profundidade emocional sem necessidade de muitos diálogos.
Uma Experiência Cinematográfica Imersiva
“Todas as Estradas de Terra Têm Gosto de Sal” é mais do que uma simples história de amadurecimento; é uma experiência sensorial que nos convida a mergulhar em um mundo onde a natureza e os sentimentos se entrelaçam. Cada sequência é uma chance para o espectador refletir sobre sua própria vida, sobre as mudanças e os momentos que definem quem somos. A obra foge das fórmulas convencionais de narrativa, oferecendo um retrato íntimo e profundo da jornada de sua protagonista e, ao mesmo tempo, fazendo com que o público olhe para dentro de si mesmo.
Todas as Estradas de Terra Têm Gosto de Sal
Distribuição: Pandora Filmes
Título: All Dirt Roads Taste of Salt
Direção e Roteiro: Raven Jackson
Música: Sasha Gordon, Victor Magro
Fotografia: Jomo Fray
Elenco: Mylee Shannon, Kaylee Nicole Johnson, Charleen McClure, Zainab Jah, Chris Chalk, Jayah Henry, Sheila Atim, Preston McDowell, Moses Ingram
Ano: 2023
Duração: 118 minutos
Gênero: Drama/Ficção
“Todas as Estradas de Terra Têm Gosto de Sal” chega aos cinemas nesta quinta-feira, oferecendo um vislumbre poético de uma vida, marcada por altos e baixos, que ecoa no coração de quem observa. A escolha de Jackson por um estilo narrativo imersivo e visual cria uma experiência cinematográfica única, onde cada cena é mais do que uma simples história — é uma conexão com a terra, com a vida e, principalmente, com as emoções humanas mais profundas.
